Ressuscita-me

Inspirado no Áudio

"Não sei de mais nada"

Marcos Lizardo

"Todas as coisas tem o seu mistério,

e a poesia é o mistério de todas as coisas."

Federico Garcia Lorca

Ressuscita-me

Penso que vejo anjos

Sorriem para mim

Fazem caretas e travessuras

Ingênuas criaturas

Crianças...

Meninos franzinos

Meninas de tranças

Entrelaçam asas e dançam entre si.

Não me despertem desse encanto

Quero aguar jardim celeste

Cultivar flores silvestres com regadores

D'água jorrando da fonte

Nascendo d'alma de mim.

Borboletas pousam em meu ombro frio

Quase congelado

A orquestra me aquece

Como ninguém nunca foi aquecido

Só dentro do ventre e logo depois de parido

Nos braços de Mãe, ainda pagão

Recebendo o sumo da primeira sugada.

Tão teu

Tão meu

Tão íntimo

Tão nosso

Quase sagrado.

Ninguém nunca foi tão amado

Com estonteante suavidade e leveza...

Sinfonia e orquestra em meus devaneios...

Espetáculo assistido pelo próprio ator

Quando alva bailarina nas pontas

Se queda ao som do "Lago dos Cisnes"!

A cortina de veludo vermelho, fecha

Abre-se aos ensurdecedores aplausos

Estrelas se confundem

Num único ato

E na pele da vida, a quase-dor da emoção

Fazendo ranhuras nos poros da pele

Arrepios...

Silêncio!...

Ouço estrelas e sussurro hipnotizado

Um dialeto de tribo indígena, desnudos!

Onde estou?

Serás Ceci e eu Peri?

Me deixe morrer em teus braços

Orando Ave-Maria!

Levá-me Senhor!

Me cobre com teu manto

Morro santo.

Desfaleço

Tênue fio de vida

A morte-viva da poesia

Ressuscita-me.

Tony Bahia

Tony Bahia
Enviado por Tony Bahia em 02/11/2012
Reeditado em 02/11/2012
Código do texto: T3965086
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