PRA ONDE EU IREI? - OSNEI DE LIMA

Pânico e referências cristãs ditam a tônica do longa-metragem Pra Onde Eu Irei?, do diretor gaúcho Osnei de Lima

A cidade de Erechim – localizada ao norte do Rio Grande do Sul, na região do Alto Uruguai – não deve se orgulhar por ter registrado a primeira morte de gripe suína no país, mas certamente se orgulha por ter sido escolhida para a locação do filme Pra Onde Eu Irei?, cujo roteiro retrata o pandemônio que se instala sobre uma comunidade vitimada por uma tal doença fatal – uma clara ilusão à própria gripe. “A trama pode até parecer fatalista, mas a intenção é justamente contrária. O filme transmite uma mensagem de fé, de que não podemos perder a esperança por pior que sejam as circunstâncias”, explica o diretor e roteirista Osnei de Lima, membro da Igreja O Brasil Para Cristo de Erechim, uma das parceiras engajadas na produção.

Com um elenco de atores amadores residentes na cidade e selecionados no salão da própria igreja – mesmo critério adotado para a formação da equipe técnica –, o longa foi filmado em apenas duas noites. Segundo o diretor, a opção por cidadãos locais para compor o casting do filme foi preponderante para dar mais realismo às cenas. Nada mais natural, uma vez que toda a comunidade se preparava para o surto de gripe suína que ameaçava o município. “Expliquei mais ou menos como se manipulava o equipamento e todos abraçaram a causa”, continua.

Apesar de um orçamento pífio de R$ 800 reais – por se tratar de um trabalho sem fins lucrativos, os atores trabalharam como voluntários – e produção tão rápida quanto a própria incubação do influenza A, o resultado parece ter deixado a todos extremamente satisfeitos, principalmente o cineasta, que alimenta excelentes perspectivas justamente por pegar carona num problema de saúde pública dos mais sérios. “Até mesmo pelo tema da gripe, o filme tem potencial para atingir o mercado internacional”, aposta.

Por trás da causa eminentemente social, Pra Onde Eu Irei? traz também diversas referências cristãs, a começar pela trilha sonora de Marcos Goes – o título do filme foi extraído de uma de suas canções. Na última cena, numa pregação apocalíptica, um pastor faz uma espécie de apologia entre a epidemia e o fim dos tempos. Segundo ele, está na hora de todos se voltarem para Deus.

Fonte: Revista Eclésia - Edição 138

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JDM