Autoridade, burocracia e ética segundo Weber

Resenha: Autoridade, burocracia e ética segundo Weber

Autoria: Liana Márcia Costa Vieira Marinho

Três interessantes abordagens foram feitas por Max Weber, um alemão formado em Direito, que dedicou-se ao estudo do desenvolvimento histórico das organizações. Uma foi sobre as estruturas de autoridade; outra, sobre a burocracia; e a outra foi sobre a ética.

Diz-se que a principal contribuição de Weber foi a teoria sobre as estruturas de autoridade, a qual categoriza as organizações em termos das relações de autoridade predominantes. Ele descreveu o “poder” como a habilidade de forçar alguém a obedecer a uma ordem a despeito de resistência e “autoridade” quando os comandos são voluntariamente obedecidos por aqueles que os recebem. Lógico que os subordinados legitimam o papel diretivo quando baseado em autoridade. Ele citou três tipos principais: a autoridade carismática, a autoridade tradicional e a racional-legal.

A autoridade carismática baseia-se nas características individuais do líder, os comandos em sua inspiração, o que a torna instável. A autoridade tradicional baseia-se na precedência e no uso, os líderes adquirem a autoridade por herança e os procedimentos são justificados no costume e na repetição. A autoridade racional-legal baseia-se um sistema de regras e procedimentos estruturados em cargos e funções concebidos para se atingir determinados objetivos, que é livre dos do líder e dos procedimentos tradicionais. Essa forma de organização é justamente a “burocracia”.

A burocracia, que nos dicionários modernos é tida como “a classe de funcionários públicos”, “tramitação demorada de papéis nas repartições públicas”, para Weber era justamente o inverso, refletia algo muito eficiente. Para ele, a burocracia era algo que maximizava a precisão, a velocidade, a clareza, conhecimento dos arquivos, continuidade, unidade, subordinação rigorosa, redução de atrito e custos de material e pessoal.

A burocracia de Weber mostrou outra característica (ou seria melhor determinada como uma conseqüência?): a despersonalização. Esta é fundamentada à medida que as regras e informações escritas mostram um modelo racional, gerando segurança e integridade dos registros. Não mais o carisma do líder, não mais os costumes da organização. Agora prevalecem as regras “documentadas” baseadas no passado, buscando o melhor resultados, otimizando recursos e, principalmente, permitindo uma previsão para o futuro.

A outra abordagem interessante foi em relação à ética. Ele colocou que toda atividade tida como ética pode ser subordinada segundo a ética da responsabilidade ou segundo a ética da convicção. Para ele a ética da convicção busca inspiração, autoridade e legitimidade no passado; já a ética da responsabilidade, legitima-se e se orienta para o futuro. O que difere uma da outra é que a ética da responsabilidade induz o ser humano às conseqüências e responsabilidades futuras dos seus atos e não simplesmente culpar ou esperar o “divino”.

Cita-se Weber como o “pai da burocracia” quando ele mostrou a estrutura da autoridade (carisma, tradicional e racional-legal). Pergunta-se: não poderá ser a ele atribuído o início do pensamento sobre “Responsabilidade Social Empresarial”?

A Responsabilidade Social Empresarial é uma maneira de gerir uma empresa, estando voltado para questões não somente econômicas, mas também, sociais. Não há como falar de RSE, sem falar de ética.

A filosofia da RSE, largamente discutida atualmente, está em conformidade com o conceito da ética da responsabilidade preconizada por Weber.

Referência Bibliográficas

FURTADO,Raquel Alves; PENA, Roberto Patrus Mundim. Responsabilidade social empresarial com público interno: a percepção dos empregados da Promon. In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO-ENANPAD-ENANPAD,XXX,2006, Salvador -BA. Anais... Salvador: ANPAD,2006, I CD ROM

PONCHIROLLI,Osmar;LIMA,José Edmilson de Souza. Ética empresarial. In: MENDES, Judas Tadeu Grassi(ORG.) Gestão do capital humano.Coleção Gestão Empresarial, v.5.,p.57-69.Curitiba:Gazeta do Povo, 2002

PUGH, D.; HICKSON, D. Os teóricos das Organizações. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004.