Resenha Critica do livro “O Pequeno Príncipe”

Escrito e ilustrado por Saint-Exupery (que se fez o narrador da historia), o Pequeno Príncipe começa com a pane de um pequeno avião que deixa o piloto preso no meio do deserto do Saara. Como não tinha passageiro algum com ele empreendeu sozinho o papel de mecânico no difícil conserto do motor. Após a primeira noite adormeceu nas areias do deserto, e foi acordado por uma criança que lhe pede: “Desenha-me um carneiro”.

É ai que começa o relato das fantasia e sonhos de uma criança como todas as outras, que questiona as coisas mais simples da vida com pureza e ingenuidade.

Apresenta personagens plenos de simbolismo: o rei (que pensava que todos eram seus súditos e não tinha ninguém por perto), o contador (que se dizia muito serio mais não tinha tempo para sonhar), o geógrafo (que se dizia sábio mais não sabia nada da geografia do próprio país), o bêbado (que bebia para esquecer a vergonha que sentia por beber), a raposa, a rosa e a serpente.

O Pequeno Príncipe vivia sozinho num planeta do tamanho de uma casa que tinha três vulcões. O orgulho da rosa, que também vivia no planeta do Pequeno Príncipe, arruinou a tranqüilidade e o levou a uma viagem que o trouxe finalmente a Terra, onde encontrou a raposa que o levou a começar a descobrir o que é realmente importante na vida – o amor, a amizade e o companheirismo. Assim, cada personagem mostra o quanto às “pessoas grandes” se preocupam com coisas inúteis e não dão o devido valor às coisas. Isso tudo pode ser traduzido por uma frase da raposa, personagem que ensina ao menino de cabelos dourados o segredo da amizade:

“Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”.

Antonie Jean Baptiste Marie Roger de Saint-Exupery, foi um escritor de grande sensibilidade, com uma delicada preocupação com o sentido do humano e da existência. Em uma narrativa poética, vai elaborando sua visão de mundo e mergulha no próprio inconsciente, em uma obra aparentemente simples, mais apenas aparentemente. O livro devolve a cada um o mistério escondido em nossa alma. De repente retornamos aos nossos sonhos infantis e reaparece a lembrança de questionamentos acomodados, quase já imperceptíveis na pressa do dia a dia. Voltam ao coração escondidas recordações. Um reencontro pessoal com a criança que nos habita.

É uma obra que nos mostra uma profunda mudança de valores, que ensina como nos equivocamos na avaliação das coisas e das pessoas que nos rodeiam e como esses julgamentos nos levam a solidão. Nós nos entregamos a nossas preocupações diárias e esquecemos a criança que fomos. Pelas mãos desse menino o leitor recupera a meninice, abrindo uma brecha no tempo. Voltamos a sentir o perfume de uma estrela e a ouvir a voz de uma flor... Com ele reconquistamos a tranqüilidade e a liberdade, deixando alojar se pela beleza, apossar-se a pouco da sabedoria e do discernimento do que seja essencial. O Pequeno Príncipe é enigmático, profundo, escrito de uma forma metafórica.

Há obras que de alguma forma são capazes de transformar o leitor. Esta é uma delas, que transmite uma experiência muito particular. Uma historia bonita que traz ensinamentos sobre amizade e companheirismo:

“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”.

Este não é um livro para criança como a maioria das pessoas pensa, é um livro que traz a mensagem da infância. A criança que esta guardada no nosso coração e na qual reconhece nossos olhos, nosso sorriso, nossa alma... É o mundo onde vivemos e o qual podemos mudar. Se não o quisermos compreender e não nos interessarmos pelas palavras de Saint-Exupery, fica uma das sentenças do Príncipe:

“Tu não és um homem de verdade. Tu não passas de um cogumelo.”