Resenha: teoria da polidez de Brown & Levindon(1987) na Educação de Jovens e Adultos(EJA)

RESENHA: a teoria da polidez de Brown & Levinson (1987) na Educação de Jovens e Adultos (EJA)

Autora: Solange Gomes da Fonseca

A resenha tem como objetivo, mostrar a partir da perspectiva pragmática da teoria da polidez dos autores Brown & Levinson (1987), as faces ‘negativas’ e as faces ‘positivas’ que observamos numa sala de aula de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Este assunto é tema de pesquisa da autora, onde seu foco principal é sobre as faces desses estudantes numa interação de convívio social, numa sala de aula com pessoas que apresentam diferentes maneiras de interagir uns para com os outros.

O estudo busca contribuir para uma perspectiva interlinguística e intercultural, a fim de uma maior ou menor compreensão das possíveis diferenças sociais e culturais, que possam, se manifestar numa interação sociolingüística no comportamento humano desses estudantes.

Sabemos que a teoria da Polidez de Brown & Levinson (1987) tem como um dos seus pilares a noção de face que se refere ao amor-próprio (ou imagem publica) do sujeito e que se desdobra em uma face positiva - que deriva da necessidade de ser apreciado e reconhecido pelo outro - e outra negativa - que esta relacionada à sua liberdade de ação. Para preservar a própria face, assim, como a face do interlocutor, e manter a harmonia das relações sociais, os falantes recorrem a certas estratégias lingüísticas de polidez.

O estudo das interações cotidianas envolve a analise do individuo de modo geral e as relações com outros indivíduos. A sala de aula, no contexto da EJA, parece ser um espaço interessante para a observação e analise das estratégias de polidez que entram em jogo nas interações entre os estudantes e o professor. No cotidiano, as ações desses sujeitos, em variados palcos de suas vidas, correspondem aos espaços da materialidade do social, do econômico e da cultura que eles representam numa interação na sala de aula.

O estudo dos fenômenos relativos à expressão da "polidez" ou, como preferimos, ao trabalho de "face", é ainda pouco expressivo nas pesquisas que tratam das estratégias de polidez usadas por alunos e professores da EJA. Diante disso, nasce o interesse em trabalharmos esse tema, investigando, a partir da perspectiva de Brown & Levinson, como se processa a interação entre o professor e os estudantes na sala de aula da EJA no ensino de língua portuguesa. Tendo em vista o jogo das faces positiva e negativa, buscaremos analisar como as estratégias conversacionais favorecem (ou impedem) o bom andamento das interações.

Verificamos que o numero de publicações sobre a polidez no contexto de sala de aula da EJA, ainda, é muito pouco expressivo. Dai, surgiu o interesse na proposta de investigar a partir da perspectiva de Brown & Levinson (1987), como se processa a interação entre o professor e os estudantes na sala de aula da EJA no ensino de língua portuguesa.

Tendo em vista o jogo das faces positivas e negativas, buscaremos analisar como as estratégias de polidez favorecem (ou impedem) o bom andamento das interações.

Sabendo que a EJA é uma modalidade diferente do ensino regular, sua estrutura, metodologia e duração, também sofrem alterações.

Acreditando que o individuo adulto, traz para sala de aula sua experiência de vida, dai ocorre mudanças naquilo que vai ser ensinado, uma vez que requer a compreensão de alguns aspectos próprios do universo desses estudantes e, levando em consideração a enorme heterogeneidade das turmas. Todavia, deixamos claro nesse estudo que o enfoque a ser investigado são as 'estratégias de polidez', de acordo com o modelo de Brown & Levinson (1987).

Por ser tratar de um estudo com "organismos vivos", é fundamental, observarmos a vida cotidiana desses indivíduos para que não fujamos do propósito da pesquisa. Tentaremos nos aproximar do lado socioeconômico e de algumas variáveis sociais desses estudantes como: idade, sexo, grau de escolaridade, através dos dados extraídos da pesquisa empírica na metodologia do estudo, obtendo-se assim, um panorama mais completo dos processos do ensino pragmático e das estratégias de polidez no conceito desses autores.

Ressaltamos que a polidez positiva e negativa, não é em si um fenômeno da linguagem, mas sim uma manifestação das diferentes culturas que se coloca a serviço das interações verbais. E, é nessa perspectiva que falamos em mecanismos linguistico-discursivos, cuja função, é assegurar expectativas pessoais e sociais relacionadas às faces, nessa interação com os estudantes da EJA no contexto de sala de aula.

Conforme, buscaremos demonstrar no estudo, certos conceitos de polidez positiva e negativa são construídos a partir de um conjunto de fatores. Dessa forma, supomos que os contextos socioeconômicos e situacionais desses estudantes desempenharão um papel importante na construção da pesquisa. Mediante o estudo das estratégias de polidez a escolha pelas bases teóricas é fundamental. Embora, estamos cientes que não ha uma teoria completa e única e, o que buscaremos, provavelmente, seja uma conjugação teórica com bases complementares que serão feitas na pesquisa empírica, através das analises preliminares ao estudo.

Solange Gomes da Fonseca
Enviado por Solange Gomes da Fonseca em 29/01/2011
Código do texto: T2760009
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