Popularizada

Convoco-me a improvisar

Quando nem dá pra caçar

Rima boa de enfeitar

Mas sempre sendo 'cação'

Parto pra improvisação

E o que a memória tiver

Serviu vai, dê no que der

Nos oito pés do quadrão

Não muito aí pra estilística

Só uma característica

Existe, embora simplística

Da qual jamais abro mão

É deixar que o coração

Dite-me o que bem quiser

Que já passo a obedecer

Nos oito pés do quadrão

Pois então parti compor

Sem "isso" assim de temor

Nem gozo intenso nem dor

Em minha iniciação

Os resultados dirão

Se acertei, se errei mais quê?

Só quero encontrar você

Nos oito pés do quadrão

Quem desses versos souber

Homem, criança, mulher

Pode aqui mesmo dizer

Se gosta deles ou não

Pois é, toda opinião

Vale igualzinho e eu acato

A quem vier não destrato

Nos oito pés do quadrão

Nesse jeitão construido

Por um povo tão sofrido

Venho expressar-me, imbuído

Da anônima criação

De dizer faço questão

Ao povo, neste momento

Sou todo agradecimento

Nos oito pés do quadrão

Quem pensar que sou burguês

Por descuido meu, talvez

Vá sabendo de uma vez

Que burguês nunca fui não

De nascença e desde então

Sempre fui povão, proleta

Raiz, e hoje até poeta

Nos oito pés do quadrão

Como diz velho ditado

Frequentemente lembrado

Come cru todo apressado

Que nunca espera senão

A pronta satisfação

Mas, claro, não há perigo

De isso acontecer comigo

Nos oito pés do quadrão

De vagar e sempre, eu

Fígado de prometeu

Mundo da lua, esse meu

Redondilhado e há tensão

E ainda vem mais refrão

Consabido, com certeza

Que guardei pra sobremesa

Nos oito pés do quadrão

João Esteves
Enviado por João Esteves em 23/06/2022
Código do texto: T7544397
Classificação de conteúdo: seguro