Half Light


 

 
Escrevi o nome do filme em inglês porque a tradução é um verdadeiro horror: Protegida por um anjo. Minha professora de inglês pediu que eu visse. Só fui compreender a razão depois de vê-lo: é um filme de poucas palavras. Assim qualquer ignorante como eu em outra língua que não seja a minha é capaz de compreendê-lo. Poderia até ser um filme do cinema mudo já que as palavras não lhe fazem falta.
Talvez eu esteja sendo injusta. Vá ver que o filme é bom e eu é que não estava com predisposição para gostar. Mas como sou daquelas que acham que um copo pela metade está quase cheio acabei achando algumas coisas que me agradaram.
Rachel (Demi Moore) é uma escritora que conseguiu a fama com seu primeiro livro – e fama nos EUA não é igual aqui. Lá a fama rende em dólares e por conta disso as editoras adiantam uma fortuna em função de livros ainda não escritos. Rachel tem um marido invejoso, uma agente, tipo amiga sincera para todas as horas e um filhinho, ou melhor, um anjo já que o título do filme antecipa que o menino se tornará um anjo. Bem, o caso é que o garoto morre afogado, a mãe se remói de culpa o casamento vai mal e a agente amiga para todas as horas lhe arruma uma ilha quase deserta para que ela se recupere. Daqui para frente eu encerro a contação dessa história por que se não quem for assistir vai ver o que? Mas eu posso dar umas pistas do mistério apenas avisando aos futuros espectadores que as pistas são óbvias desde quase as primeiras cenas.
Falando então das coisas que me agradaram – a paisagem é linda, silenciosa, longa e fria. O mar!!! Ah, o mar, eu não queria um mar assim para mim apesar do arco íris, mas as colinas essas eu poderia viver entre elas por toda a minha vida. Gostei das casinhas bucólicas e dos lindos casacos que a protagonista usou. Fazia um frio de rachar lá e cá, talvez por isso eu tenha amado os casacos. Algumas frases também eu gostei. Como eu já disse a protagonista era uma escritora e quando perguntada por que escrevia respondeu – quando não escrevo não fico resolvida como ser humano – e eu achei isso danado de verdadeiro porque é assim que me sinto também. Em um determinado momento Rachel leva seu livro para o homem do farol, de quem se tornara amiga (ou mais que amiga) e ele lhe diz: Agora eu vou saber tudo sobre você. Gostei também dessa frase porque é algo que acredito: quando a gente escreve o que a gente é está ali, visível para quem sabe ler. Muito bonita também a balada celta: Girl in Storm que faz parte da trilha sonora. Mas, sinceramente, ninguém precisa acreditar em mim sobre a qualidade desse filme. Afinal gosto é gosto e tal e qual algumas outras coisas, não se discute.