LINGUAGEM E LÍNGUA: fala e escrita

Sueli de Fátima Alexandre

Desde que o ser humano se tornou um ser social, ainda no Jardim do Édem, de acordo com o mito bíblico, surgiu a necessidade da linguagem para a comunicação entre si. Dentre as várias formas de linguagem a de maior relevância é a língua, que ocorre na forma oral e escrita. Assim, tanto a linguagem quanto língua, são fatores primordiais para a sobrevivência do ser humano, é com ela, e por meio dela que ocorre a comunicação e a interação entre si.

1. Linguagem

A linguagem humana se iniciou a partir da necessidade de interpretar o mundo, de compreender a realidade e a experiência de vida na Terra. Portanto, a linguagem é uma atividade humana por excelência, cujo principal objetivo é expressar significados, tornando a comunicação empírica.

De acordo com Fiorin (2003, p. 14) o conceito de linguagem proposto pelo linguista Saussure, é o heteróclito e multifacetado, ou seja, a linguagem “abrange vários domínios; é ao mesmo tempo física, fisiológica e psíquica;” pertencendo “ao domínio individual e social; [...]”. Para Geraldi (2001) a linguagem é constituída por três concepções: a) a expressão do pensamento; b) instrumento de comunicação; c) forma de interação entre os indivíduos. Assim, para melhor estudar e compreender esse fenômeno, que é a comunicação, Saussure toma a língua como objeto particular, por considerá-la a parte mais significativa, no que diz respeito à comunicação entre os humanos.

2. A língua

A língua é o meio de comunicação mais prático e significativo que existe entre os homens. É por meio dela que se expõe para o meio social as ideologias e anseios de uma sociedade em particular ou da sociedade como um todo.

Segundo Martin (2003, p. 54) ao comentar sobre a concepção saussuriana de língua, diz que para Saussure “a língua é um sistema inscrito na memória comum, que permite produzir e compreender a infinidade dos enunciados.” Assim, para Saussure a língua não é abstrata, é concreta e um fato social, que ocorre no campo verbal: fala e escrita.

A língua se manifesta na forma escrita e oral ou falada, sendo a escrita a forma mais significativa de registrar os fatos que marcam a vida do ser humano no decorrer da história. Por meio dela é possível tornar conhecido não só os anseios e ideologias de uma sociedade, como também permitem verificar as mudanças de grafia e significados que ocorrem na língua de um período histórico para outro. Vale lembrar que a escrita não é mera reprodução gráfica da língua oral, assim como as suas formas de articulação e de veiculação são diferentes, também o são as situações em que se realiza, a começar pela oposição entre presença e ausência do interlocutor. Por isso precisa seguir os padrões normativos determinados pelos gramáticos, pois devido à ausência física do leitor, a frase precisa apresentar uma estrutura gramatical mais rigorosamente organizada, contínua e completa, bastando o texto a si mesmo, ou seja, ele deve dizer por si mesmo o que o autor quer expressar. No que diz respeito à língua falada ou oral, é a mais usada na comunicação entre as pessoas, não exige normas, a não ser em lugares específicos como empresas, programas midiáticos, etc. Fora disso, a língua falada, devido à presença dos interlocutores, tem seu sistema de frase mais solto e espontâneo, podendo sofrer contínuas interrupções e suspensões, se valendo da expressão gestual e da força expressiva da voz.

Quando se trata de experiência social e cotidiana, a comunicação verbal está no pódio, aprendê-la é aprender não somente palavras e saber combiná-las em expressões complexas, mas apreender pragmaticamente seus significados culturais e, com eles, os modos pelos quais as pessoas entendem e interpretam a realidade e a si mesmas. Desse modo, por ser um fato social, a língua está em constante processo de evolução, se constituindo, de acordo com Valente (1999, p. 13), como “patamar da história, sistema de signos por meio do qual se pronunciam o presente, o passado e o futuro, a história e a geografia, as tradições, as premonições, os santos e os heróis, as façanhas, os monumentos e as ruínas”. Assim, conhecer a linguagem e suas modalidades, por meio de leituras e pesquisas, bem como suas transformações, é fator primordial para tomar conhecimento do por que das transformações que ocorrem de um período para outro.

REFERÊNCIAS

BRASIL, MEC-SECTEC. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: MECSECTEC, 1999.

FIORIN, José Luís. (Org.) Introdução á Linguística. 2 ed. São Paulo: Contexto, 2003.

GERALDI, João Wanderley (Org.). O texto na sala de aula. São Paulo: Ática, 2001.

MARTIN, Robert. Para entender a linguística: epistemologia elementar de uma disciplina. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.

VALENTE, André. (Org.) Aulas de Português: perspectivas inovadoras. 3 ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1999.