RESUMO SOBRE A SACROSANCTUM CONCILIUM

A Constituição Conciliar Sacrosanctum concilium, foi promulgada durante o Concílio Ecumênico Vaticano II, pelo Papa Paulo VI, aos 04 de dezembro de 1963, analisamos que esta Constituição é o ponto de chegada da renovação da Liturgia, começada pelo movimento litúrgico, que a própria Constituição reconhece como "sinal dos desígnios providenciais de Deus sobre o nosso tempo, como uma passagem do Espírito Santo pela sua Igreja" (Sacrosanctum concilium, 43). Assim sendo, voltar à Sacrosanctum concilium significa não apenas refletir sobre um documento conciliar, mas também recorrer ao fruto maduro do longo e cansativo caminho que levou a Igreja católica a remontar à nascente da sua Liturgia, para poder "fazer uma atenta reforma geral da mesma Liturgia" (Ibid., n. 21).

A Sacrosanctum concilium estrutura-se em sete capítulos, precedidos de um proêmio de caráter geral e concluídos por um apêndice. O documento conciliar contém não apenas alguns princípios doutrinais de grande importância e as linhas fundamentais da renovação litúrgica, mas sim indicações concretas relativas ao desenvolvimento ritual.

Para compreender esta Constituição conciliar, é necessário conhecer as fontes de que ela hauriu o seu espírito genuíno, ou seja, é necessária a compreensão do mistério cristão, da imagem de comunhão da Igreja, da Liturgia como celebração ritual do mistério salvífico. Com efeito, a Constituição conciliar sobre a Sagrada Liturgia é inteiramente plasmada pelas fontes bíblicas e patrísticas que a inspiraram.

Na Sacrosanctum concilium, a Sagrada Escritura foi assumida como norma e juízo: "Para promover a reforma, o progresso e a adaptação da Sagrada Liturgia é necessário, por conseguinte, desenvolver aquele amor suave e vivo da Sagrada Escritura" (Sacrosanctum concilium, 24). Portanto, existe um vínculo íntimo entre o aprofundamento da Sagrada Escritura e a reforma litúrgica. Já os antigos textos mistagógicos dão testemunho de que o conhecimento da Liturgia não é senão o conhecimento da Escritura. A relação entre Sagrada Escritura e Liturgia foi claramente expresso pela referida Constituição conciliar: "As ações e os sinais litúrgicos haurem o seu sentido da Sagrada Escritura" (cf. ibidem).

A volta às fontes bíblicas e patrísticas não investe unicamente as formas rituais, mas introduz na compreensão da própria natureza da Liturgia. A Sacrosanctum concilium não formula em primeiro lugar um conceito de Liturgia, mas indica aquilo que se realiza por intermédio da mesma: "Através da Liturgia realiza-se a obra da nossa redenção" (cf. ibid., n. 2). Portanto, mediante a Liturgia os crentes fazem a experiência do mistério pascal de Cristo na sua integridade. Por conseguinte, a Constituição indica os efeitos da Liturgia que, "ao mesmo tempo que edifica aqueles que são na Igreja o templo santo do Senhor, em morada de Deus no Espírito, até à medida da idade da plenitude de Cristo" (Ibidem).

Ao lado do conceito-base da Liturgia como autuação da nossa redenção, na perspectiva da grande tradição patrística, a Constituição conciliar apresenta algumas indicações fundamentais, em parte inovativas, para uma melhor compreensão da teologia e do desenvolvimento das celebrações litúrgicas. Entre elas, é preciso observar a unidade indissolúvel entre o movimento descendente da santificação e o movimento ascendente do culto (cf. ibid., nn. 5-7), a centralidade do "paschale mysterium" (cf. ibid., nn. 5-6), a relevância da presença de Jesus Cristo na Igreja e, de maneira especial, na Liturgia: "Christus Ecclesiae suae semper adest, praesertim in actionibus liturgicis" (Ibid., 7). A presença de Jesus Cristo na comunidade que celebra é certamente um dos temas principais da Constituição conciliar sobre a Sagrada Liturgia.

Da reflexão sobre a natureza e sobre os efeitos da Liturgia, adquire forma a passagem talvez mais conhecida desta Constituição, que se tornou uma verdadeira e própria máxima teológica: "A Liturgia é simultaneamente a meta para a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força" (Ibid., 10). Em síntese, para a Sacrosanctum concilium a finalidade essencial da Igreja consiste em tornar os crentes partícipes do mistério pascal, mistério este que se manifesta e que se realiza de maneira integral quando a Igreja é convocada em assembléia litúrgica, de maneira especial no dia do Senhor, para a celebração eucarística. Os primeiros elementos da eclesiologia do Concílio Ecumênico Vaticano II, proposta sucessivamente na Lumen gentium, encontram-se já nalguns textos fundamentais da Constituição litúrgica sobre a relação entre Celebração litúrgica e Igreja. Em tais celebrações está "a principal manifestação da Igreja" (Ibid., n. 41) e "elas representam, de algum modo, a Igreja visível estabelecida no mundo inteiro" (Ibid., n. 42; cf. nn. 2 e 5-7).

Quem lê a Sacrosanctum concilium com inteligência espiritual, compreende a profunda intuição que a imbui: pela reforma litúrgica conciliar não passa unicamente a renovação dos ritos, mas também a renovação da Igreja na sua integridade. Por isso, na recepção concreta da reforma litúrgica está em jogo não apenas a renovação da Liturgia, mas sobretudo a fidelidade evangélica da Igreja. Somente desta maneira, a lei da oração não será apenas a lei da fé, mas inclusivamente a lei do ser e do agir da Igreja.

A participação ativa

Por uma reação excessiva à condição de extrema passividade em que estavam reduzidos os fiéis, na participação na chamada "Missa tridentina", nestas últimas décadas talvez se tenha insistido excessivamente sobre a exteriorização na Liturgia. Afirmou-se a necessidade de exprimir os sentimentos, de manifestar as emoções, na tentativa de conferir à Liturgia um clima sobretudo de festa e de alegria. Contudo, a Liturgia cristã não é a simples soma das emoções de um grupo, e muito menos o receptáculo de sentimentos pessoais e coletivos. Pelo contrário, a Liturgia é tempo e espaço para interiorizar as palavras que nela se escutam e os sons que se ouvem, para se apropriar dos gestos que se cumprem, para assimilar os textos que se recitam e se cantam, para se deixar penetrar pelas imagens que se observam e pelos perfumes que se sentem.

Em síntese, é necessário um salto de qualidade para chegar ao espírito genuíno da Liturgia.

Referências:

MARINI, D. Piero. 40º ANIVERSÁRIO DA PROMULGAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO "SACROSANCTUM CONCILIUM In:

http://www.vatican.va/news_services/liturgy/2003/documents/ns_lit_doc_20031204_40-concilium_po.html#top

CONSTITUIÇÃO CONCILIAR SACROSANCTUM CONCILIUM (SOBRE A SAGRADA LITURGIA) In: http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19631204_sacrosanctum-concilium_po.html

L.M.J.

02/07/2006.

Leandro Martins de Jesus
Enviado por Leandro Martins de Jesus em 14/12/2010
Código do texto: T2670632
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.