A poesia herética de Alan Rigo

O jovem poeta Alan Rigo é uma dessas pessoas que inspiram confiança. Mais: seus olhos azuis e sua aura luminosa parecem atestar a autenticidade de sua descendência celestial. Naturalmente, como poeta, em seu impresso O olho, poemas e psicodelismos, além de reverenciar a fase psicodélico-alucinógena que fundamentou todas as libertárias expressões da cultura hippie (da qual parece ser um neo-representante), ele presta sua homenagem aos olhos como as janelas por onde se manifestam as brisas da alma; e ao olhar, cuja força de penetração pode fertilizar o coração de virgens estéreis.

Como se já não bastassem os olhos azuis e seu gosto pela Poesia (que tanto encantam à Lua, e outras mulheres), seu sorriso claro e seus cabelos louros lhe dão um ar de anjo barroco, desses que imaginamos houvera despencado das nuvens em busca de proteger um pobre mortal encurralado pelo Medo e pela Violência nalguma esquina da terra prometida. Ao vê-lo entre os transeuntes, procuro onde escondeu suas asas de plumas luminosas. Sem que ainda tenham lido sequer uma frase de suas heréticas poesias, contudo, crentes fervorosas – principalmente castas beatas, momentânea e inexplicavelmente tentadas a dar-lhe o que desejar – dirão que ele é inegável expressão do maligno: embora tão sedutor, tão belo, por trás de sua maquiagem de músculos, olhares, sorrisos, abraços e perfumes subitamente haverão de elevar-se de suas costas um par d’asas negras, de vértebras pontiagudas, e de suas axilas o bafo fétido do demônio.

Abertas como se sobre o dorso de um pavão negro, veremo-las como as duas grandes asas de morcego das bestas, salpicadas pela fuligem das tempestades e pelas cinzas dos mortos, produtos dos gases gelados do Inferno.

Mesmo se um anjo caído das iluminuras estelares do Altíssimo (como, aliás, a maioria de nós), Alan às vezes também nos dá a impressão de que continua aquela mesma criança feliz cuja mãe, provavelmente, como a maioria, superprotetora, quer ainda saber o que tem feito seu anjinho a administração de sua felicidade aqui em terra. E é através da poesia O que tens feito? (resposta à mama) que ele lhe diz:

Tenho conhecido pessoas, / andando a toa / vendendo livros, / reverberando narciso / nas ruas dessa vida boa, / bebendo a juventude que se escoa / no ralo das horas de mais um dia. / Tenho exaltado o riso, o bom siso, a alegria, / tenho apenas o agora como patroa. / Assusto os futuristas, incomodo seus planos, / cuspo nos tiranos hipocritamente idealistas; / abraço e amo os artistas. / Assim, passo meus anos. / E, um dia, / verei a morte fria / levar meu corpo insano.

Se você recebeu seu impresso, é assim que começará sua aventura pelos campos férteis da Terra e do céu, levado pela poesia de Alan Rigo, às vezes como se sob a abóbada escuro-cintilante do manto de Lúcifer.

Felizmente não padecemos mais dos excessos perversos das influências de nenhuma “Santa” Inquisição e, portanto, não veremos o corpo de Alan Rigo empalado e incendiado em alguma esquina da cidade por causa de suas heresias. Felizmente, é num momento dos anos primeiros do século XXI d.C. que o reencontro no meio de outros tantos anjos e demônios encarnados ao experimento dos prazeres de estarem vivos, sujeitos a todos os tipos de tentações e tentativas de sobrevivência sobre a Terra a caminho do céu – mais precisamente entre os participantes do último X FENARTE, que se espalharam pela praça do Espaço Cultural em busca das muitas atrações da décima edição do Festival Nacional de Arte de João Pessoa, onde acontecem encontros entre velhos e novos amigos admiradores e artistas.

É entre eles que Alan me dá um de seus impressos, onde, além de pequenas pinturas à mão, com seus poemas ele anda a pretender expressar sua particular visão do mundo à percepção e expressão das Forças fundamentais, vivas, dominantes, determinantes, da organização da Vida de tudo.

