Sexualidade: CICLOS DA VIDA

“CICLOS DA VIDA”

Nascemos, ano zero. Presos na fase oral, a mãe e o peito são um só. Único meio de vida, suprimento exclusivo. Se começamos logo cedo na mamadeira, ou não temos o carinho materno, fixamo-nos na fase oral. Geralmente fumamos na idade adulta. Somos pessoas ansiosas. Chupando do cigarro aquilo que não nos foi dado. Até os sete anos estamos aprendendo quem somos. Já aos 03 sabermos quem é homem e quem é mulher. A personalidade se define aos 7. Os meninos odeiam as meninas e vice-versa. O indivíduo já tem domínio sobre seu corpo e sabe o que pode lhe dar prazer.

Dos oito aos quatorze a fase é decisiva. Exagerado crescimento físico. As meninas desenvolvem primeiro os seus caracteres sexuais secundários, têm peitinho e curvas. Mas só querem os garotos mais velhos ( que revolta da moçada ! ) . A maturidade feminina é gritante. Que merda, dizem eles. Momento da experimentação. Do famoso “ficar”. Para os pais desavisados, ficar é apenas ficar, só. Sacou? Exemplo: - Naquela festa eu fiquei com 03, mas namorar sério só com 15 anos... O diferencial é marcado pelo grupo. Quem é enturmado está com tudo. Um professor fala, pouca importância. Um pai diz, menos ainda. Mas se o melhor amigo “bate um lero”, é coisa importante. De rocha. Se forem desportistas, mais felizes, mais soltos, têm objetivos. Primeiro beijo é nessa hora. Primeira relação ... Nem sempre... Se são muito magros ficam loucos pra malhar na academia, se gordinhas; ser isolam. Ou então tornam-se amigas e engraçadas, andam com as mais gatas para pegarem as sobras ... Masturbação prática universal nos homens e 50% ou mais – e crescendo – nas mulheres.

Meu Deus, dos 15 aos 21 o bicho pega! Tantas modificações... Inseridos em uma sociedade extremamente competitiva, obrigados a passar no vestibular. Namorando legal. Primeira relação. Sexarca, pros sexólogos. Ainda de importância vital na mulherada e deveras preocupante nos “boys”. Deve ser uma coisa solta, leve, e paulatina. Um aprendizado. Nada de forçar a barra. Sem querer dar “provas de amor” ou no caso deles, não precisa pagar alguém. Uns trabalham, outros estudam, a maioria quer mesmo é curtir! O perigo maior é a gestação indesejável e as doenças sexualmente transmissíveis. Viva a camisinha! Aqui é paixão.

Considerada o início da idade adulta por excelência, entre os 21 e os 28 ocorrerão o que chamamos de solidificação do indivíduo. Escolhemos o parceiro ideal e mantemos um relacionamento prolongado. Alguns casam e outros não. Filhos aparecem. Inserção no mercado de trabalho. Perda dos “brinquedos”, da alegria de viver. Sexualmente feliz esse ser parece poder vencer a tudo e a todos. Se insatisfeito, advém as depressões e as fugas. Drogas, brigas com familiares, viradas de mesa. Loucuras em geral. O mundo exterior cresce exponencialmente. Viajar, novas pessoas fora do seu esquema tradicional ( amigos e família ) . Agora geralmente surge o grande amor.

Saltamos até os 35a , primeira parada para reflexão. Se formei, estarei satisfeita com a profissão? Se casei , era essa a mulher que sonhei? E meus filhos? Estou criando bem? Vou trabalhar bastante para ganhar dinheiro. Erro mortal. Quem se ausenta, o Ricardão se apresenta. Plenitude sexual feminina. “- Vale tudo , vale o que vier ... – Tim Maia.” Solteiros estão em alta. Mas correm o risco do medo da entrega, então fixam-se apenas em superficialidades. Relações-relâmpago. Se a mulher é bem sucedida, mas difícil de encontrar alguém ( vide Ed Mota ... “- encontrar alguém ... que me dê amor ...” ) .

Sei que a maioria dos leitores irão parar de ler à partir dos 35 até os 42 anos. Mas quem está nessa faixa etária, avidamente irá devorar este parágrafo. Completamente perdida ou estável e firme. Balançando entre o estado Zen e o emputecimento global. Se mal casado, o pavor da separação iminente e a constatação da falha. Perdas e perdas. A vida pode também se manter serena. Serena até demais. Sem viagens, sem boates, sem romance! Onde está aquele cara atrevido e safado que escolhi? Onde foi parar aquela mulher engraçada legal que me juntei? Filhos pré-adolescentes, choque de valores. Será que ela vai dar pro primeiro carinha bonitinho? Será que ele vai ganhar todas? O outro lado da moeda é o casal-modelo. Raro, bem conhecemos. São fortes, bonitos e saudáveis. Rindo à toa. Curtindo a vida. Sem muita grana, mas disposição a 1000 ! Vamos atrás da fórmula desse pessoal ...

