Errante [ com Derek Soares Castro ]

O meu corpo — nesta idade —

Sente o peso da existência;

Desmorona em tal saudade

Nos escombros da falência.

Tal como a árvore n'outono

Que transpôs das suas eras;

Sou um tronco posto em sono,

Que não crê nas primaveras!

Como um pássaro perdido

Das canduras de seu ninho;

Sinto o peito meu ardido

Ao notar que estou sozinho.

Na minh'alma só restaram

Solitudes e dolências;

Os meus anos se turvaram...

Foram céleres fulgências!...

Vacilantes são meus passos

Como as velas quando ao vento

Bruxuleiam os espasmos

Do meu triste pensamento.

Ao cansaço e à decadência,

Eis-me errante em meu fadário;

Sigo a errar pela vivência

Sempre lasso e solitário.

Longos anos nas estradas

Da existência sem valor;

— Esperanças? — são finadas

Mariposas do terror.

E eu, que dantes tão jovial,

Só aguardava assaz ventura,

Nessa estrada existencial...

Só me aguarda a sepultura!

Derek S. Castro, Nestório da Santa Cruz

Dezembro de 2013

Nestório - 1ª, 3ª, 5ª, 7ª estrofes

Derek - 2ª, 4ª, 6ª, 8ª estrofes