EM FAMÍLIA
Nair Lucia de Britto
Lamento dizer que detestei o final da novela Em Família, de Manoel Carlos. A novela começou muito bem, tranquila e agradável, com diálogos requintados, música de bom gosto; abordando conflitos nos relacionamentos que valeram uma reflexão.
Um dos bons exemplos foi a separação amigável de Clara (Giovana Antonelli) e Cadu (Reinaldo Gianecchini); casal que deu continuidade a uma boa amizade; buscando a felicidade pessoal, a que todos têm direito, mas sem machucar os filhos. Infelizmente, na vida real, não é bem assim...
Outro bom exemplo foi mostrar que vale a pena abandonar um vício para se ter uma vida mais saudável e feliz...
A escolha do elenco foi ótima e todos os intérpretes foram excelentes; novos talentos como o de Guilherme Leican (Laerte mais jovem) e Alice Wegman (Shirley mais jovem) foi uma surpresa muito bem-vinda.
Júlia Lemmertz (Helena) atriz consagrada interpretou admiravelmente aquela mulher desagradável, cansativa e teimosa que martelava insistentemente suas dores do passado, perdendo momentos bons do presente; e insistia em revolver o destino da filha.
Bruna Marquesine, que representou a mesma personagem, mais nova, não ficou para trás na interpretação de garota mimada e outra teimosa que insistia num relacionamento conflitante com um homem que tinha a idade do seu pai.
O lado negativo da novela foi a excessiva dramaticidade nas situações de doença e morte; fatos que fazem parte da vida; mas que, num trabalho de entretenimento, deveriam ser demonostrados com mais brevidade e sem muito sofrimento.
O epílogo da novela foi o que aconteceu de pior. O autor puniu seu personagem Laerte pelos erros do passado que, conforme o exposto, ele cometeu não por maldade, mas por imaturidade, ao se deixar dominar por sentimentos negativos, como o ciúme imoderado e irracional.
Na vida real, a própria vida ensina. O tempo e os erros ensinam a todos a serem pessoas melhores, para evitar o sofrimento consequente desses mesmos erros. E todos têm direito à uma segunda chance.
Maduro, o personagem Laerte, interpretado pelo maravilho Gabriel Braga Nunes, tornou-se um músico talentoso, uma pessoa melhor, embora ainda leviano, que cometeu a mesma fraqueza de se deixar escravizar por um amor que não dava certo.
No epílogo da novela, o Laerte deveria optar pela Shirley, magnificamente interpretada por Vivianne Pasmanter, que além de demonstrar seu enorme talento e carisma teve a coragem de contracenar com uma cobra, provando que até um réptil rastejante pode ser uma boa companhia se for bem tratado.
Shirley, com todos os seus defeitos, representou o amor verdadeiro, isto é, aquele que perdoa sempre, que ama o ser amado com fidelidade suprema e interminável e o aceita exatamente como ele é.
Nair Lucia de Britto
Lamento dizer que detestei o final da novela Em Família, de Manoel Carlos. A novela começou muito bem, tranquila e agradável, com diálogos requintados, música de bom gosto; abordando conflitos nos relacionamentos que valeram uma reflexão.
Um dos bons exemplos foi a separação amigável de Clara (Giovana Antonelli) e Cadu (Reinaldo Gianecchini); casal que deu continuidade a uma boa amizade; buscando a felicidade pessoal, a que todos têm direito, mas sem machucar os filhos. Infelizmente, na vida real, não é bem assim...
Outro bom exemplo foi mostrar que vale a pena abandonar um vício para se ter uma vida mais saudável e feliz...
A escolha do elenco foi ótima e todos os intérpretes foram excelentes; novos talentos como o de Guilherme Leican (Laerte mais jovem) e Alice Wegman (Shirley mais jovem) foi uma surpresa muito bem-vinda.
Júlia Lemmertz (Helena) atriz consagrada interpretou admiravelmente aquela mulher desagradável, cansativa e teimosa que martelava insistentemente suas dores do passado, perdendo momentos bons do presente; e insistia em revolver o destino da filha.
Bruna Marquesine, que representou a mesma personagem, mais nova, não ficou para trás na interpretação de garota mimada e outra teimosa que insistia num relacionamento conflitante com um homem que tinha a idade do seu pai.
O lado negativo da novela foi a excessiva dramaticidade nas situações de doença e morte; fatos que fazem parte da vida; mas que, num trabalho de entretenimento, deveriam ser demonostrados com mais brevidade e sem muito sofrimento.
O epílogo da novela foi o que aconteceu de pior. O autor puniu seu personagem Laerte pelos erros do passado que, conforme o exposto, ele cometeu não por maldade, mas por imaturidade, ao se deixar dominar por sentimentos negativos, como o ciúme imoderado e irracional.
Na vida real, a própria vida ensina. O tempo e os erros ensinam a todos a serem pessoas melhores, para evitar o sofrimento consequente desses mesmos erros. E todos têm direito à uma segunda chance.
Maduro, o personagem Laerte, interpretado pelo maravilho Gabriel Braga Nunes, tornou-se um músico talentoso, uma pessoa melhor, embora ainda leviano, que cometeu a mesma fraqueza de se deixar escravizar por um amor que não dava certo.
No epílogo da novela, o Laerte deveria optar pela Shirley, magnificamente interpretada por Vivianne Pasmanter, que além de demonstrar seu enorme talento e carisma teve a coragem de contracenar com uma cobra, provando que até um réptil rastejante pode ser uma boa companhia se for bem tratado.
Shirley, com todos os seus defeitos, representou o amor verdadeiro, isto é, aquele que perdoa sempre, que ama o ser amado com fidelidade suprema e interminável e o aceita exatamente como ele é.