Resolvi escrever sobre as poesias de Alan Rigo quando vi que uma pessoa, depois de se recusar a passar da primeira de suas muitas “heresias”, as considerou nada mais que “lixo” – provavelmente, como velhas beatas, temente às insatisfações divinas e Seus castigos, ressentida pelo desrespeito despudorado que, em seus poemas, nosso jovem poeta, então “maldito”, confere a idéia que a maioria tem de um Deus-Pai-todo-poderoso, criador do Céu e da Terra, aqui e ali a nos recompensar por nossas irrisórias boas ações ou a punir-nos por ofensas que temos infringido àqueles que, depois, também nos ofenderão.

Na verdade, sou como um personagem de Caetano Veloso numa das músicas de seu excelente Estrangeiro: “... um músico João que não gosta de Poesia”. Ou melhor, que não gosta da maioria daqueles escritos os quais, hoje, muitos consideram “poemas” – mesmo que, a considerar a fase romântica de outrora, já não rimem e não versem sobre as angústias de um pobre coração enamorado. Porque também é preciso sentir como Chagas Correia, um de nossos poetas putos, aqueles mistérios sobre a origem de tudo, escondidos nas “dobradiças da paisagem”.

Tenho recebido cartas de alguns dos leitores de meus livros, entre eles candidatos a escritores que, ao mesmo tempo em que elogiam meu trabalho, me pedem uma opinião sobre alguns dos poemas que me enviam. Afinal, todo escritor que se presa deve começar escrevendo poemas – não apenas porque construir um bom poema às vezes seja mais simples que escrever um bom conto (também muito mais simples que um bom romance), mas porque a Poesia é a essência da Literatura.

Também já escrevi poemas, uns bons, segundo alguns, ruins, segundo outros, e ainda outros simplesmente impublicáveis. Quanto ao sentido da Poesia, depois de muita descrença aprendi, afinal, a compreender que foi mesmo aquilo a que (ou a quem) chamamos “Deus” que escreveu outros tantos rascunhos através da consciência de Moisés em seus dias de aflição e em suas noites insones: o iluminado do Sinai, ele mesmo, como se percebera na juventude entre os faraós, também uma parte da divina Alma infinita que tudo rege.

Assim, com Seus sopros inspiradores e conspiradores, certo “Deus”, certa Potência, certa Vida (a mesma que também ora nos sustenta) fez Moisés – como a outros – imaginar o que chamamos poemas à expressão dos primeiros capítulos perceptíveis de Sua maravilhosamente criativa História Universal.

Por Ser tudo, a Vida também é o primeiro motor, ou primeiro combustível da maquinaria própria à expressão de Seu verbo. Sua ordem primeira Faça-se a Luz nada mais é que um verso; enquanto Verbo, um fragmento de Si mesma, o primeiro de uma série de outros que, mesmo ainda enquanto “simples” estrelas, darão origem a outros e muitos outros tantos versos. De gerações em gerações, elas constroem epopéias verdadeiras de luzes, ossos, carnes, sangue, sonhos, batalhas e histórias sobre as lutas entre as forças criativas do Bem e Seus sentidos substanciais de significar o mundo, e os seres que conscientemente O representam, contra o mal, força inconscientemente destrutiva da Vida e, no fim, de si mesma.

É também chamado Poesia, pois, o fundamento de tudo o que existe, e mesmo da vida de Seus pequenos heréticos, como de Seu “pecado” maior: Lúcifer, luminoso primeiro de Seus muitos anjos caídos na Terra, lugar onde foi prometido seu pleno usufruto somente àqueles que souberam sentir e conhecer Suas verdadeiras origens; conhecê-Lo ou, mais apropriadamente, conhecê-La – já que, de fato, ao falar sobre “Deus” estamos apenas falando sobre a Vida).

