A Onda

A Onda

O filme “A ONDA” de Dennis Gangel, baseado em um acontecimento verídico ocorrido na década de 60, trata-se de um Professor ( Rainer Wenger) do ensino médio que foi designado pela diretora da escola a lecionar aula sobre a Autocracia.Logo quando deu início percebeu o desinteresse da turma e resolveu ensinar seus alunos de uma forma diferente, como na época do filme o fascismo estava em alta tudo que era relacionado a ele também causava certo alvoroço. Após o consentimento dos alunos iniciou suas aulas de forma totalmente autocrática, ou seja, naquele determinado espaço somente ele reinava, sem saber que essas atitudes lhe causariam futuros problemas perante a sua vida pessoal e profissional.

Começou a elaborar algumas tarefas de reconhecimento e respeito, o primeiro passo foi à atitude do “levantar e sentar” e quando fosse sentar deveriam estar de forma correta e com os pés juntos perante a autoridade maior (professor), o segundo passo foi à escolha de uniforme, mas não é tão simples assim, pois no fascismo o uniforme era uma máscara que ocultava as diferenças sociais, o mais incrível é que os alunos para convencer os outros a usarem o uniforme diziam” ele é democrático, pois reduz todos a mesma condição”.. Realmente não sei de onde eles acharam aquela atitude uma forma democrática. O professor tinha razão, pois o fascismo tinha como principais característica a obediência, ou seja, a encenação diária repetida da hierarquia e da submissão. O terceiro passo naturalmente foi à escolha de uma saudação, que é um dos elementos principais para a identificação do grupo, resolveram então que a saudação seria um gesto de braço reproduzindo o movimento de uma onda, que lembrava o esporte que o professor e alguns integrantes praticavam.

Todavia o que começou com uma forma mais fácil de ensinar, se transformou em algo fora de controle, ou seja, os alunos entenderem de uma forma totalmente inversa pois o que o professor estava ensinando não era para ser praticado na vida real ,e sim uma forma de entenderem o que foi a AUTOCRACIA, mas temos que destacar que o professor RAINER WENGER, em certos momento gostava de ter o poder sobre aqueles alunos, afinal quem não deseja poder?

A onda deu aos alunos o complemento que faltava em suas vidas, tanto nas relações familiares como nas amizades. Naquele grupo se sentiam seguros e a amizade era gratuita, me refiro à amizade gratuita porque aparece em certa parte do filme um rapaz (TIM) que compra suas amizades, e na Onda nada daquilo foi necessário, pois eles se respeitam com igualdade e de forma unida. Mas com a condição de darem tudo... a quem ? Ao grupo?. Através daquela hierarquia instaurada, tudo é dado inevitavelmente ao chefe do grupo. Por esse motivo ele pode aparece como o bonzinho e o amigo conselheiro do grupo, mas na verdade se trata de uma atitude totalitária que representa a exploração dos que se subtem-se á autoridade, a atitude carismática não faz parte do chefe, aqueles que acreditam nele que lhe proporcionar determinadas simpatias, mas mal sabem que tudo aquilo faz parte de um plano de manipulação.

Mas nem tudo esta perdido, pois no filme temos a figura de duas moças que representam o livre convencimento, ou seja, não se submeteram a obediência, talvez por terem estruturas familiares melhores do que os demais, ou por acharem determinadas regras abusivas, pelo fato de não se juntarem ao movimento foram vitimas de bullyng, o que causou mais revolta na moça era o fato de seu namorado fazer parte do movimento, e a lealdade, devoção e afeto nada disso podia ser gasto com namorados ou com colegas, somente para aqueles que fossem membro do movimento, deixaram que seus sentimentos fossem manipulados, esta mais do que certo o totalitarismo, pois usa de maneiras nojentas para afetar e manipular o próximo. Uniforme, saudação, rituais, disciplina de massa, obediência, este conjunto excluiu todo o resto da sociedade somente quem fazia parte do movimento era respeitado de maneira digna.

Os membros do grupo eram tão infantis que em vez de expandir contra o inimigo exterior, se virou contra si mesmo, não conseguiram administrar nem conquistar novos membros como, por exemplo, alguns políticos ou até mesmo forças militares, a violência tomou conta deles, a ONDA para um deles eram algo tão importante em sua vida que quando o professor rejeitou o cargo de chefe do grupo, se revoltou e feriu um colega e tirou sua própria vida, pelo motivo de não aceitar a perda de algo que foi muito importante e que lhe deu segurança e alto confiança. Após esse episodio horrível a última cena do filme colocar em foco o rosto do professor com a afeição de derrota e totalmente transfigurado pela descoberta do fato ocorrido. Assim podemos concluir que a autocracia, fascismo, e o totalitarismo só são reconhecidos e percebidos quando já estão totalmente instalados e a sua dissolução pode causar graves conseqüências.

Fernanda Santos

Fernanda S Santos
Enviado por Fernanda S Santos em 19/11/2010
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