Tudo Que Eu Não Disse Ao Meu Chefe - Clube da Luta

CLUBE DA LUTA (Fight Club - 1999)

Você já passou por alguma situação em que sentiu uma vontade imensa de mandar seu chefe ir tomar naquele lugar ou então pedir pro miserável ir pra digníssima senhora que o pariu?

Com certeza já! e assim como milhares de pessoas, inclusive eu, você se conteve e engoliu a pica numa boa...

Puta! lembrei da cena de um filme muito louco chamado Clube da Luta. No filme em questão o personagem de Edward Norton, até certo ponto, não passa de um trabalhador pacato de escritório que, assim como muito de nós, apáticos, vive a vida meio dormindo, meio acordados. Fazendo de quem somos o que possuímos, e segundo palavras do próprio Norton no filme: "procurando um tipo de cerâmica que nos identifique como pessoa" e formando a básica sociedade de consumo em que a tensão se acumula até não ter para onde fugir.

E muitas vezes esse fictício trabalhor pacato do filme, assim como nós reais mortais, teve que engolir pica do chefe. Situações em que o sacana só porque estava num nível mais elevado na hierarquia daquela merda toda achava que tinha o direito de rebaixar ou ordenar com petulância aos seus subordinados.

Assisti a esse fenomenal filme já faz um certo tempo, mas lembro-me que numa cena o chefe da personagem de Norton leva um monte de relatórios, sei lá uma papelada enorme que não fazia parte das atribuições do funcionário e ordenou que ele desse um jeito no serviço.

Nessa altura do filme já há indícios de Tyler Durden, o seu alter ego. Para a psicologia o alter ego é um "outro eu" que atua de forma inconsciente trazendo à tona uma personalidade totalmente diferente na mesma pessoa. E Tyler Durden deseja se libertar da escravidão do sistema e mandar à merda tudo aquilo. Sendo assim, pergunta com sarcasmo e ousadia ao seu chefe, após o mesmo deixar toda papelada sobre a sua mesa:

- Você quer que eu pare o trabalho que estou fazendo, faça às presas essa porra toda que você trouxe e depois de atrasar o meu serviço ouvir um monte de merda calado? - disse o personagem de Edward Norton, que até aquele momento permanecia sem um nome no filme.

E é assim...sem nome, apenas um número, algo substituível e descartável que a maioria, pra não dizer todos, os patrões, engaregados, capatazes enxergam seus funcionários independente do filho da puta ser judeu, americano ou chinês.

Esses filhos da puta conseguem dormir em paz com suas cabeças calvas em travesseiros de pena de faizão virgem, sem nenhum peso na consciência, e geralmente vivem até uns cem anos de idade produzindo verdadeiros monstros de uma sociedade moderna.

Não têm medo de como disse Tyler Durden ao patrão numa das mais contundentes cenas do filme:

-Cuidado, um maluco pode sair por aí com uma arma semi-automática atirando nos colegas de trabalho. Pode ser alguém que você conhece há anos e nem imagina.

Portanto vamos evitar que essa matança ocorra e falar tudo aquilo que sentir vontade de falar para o cretino ou cretina quando formos injustamente subjugados ou humilhados em nosso serviço!

Tá certo eu já engoli muito sapo de patrão nesses vinte e cinco anos de idade. E talvez pelo fato de eu não dar a mínima importância à procura de alguma cerâmica que me defina como pessoa meus trabalhos são instáveis e passageiros.

Mas devo admitir que essa semana mesmo gostaria de ter falado umas boas verdades para o cretino do meu chefe:

- Abaixe o tom da voz por favor, e retire esse ar de autoritarismo dessa cara feia quando dirigir a palavra a mim. - falaria isso suavemente. - Afinal você não tem direito de gritar com ninguém seu filho da puta babaca e doentio!!!!!!! - gritaria com todas as forças para o cretino.

E você, o que teve vontade de dizer para seu chefe e não disse?

Marcelo Lopes
Enviado por Marcelo Lopes em 06/07/2009
Reeditado em 23/03/2011
Código do texto: T1686059