Um ato de Coragem (John Q)
 
Meu plano de saúde é um pouco confuso para o meu bolso. O problema é que além de caro, se o utilizo, preciso pagar um percentual do que uso. Nunca me preocupei com isso porque sempre o utilizei muito pouco – uma consulta aqui, outra ali, exames laboratoriais, etc... e tal. Até o mês passado quando acabei internada em um hospital e virando bolinha de pingue pongue em uma imaginária partida entre um médico aqui e outro ali. Bem, ainda não recebi nenhuma conta, mas sei que quando chegar vou me lembrar bastante do filme que assisti hoje – John Q. Um ato de Coragem.

Não conheço o sistema de saúde norteamericano. O pouco que sei dele não é negativo: minha irmã mora lá, teve câncer e conseguiu recuperar-se e receber atendimento constante até hoje. Sem plano de saúde. Mas sei também que a vida de pessoas pobres não é fácil em nenhum lugar. E pelo filme deu para sentir que a vida nos EUA é como em todos os lugares do mundo – os homens têm oportunidade de mostrar o claroescuro de suas almas.


Mas em John Q. este sistema é colocado em cheque. Denzel Washington, o John da história, é um homem comum, um trabalhador do povo que vê sua vida mudar de ponta cabeça quando o filho, aparentemente sadio, se vê acometido de uma doença cardíaca extremamente grave. O pai, amoroso e orgulhoso, faz de tudo o que pode para conseguir cuidar do filho doente – mas todas as portas se fecham em sua cara. Sem compaixão. Então ele se vê obrigado a tomar medidas drásticas para conseguir salva a vida do filho. É um filme dramático, de suspense, violento. Questões políticas e sociais são debatidas e o circo é armado frente as câmeras de TV. Na horinha, mas na horinha H mesmo, quando o problema deveria ser solucionado, um raio corta 
o céu e a televisão sai do ar. Mas... tive sorte. Volta, antes que o filme acabe e pelo menos eu fico sabendo que, doa a quem doer, a justiça para os lados de lá funciona. Mesmo tendo a simpatia de todos, cometeu um crime, tem que pagar.

Apesar de mostrar as mazelas do sistema de saúde do país, de mostrar a ganância dos hospitais e de alguns médicos, o ridículo dos apresentadores de TV frente as Câmeras onde vale tudo pela audiência, não me trouxe nenhum conforto: o saber que tal como aqui os interesses pessoais e corporativos são maiores do que os interesses das pessoas. Só tristeza. O Paraíso Perdido não está na Terra.