O QUARTO PODER - COSTA-GRAVAS

Apesar da qualidade do elenco e do prestígio do diretor Costa Gravas, o "Quarto Poder" (Mad City - EUA, 1997), com Dustin Hoffman e John Travolta, não é um dos melhores filmes a retratar o poder que a imprensa tem de manipular as informações em benefícios próprios.

O título nacional, por sinal bem mais apropriado, denuncia todo esse poder dos meios de comunicação, sejam como formadores de opinião ou deturpadores da notícia. Cabe ao título original fazer uma crítica, não à violência das grandes cidades mas ao abuso do poder da imprensa, que transforma em caos qualquer acontecimento, às vezes até com um exagero intolerável.

O filme critica ainda a falta de ética no jornalismo, a manipulação da informação, a alucinada batalha pela audiência e até a onipotência de certos profissionais que fazem qualquer sacrifício para se tornarem o foco das atenções diante das câmeras, principalmente quando se deparam com possibilidades de ascensão. Como telespectador, é difícil permanecer imune à mesquinharia e ao egoísmo dos meios, sejam oriundos de uma ideologia enquanto empresas ou de ações particulares de jornalistas enquanto simples “caçadores da notícia”.

Se abordasse apenas a rotina dos meios de comunicação na apuração e transformação dos fatos em entretenimento como forma de se sobressaírem em relação aos concorrentes, o filme teria um resultado mais satisfatório, mas o roteiro se perde ao incorporar dramaticidade à vida dos personagens, característica marcante da maioria das produções norte-americanas. Esse procedimento pode conduzir a atenção do telespectador ao sentimentalismo que a trama apresenta, enquanto que a intenção é de criticar as ações da imprensa.

É compreensível que Costa Gravas queira fazer uma abordagem crítica da atuação dos meios de comunicação, da capacidade de manipular informações e pessoas, mas o "Quarto Poder" poderia se limitar somente a isso, sem dramatizações. E, por falar em drama, seu outro longa-metragem "Missing – O Desparecido", em que um jornalista sai à procura do filho, é bem mais interessante.

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JDM