A arte de ser feliz

(UMA RELEITURA DO TEXTO DE CECÍLIA MEIRELES)

Minha janela se abre para uma cidade que parece ser feita de

despropósito.Aqui bem pertinho há um canteiro ressequido

onde as flores já não surgem como autrora.

O homem que as regavam sumiu,tomou destino incerto.

A negritude do ar assola empreguinando o caule das

plantinhas, mudando o rumo da sua conduta produtiva

e diminuindo drasticamente o seu ciclo vital.

Os pássaros não gorjeiam,cantam tristemente

a saudade de tempos alegres e fartos.

O orvalho da manhã não caiu e a natureza muge sua tristeza...

O meu rio cristalino perdeu seus cardumes,hoje depósito de

entulho e esgoto.Meu pé de laranja lima azedou.

As borboletas alteraram a suas cores.O sol ficou bravo

esquentando em demasia tudo que debaixo dele transita.

O aroma do meu pé de jasmin apagou...o cio da bicharada

já não mais segue os ditames da lua,porque

a lua despistou suas fases.

Maio deixou de ser o mês do amor!

As vezes nem tenho vontade de abrir minha janela.

Meu jasmineiro não flore a anos...

As crianças que vão para a escola carregam nas costas

um fardo de quinquilharias.Os pardais disputam um

lugarzinho fresco debaixo do meu telhado.As borboletas

não transitam duas a duas porque o ar não mais a espelham.

O galo lamuria um canto agudo e triste.

Vários aviões passam...

Mas quando falo dessas catástrofes certas de que estão

diante de cada janela, uns dizem que elas não existem,

outros dizem que so´existem diante de minha janela,

e outros dizem finalmente que é preciso aprender a olhar

para poder vê-las assim.

A única coisa que quero é ver como Cecilia Meireles,

a felicidade diante de minha janela.

(FRANMELLO)

"A arte de ser feliz" (TEXTO NA ÍNTEGRA)

Houve um tempo em que minha janela se abria

sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.

Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.

Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,

e o jardim parecia morto.

Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde,

e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de

água sobre as plantas.

Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual,

para que o jardim não morresse.

E eu olhava para as plantas, para o homem,

para as gotas de água que caíam de seus

dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.

Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.

Outras vezes encontro nuvens espessas.

Avisto crianças que vão para a escola.

Pardais que pulam pelo muro.

Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.

Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.

Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.

Ás vezes, um galo canta.

Às vezes, um avião passa.

Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.

E eu me sinto completamente feliz.

Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,

que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,

finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

(Cecília Meireles)

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11/08/2010 17:56 - Pedrinho Goltara

Você avista no rio Ubá

Um bôto todo enlameado

E ninguém tá querendo "cuidá"

Não sabem que é encantado

a visão de algum trovador

le é um boto namorador

Homens querem vê-lo capado!

Rsrsrs... beijos fraternos, minha amiga.

Para o texto: A arte de ser feliz (T2430648)

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