FATÍDICA NOTÍCIA
É cedo ainda, nesta manhã de quase nada! E eis que se me aproxima uma simples mulher que carrega entre seus braços uma criança em tenra idade. Traz consigo a deficiência facial que quando a olhamos não lhe sabemos fazer distinção da boca e as narinas.
A mãe, mulher da roça, sofrida e que estampa nos contornos de sua face, as marcas do abandono e do descaso, vem em busca do direito que julga adquirido. Seus olhos brilham na ânsia da percepção de um direito previdenciário que lhe disseram ser garantido.
Ante sua solicitação, lanço-me à consultar informações e buscas a fontes oficiais no intuito de que possa amainar os sofrimentos daquela jovem senhora e aplacar seu anelo.
Uma, duas, e na terceira consulta consigo encontrar a resposta desumana que algum burocrata de plantão nos órgãos oficiais, teima em desumanizar aquilo que é mais que humano o que é revestido de uma sacralidade inconteste, o direito das crianças.
Imagino a terra onde vivemos. Penso na terra aonde queremos chegar e me pergunto, nesta Terra onde jorram leite e mel, para os que são bem aquinhoados e outros com menos quinhão, e neste meio, a mulher jovem com seu filhinho de colo, lactante, a bradar por um direito que talvez nem venha a ter...
E nos estertores de fim de ano busco uma boa notícia, daquelas que minorem o sofrimento. Sofro junto na iminência de uma má notícia para aquela jovem senhora. Já sei que os órgãos governamentais não tratam bem o povo simples, especificamente os pobres, daí a minha angústia.
De repente me torno mensageiro de uma notícia em nada alvissareira. A jovem senhora é julgada indigna ao benefício previdenciário, de um salário para sua maternidade e quando alimentaria seu filhinho a partir daquilo que recebesse.
Neste momento dois sentimentos afloram e se misturam. Um o olhar triste e de decepção meu e da mulher. No seu rosto se escorrem lágrimas de amargura e eu a me indignar e a voz se me embarga na garganta ante tamanha injustiça e vileza daqueles que não sabem ou não querem distinguir o certo do errado.
Ah! Como teria sido melhor ser o mensageiro da esperança de dias melhores ou menos fatídicos. Contudo, tive que ser arauto de uma notícia que me corroeu o coração ante a negativa do direito sagrado de sobrevivência num país de poucos com muito e muitos sem nada.