Se você tinha que ser alguém ou construir algo, a hora chegou. A maturidade absoluta. Vida recomeçando. Sem medo de ser feliz. Completo os 43 anos de idade e indo bater na casa dos 49, quase chegando a meia década. Época sublime. Vendo com tranquilidade o crescimento dos filhos. Próximo à eles, sempre. Olhe pra trás e veja o quanto você já foi bobo. O quanto já deu rata. Não deixe isso ocorrer novamente. Homem – se está sem apoio - cai em crise e deseja conquistar, ser desejado. A mulher bem mais segura, tenta assumir um papel de farol da casa. A estrela-guia. Se não há respaldo emocional, ou mesmo financeiro. Separação. Dessa vez sem traumas. Cada um por seu lado. Talvez amigos, quem sabe, um dia? Agora, se a coisa está boa. As amarras da inibição já eram. Esta mulher viro o bicho. Ela fica possuída. Ama muito e exige a troca. Segura a onda quarentão !

É, 50 aos 56 ... Difícil, né? Parece meio coroa... Cabelo branco inevitável à todos, perda da força muscular em ambos. Paz para quem foi somando experiências boas ao longo da estrada. Depressão para o resto. Síndrome do ninho vazio. Os filho voam para outras casas, para os estudos, para as namoradas. O maridão meio isolado, na TV ou no trabalho... Acúmulo de bens. Mas de que adianta a mufunfa se não tem equilíbrio? Lembrem-se : - um adolescente-problema é igual a um adulto frustrado. E se a mulher não se valorizou como pessoa? Se pegou o papel de mãe e se aferrou nele? Seguirá a triste sina da tríade dos homens mais importantes de sua vida atual: personal trainer ( academia ), cirurgião plástico ( reformas gerais ) e advogado ( separação ) . Tentando buscar uma compensação exterior naquilo que falta, o interior. Amantes são sempre caras. Quanto mais jovens, pior. Burras e gostosas. Seu poder é ilusório. Sente-se rei com elas e ridículo perante os olhos de toda sociedade. Triste papel.

E agora José? Diria Drummond. A festa acabou, todo mundo partiu. Você está com 57 e vai até os 63 ª. Netos serão sua alegria. Talvez até um meio de se reaproximar dos filhos. Se os criou mal, o ditado popular é taxativo: - Pai rico, filho nobre e neto pobre. Se orientou bem, maravilha. Pode gozar a vida. Viajando, saindo, cinema, trabalhando com afinco, por que não ? A relação sexual continua, bem sei. Qualidade impera versus a quantidade. O melhor investimento de um casal são os filhos bem educados. Eles darão conta de vocês na velhice. Aposentadoria é bobagem, rendas, também. Quem passa dos 60 quer é carinho e atenção. E saúde. Saúde para o membro ficar de pé e a vagina lubrificar jóia. E viva o Viagra e derivados ! E viva a TRH ( terapia de reposição hormonal ) !

Irei para por aqui. Se alguém passar os olhos nesse parágrafo e já estiver passado dos 70 anos, me telefona. Quero saber o segredo! Na cultura oriental este nível está bem acima do restante. Daí pra frente estarão os sábios, os líderes, os mais experientes, enfim. Nosso pobre ocidente, coitado. Relega pra escanteio a terceira idade. Crime horrendo. Sentados lá no alto do conhecimento do mundo e suas voltas, devem ser ouvidos. Sempre. Correndo contra a inevitável morte, dos 64 em diante; faça planos. Longos. Ame de maneira absoluta, ou seja: sem interesses. Se perder o bem amado, esforço para recuperar-se será tremendo. Metade sua foi-se. Se você já está do meio-dia pra tarde, por que não apreciar o pôr-do-sol? Somente os de grande vivência sentem que o mistério da felicidade está nas pequeninas coisas ... Segunda parada para reflexão. Calma. Estando com saúde você pode afirmar que recebeu o que a vida tem de melhor. Seja condescendente com si mesmo. Não dê moral pros outros. Vai viver, cara!

JB Alencastro

Obs.: aceito reclamações de quem tem mais de 70 anos, e enviarei o texto restante, até os 98 anos. A décima quarta casa da vida ...