CORRESPONDÊNCIAS – CLARICE LISPECTOR

Um bom professor de Literatura é aquele que incentiva ao máximo a escrita e a leitura por parte de seus alunos; incentiva de uma forma alegre, prazerosa; não deixando nunca, que nos seus alunos, se gere aversão aos livros; pelo contrário deve haver o amor, o apego, a curiosidade, a todo tipo de literatura. Recomendar o livro certo é o marco decisório na vida de quem irá ler para sempre, todos os dias.

Com Clarice Lispector, por exemplo, o professor ao invés de pedir que o aluno conheça a escritora através da leitura de seus contos, crônicas ou romances introspectivos, pode muito bem recomendar a leitura de Correspondências. O livro é uma composição de cento e vinte seis cartas, onde parte dessas, escritas por Clarice Lispector e destinadas aos seus familiares e amigos; outra parte, recebidas por Clarice. Quem nunca teve a curiosidade de abrir e ler cartas alheias. Pois em Correspondências esta curiosidade será saciada, e junto, o leitor conhecerá uma Clarice Lispector humana, desmistificada, mãe e acima de tudo muito amiga

As cartas remeterão o leitor (aluno ou mesmo o professor) ao círculo de amizades da escritora, numa ordem cronológica; uma oportunidade única de conhecer Clarice Lispector no início de sua carreira: as primeiras publicações; a angústia diante da crítica; o namoro, o casamento, os filhos, os amigos.

Outra riqueza em Correspondências são as cartas recebidas pela escritora, um verdadeiro círculo de um momento literário: Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Lygia Fagundes Telles, Ledo Ivo, Rubem Braga, Fernando Sabino e outros demonstram intimidades e muita admiração pela escritora, dividindo além das correspondências freqüentes, as angústias pela publicação de algo; os momentos de preguiça para escrever, e os fatos que acometem o Brasil naquele momento da história.

Indicar Correspondências aos alunos iniciantes da leitura desta Literatura mais complexa é acima de tudo permitir uma viagem com olhares sobre a história do Brasil e do mundo nos períodos de 40 a 70; uma viagem gostosa, desmistificadora deste mundo, que os dos escritores e poetas; uma viagem de requinte nestas correspondências daqueles que representavam a elite financeira, cultural do país naquele momento.