BILLY ELIOTT

Ainda hoje, há quem torça o nariz quando o assunto é dança e, principalmente, se for sobre “bailarinos”. Isso mesmo, entre aspas, para ressaltar que, mesmo velado, essa atividade continua sendo vista como “para meninas”.

Já tive a oportunidade de perguntar à duas ex-bailarinas, que continuam no mundo da dança, se houve mudanças nessa mentalidade e obtive a mesma resposta: para o iniciante chegar à profissional é uma conquista diária.

Todos os anos a Escola Municipal de Bailado abre vagas gratuitas para seus cursos – do 1º ao 8º ano de balé clássico -, amplamente divulgado em site, Diário Oficial e mídia em geral, mas são raras as inscrições de meninos.

“Quando aparecem meninos já é uma festa. Agora, se tiverem potencial para o balé, daí sim, é a glória para nós. Precisamos de homens para compor as coreografias”, finaliza a ex-bailarina Esmeralda Gazal.

Não entendo nada de dança, mas gosto muito de filmes. Principalmente, os que mostram o talento superando os preconceitos, sejam eles quais forem.

No caso de Billy Elliot, primeiro longa-metragem do diretor inglês Stephen Daldry, e que de cara foi indicado para o Oscar da categoria, a trama não se limita ao preconceito. Ele vai além.

Mostra as dificuldades do pré-adolescente Eliot - brilhantemente interpretado pelo bailarino e ator Jamie Bell -, de enfrentar a intolerância do pai (Gary Lewis), do irmão (Jamie Draven) e dos demais carvoeiros de uma pacata cidade ao norte da Inglaterra para impor seu talento.

Como pano de fundo, a classe média inglesa, com suas influências política e de costumes, e os mineradores de carvão, em meio as greves ocorridas na década de 80, na era Tatcher.

Como todas as professoras, o entusiasmo e incentivo fica por conta da Senhora Wilkinson (Julie Walters) que, apesar de um tanto rude, passa a concentrar-se na preparação de seu novo protegido para uma audição no Royal Ballet de Londres.

Os mais sensíveis certamente observarão as cenas sutis dirigidas por Stephen Daldry para mostrar a inocência e ingenuidade dos jovens personagens frente a realidade e as descobertas físicas e sexuais própria da puberdade.

Um bom exemplo é a cena onde Billy e sua amiga Debbie (Nicola Blackwell) caminham tranqüilos entre os policiais perfilados para atacar os grevistas. Ou ainda, as cenas entre Billy e Tony (Jamie Draven) seu amigo com tendências homossexuais.

Resta dizer que o filme “Billy Eliot” retoma a magia dos musicais da década de 50 nos quais um personagem, no meio de uma cena qualquer, pode sair cantando ou dançando para em seguida, ao final do número, retomar a cena como se nada tivesse ocorrido.

Se ainda não viu, não perca tempo. Se já assistiu, aproveite a oportunidade para descobrir mais detalhes da história. Vale a pena!

Bom filme!

Etelvina de Oliveira
Enviado por Etelvina de Oliveira em 19/12/2009
Código do texto: T1986571
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.