Mas atenção: se você é uma dessas pessoas que temem os castigos divinos se simplesmente peidar em público, ou ao dizer um palavrãozinho, não se atreva a continuar lendo este comentário e a reproduzir perigosamente em pensamentos o poema Metanóia Divinal, que aqui transcrevi um tanto provocativamente (afinal, essa é também uma das funções do Artista), onde nosso poeta “maldito” se pergunta:

“Te agradecer por quê / Se Você nem me consultou / se eu queria nascer? / Orar de joelhos? / Só se for por uma ninfeta sem pentelhos. / E esse papo de Jesus e vida eterna? / Vê Se acorda! / O negócio é aqui na terra! / O povo por aqui tá muuuito diferente, / meu irmão. / Vais ter que mandar um Jesus drag-queen / se quiser atenção. (...) E ao invés de doze marmanjos pro apostolado, / escolha umas gatinhas de corpinhos bem sarados / pra fazer umas performances / na hora do sermão. / E nem pense nessa história de renunciar aos prazeres da carne. / (...) Manda um Jesus mais moderno, / com página na Internet e um programa de televisão. / Que feche as portas do inferno / e renegocie as dívidas da salvação. / E vê se anda logo! / Deixa de preguiça e sai do trono! / Vem aqui sentir na pele / o que é ser / um ser humano”.

Com sua visão e destemida expressividade do lado sombrio da Vida – para o qual deu atenção obcecada, provavelmente, por ter sofrido, como a maioria de nós, certas investidas injustas da Morte àqueles a quem ama – como um moderno Augusto dos Anjos, Alan não deixa brechas ao evidente destemor que confere a “ira de Deus” à sua explosiva produção poético-libertina (ou libertária, ainda, de certos dogmas, medos e falsos moralismos). “Nada além de puras heresias”, pensará, provavelmente sorridente, o Deus que imaginamos existir também nas reentrâncias mais profundas de nossos então sagrados corações a vigiar ativos pensamentos, também das maiores alturas dos abismos celestes.

Em seu Salmo da lucidez daviniana, nosso singelo anjo herético poeta escreveu:

Agradeço-te por nada / Alma desalmada / Por tudo o que não me deste, obrigado. / Obrigado pela ausência / Sêmem de minha essência / Pele que não me veste. / Agradeço-te a solidão / A dose extra de ilusão / Com que pariste este aborto / Obrigado pela indiferença / Por roubar-me toda crença / Por fazer-me um vivo-morto. / Agradeço-te / pela lenha inspiradora dessa lira / Do desassossego assassino. / Obrigado pelo escarro que me fez poeta / Pelo nada que de ti se excreta / Por fazer do homem um menino.

Como para o filósofo alemão Nietzsche, pai do profeta Zaratustra, tão herético quanto seu criador, para Alan Rigo “Deus está morto”; porque o Cristo que imagina como personagem de seu poema Luciferianismo pós-moderno cristológico, bem a gosto da expressividade violenta de Mel Gibson em seu recente The Passion, “... pegou tétano dos cravos enferrujados, / teve os braços gangrenados, purulescamente vencidos. / Foram cortados vivos do tronco ainda semimorto. (...)”, este apenas um exemplo das livres interpretações que parece fazer o Verbo de Sua própria história através da alma e dos versus expressos pela persona poética de Alan Rigo – se considerarmos as verdades do crítico literário George Steiner, para quem aquilo a que chamamos “Deus” é mesmo único fundamento de todas as coisas, sendo a Arte-em-nós Sua principal ferramenta de expressão ao longo dos séculos de Suas tentativas ao estabelecimento definitivo de nossa civilidade à Sua própria pleniconsciente sobrevivência.

Ao longo da história dos povos que semearam e destruíram a Terra, inúmeras vezes devastada pela suprema Ignorância e, depois, semeada e regada pela senhora Perversidade ao desenvolvimento de suas raízes de metal, entre as cinzas dos mortos de fome e sede de Justiça, como acompanhante de Danti em seu improvável retorno ao Inferno a mostrar-lhe suas novas e terríveis paisagens, em sua Gênese poética da racionalidade apócrifa da revelação divina (Traduzida, inspirada e psicoescrivinhada pelo espírito da reconciliação libertadora do terceiro olho) o Espírito, enquanto “Alan”, observa:

“1. ...Eu fiz o homem a minha imagem e semelhança, / cheio de ira, amor e vingança, para guardar o meu jardim. / 2. Plantei erva da boa, coca, papoula, alecrim, / e no sétimo dia, cansado e com fome, pensei em assar / o homem / no meu forno de trevas”.

Depois que desiste de assar o homem (afinal, “quem iria aparar o capim?”), a poesia de Alan segue a nos dizer que Deus vê que, “... mesmo morando em meu país de luxo, amor e verdade, / (ele) desejou o fruto da liberdade / e não me quis. / 8. E para completar a traição, ela que era minha musa eleita, / fez-me ainda a desfeita / de dar seu fruto a Adão (...)”. O grifo é meu.

E por falar em frutos, graças, outra vez, as íntimas e inquietas relações do Espírito com Alan; porque nosso anjo poeta não deixa de dedicar atenção às belas filhas de Eva não menos do que como se elas fossem personificações femininas de Cristo, sendo ele “o Desejado de Todas as Nações”.

Em seu Soneto penetrante G, ele pede:

“Fale-me das suas idéias / Preciso saber de tudo / Compreender o teu mundo / Ser sangue nas suas artérias. / Compartilhar as misérias / A dor, o prazer e a vida / Ter tua boca imerecida / Mel de todas as abelhas. / Abre a porta do teu seio / Faz de mim o teu espelho / Dos meus braços teu colar. / Da-me tua flor numa colhida / O vôo das tuas asas reprimidas / Deixa meu poema te adentrar”.

Os momentos mais fortes da poesia de Alan Rigo, entretanto, aparecem quando ele, como se um grande pássaro rouco de súplicas, sentindo-se abandonado por Deus entre as estrelas achincalha a imaculada figura divina ao vê-la (e ver-se) de Sua dimensão mais obscura. Porque, certamente, como motivo de suas angústias poéticas, está particularmente a incompreensível divina apatia que Alan, como a maioria de nós, não aceita diante das misérias desumanas e das dores do mundo – como num fragmento de Autópsia divina, meio panfletária, onde “O deus dos pobres é um burguês, / assentado em seu trono de indiferença”.

Falando sobre mim mesmo, se tivesse tido tempo e paciência, além de artista plástico, músico, escritor, pai, marido, amigo, companheiro eu também teria sido professor universitário de Arte e psicólogo (além de ator, diretor de Cinema, discípulo de Krishna, monge franciscano e produtor de eventos, entre outras coisas que não vou citar porque não sou maluco). Mas, mesmo depois de minha compulsória dedicação aos cuidados com os filhos próximos, não deixei de estudar um pouco de cada um desses compartimentos do Saber, interessando-me mais por aquelas ciências que dizem respeito às questões ligadas diretamente com o desenvolvimento daquilo a que, por falta de um nome melhor, chamamos “alma”, essência da consciência Humana e sua expressão cultural, sua Arte, sua filosofia, sua Humana moral – fundamento e meta da civilização.

A leitura de obras filosóficas, estéticas e, mais tarde, de Psicologia e Psiquiatria me abriram grandes portas da percepção. E abri mesmo aquelas que, segundo os primeiros críticos de Freud, libertariam inadvertida e perigosamente nossos mais íntimos demônios. Fui fundo, e dei de cara com meus demônios. Estando sempre centrado na idéia da presença de um “Espírito luminosamente dadivoso” como fundamento das vidas dos Homens e de seus fantasmas, contudo, tenho conseguido superá-los. Entretanto essa opção à “morte de Deus” em Nietzche, como em Alan, é uma reação de ambos ao aparente “abandono” que a Vida nos confere – a Vida, vista inicialmente pelo prisma da superstição, enquanto um “Deus-pai” necessariamente protetor, ou como uma “Mãe dadivosa”, doadora incondicional de amor e sacrifício à efetivação do qual devemos encarnar, ideais tão antigos quanto as primeiras lágrimas de Adão.

Entre os psicólogos e psiquiatras que mais me influenciaram ao conhecimento das razões dos desequilíbrios individuais e, por tabela, dos desequilíbrios do mundo, está o norte-americano Carl Rogers, o alemão Erich Fromm, o inglês R. D. Lang e o suíço Carl Gustav Jung – que me conquistou por sua lúcida dedicação às descobertas dos sentidos representativos dos símbolos, em especial os expressos e registrados como sagrados pelas culturas místicas de todos os povos do mundo, expressivos frutos de um fabuloso inconsciente coletivo. Hoje, depois da sociobiologia e da contagem dos genes, estamos quase a rever as mônadas, responsáveis pela realização dos organismos estelares, primeiros luminosos corações às outras expressões formais da Vida.

Não sei se me fiz entender, mas não tenho dúvida de que foi reservada ao nosso inconsciente a função de expressar tudo o que ele contém (e conterá) através das gerações e gerações que, como as letras numa palavra, juntas, contam a incrível história das bem sucedidas tentativas de realização do Ser em engendramentos que vão da geração dos potentes fundamentos da combustão das estrelas, passando pela cor dos olhos que usamos às cores que atribuímos aos olhos de nossos deuses, que, em primeira e última instância, também O representam.

Em seu livro Psicologia e religião Jung escreveu: “A morte de Deus (ou seu desaparecimento) não constitui de modo algum um símbolo exclusivamente cristão. A busca que se segue à morte se repete ainda hoje quando morre um Dalai-lama, tal como na antiguidade se celebrava anualmente a busca de Koré. A ampla difusão desse símbolo é uma prova da presença universal de um processo típico da alma: a perda do valor supremo, que dá vida e sentido as coisas”, daí também a razão das explosões das poesias heréticas de Alan, como de tantos outros antes e depois dele. Porque, prossegue Jung, “...Tal processo constitui uma experiência típica muitas vezes repetida; por isso ela se acha expressa também num ponto central do misticismo cristão. Esta morte ou perda deve repetir-se: Cristo sempre morre e sempre torna a nascer. Comparada com a nossa condição de seres vinculados ao tempo, a vida do arquétipo é intemporal. Escapa ao meu conhecimento determinar as leis que regem a manifestação efetiva ora deste, ora daquele aspecto do arquétipo. Sei unicamente – e o que sabe um grande número de outras pessoas – que estamos numa época ou de morte ou de desaparecimento de Deus”, uma era onde, talvez, a vã repetição de Seus nove bilhões de nomes nos quatro cantos do mundo tornou Sua existência menos crível que a da Coca-Cola.

Se, enquanto Deus, depois de investigar o que permiti Alan realizar com o livre arbítrio e com o talento que lhe dei, devo chegar à conclusão de que sua poesia, tanto quanto a de qualquer outro herético, não pode abalar a estrutura fundamental dos ritmos que impus ao Universo, ou diminuir a potência de Meu espírito, seu combustível, ao desenvolvimento de seus movimentos perpétuos à Existência. Porque, como tudo o que expressam os animais-pensantes que desenvolvi a descoberta de Mim mesmo como fundamento dos si mesmos que pensam ser, elas são puras interpretações de Minhas grandes Verdades, tão independentes quanto inócuas, sobre todas as coisas que, afinal, estimulam as interrogações de Meu ego “Alan”, tanto quanto estimulou as de meu ego “Adão” em suas primeiras angústias, sobre o Sentido secreto que impus a tudo e ao que pensam inventar os homens sobre os múltiplos sentidos à manutenção e perpetuação infinita de suas vidas sobre a face de Minha existência.

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OBS: este texto foi escrito alguns anos antes do poeta Alan Rigo se converter ao Cristianismo.