O ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS

Sinopse:

Belo Horizonte,1970.

Bia estava ansiosa esperando pela chegada de Daniel Stern, seu marido. Mauro,de 12 anos, filho de Daniel e Bia, praticava seu hobby preferido, futebol de botão, e lembrava do que seu pai sempre dizia: "no futebol, todo mundo pode errar, menos o goleiro".

Finalmente o pai de Mauro chegou, atrasado como sempre. Apressados, os pais de Mauro e o garoto entraram no fusca azul e iniciaram a viagem rumo à São Paulo. No rádio, o noticiário discutia a grande polêmica: muitos brasileiros duvidavam que Pelé e Tostão pudessem jogar juntos, contrariando a escalação do técnico Zagalo às vésperas da Copa do México.

Naquele mesmo ano, auge da ditadura, foi criado pelo Regime Militar (instituído pelo golpe de abril de 1964) o DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informação- Centro de Operações de Defesa Interna) que integrava o Serviço Nacional de Informações com os centros de informações das três armas (CIEX, CINEMAR), a polícia federal e as polícias estaduais. O propósito era obter informações sobre opositores ao regime, mas servia também de instrumento para desmobilizar as oposições, atingindo além do indivíduo, que era submetido a interrogatórios, as demais pessoas de seu grupo, que logo ficava sabendo do acontecido.

Mas o que Mauro queria é ver o Brasil tricampeão mundial de futebol e terminar sua coleção de figurinhas da Copa. Na verdade, só faltava uma figurinha- a do lateral esquerda Everaldo (que jogava no Grêmio). A figurinha do Everaldo era tão difícil que suspeitava-se que a editora tinha esquecido de confeccioná-la.

O fusca azul com Daniel, Bia e Mauro chegou ao Bom Retiro, um bairro paulistano predominantemente judeu, mas com forte presença de italianos (como o estudante Ítalo, revolucionário), além de espanhóis, gregos(como a bela atendente da lanchonete Irene), árabes, japoneses, nordestinos e negros (como o motoqueiro namorado de Irene).

Foi na frente do prédio de apartamentos no Bom Retiro, onde mora Mótel, o avô paterno de Mauro, que Bia e Daniel despediram-se do filho, dizendo somente que “a gente não tá indo porque a gente quer” , “ a gente vai voltar na Copa” e “a gente está saindo de férias”.

Mauro, com uma bola debaixo de um braço, uma mala na outra e um bilhete com o endereço do avô no bolso, subiu as escadas e chegou ao apartamento do avô. Acabou descobrindo que Mótel faleceu poucos minutos antes na barbearia em que trabalhava. Mauro acabou sendo “adotado” pelo vizinho do avô, Schlomo, um judeu polonês solitário que chama Mauro de Moishele, porque apareceu do nada, igual ao Moisés trazido pelas águas do Nilo, dentro de um cesto.

Enquanto aguardava um telefonema dos pais, Mauro precisava lidar com sua nova realidade, e aos poucos aprender, entre outras coisas, que “comer fatias de peixe de manhã faz bem pra cabeça” , “tomar banho gelado evita a pegar resfriado” e que fritar um ovo pode ser mais difícil e perigoso do que parece.

No prédio, Mauro fez amizade com a garota Hanna, filha da costureira do bairro. Hanna vendia para os meninos "vagas" nos fundos de uma confecção para assistir às freguesas da sua mãe experimentando roupas nos provadores da loja através de um buraquinho na parede.

A Copa do Mundo começou e a atenção de Mauro se dividiu entre a expectativa pela volta dos pais e as partidas de futebol.

Observáções históricas: -Na Copa do Mundo do México de 1970, o Brasil jogou 6 vezes e ganhou todos os jogos: 4x1 Tchecoslováquia, 1x0 Inglaterra, 3x2 Romênia, 4x2 Peru, 3x1 Uruguai e 4x1 Itália (21/06/1970).

-Emílio Garrastazu Médici assumiu a Presidência em 30 de outubro de 1969 e governou até 15 de março de 1974. Seu Governo ficou conhecido como "os anos negros da ditadura". O movimento estudantil e sindical estavam contidos e silenciados pela repressão policial. Nesse período é que se deram a maior parte dos desaparecimentos políticos e a tortura tornou-se prática comum dos DOI-CODIs, órgãos governamentais responsáveis por anular os esquerdistas.

Bastidores: -A rua Lusitânia, no centro de Campinas, foi escolhida para ambientar algumas das principais cenas externas do filme, por possuir características que lembravam o bairro do Bom Retiro em 1970: a pavimentação de paralelepípedos, a arquitetura típica e os sobrados em volta.

-O garoto Michel Joelsas, de 11 anos, foi escolhido pelo diretor Cao Hamburger após testes feitos em colégios judaicos com cerca de 1000 crianças do Brasil inteiro. Ele estuda na escola israelita Peretz, na Vila Mariana (zona sul de São Paulo).

-Cao Hamburger é filho dos físicos Ernst e Amélia Hamburger. É o criador, junto com Flávio de Souza, da série de TV Castelo Rá-Tim-Bum.

EU SOU TERRÍVEL

Roberto e Erasmo Carlos

Tema do filme O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias

Eu sou terrível e é bom parar

De desse jeito me provocar

Você não sabe de onde venho

O que eu sou, nem o que tenho

Eu sou terrível, vou lhe dizer

Que ponho mesmo pra derreter

Estou com a razão no que digo

Não tenho medo nem do perigo

Minha caranga é máquina quente

Eu sou terrível e é bom parar

Porque agora vou decolar

Não é preciso nem avião

Eu vôo mesmo aqui no chão

Eu sou terrível, vou lhe contar

Não vai ser mole me acompanhar

Garota que andar do meu lado

Vai ver que eu ando mesmo apressado

Minha caranga é máquina quente

Eu sou terrível...

Ficha Técnica: (Brasil, 2006)

Drama - 110 min.

Direção: Cao Hamburger.

Roteiro de Cláudio Galperin, Bráulio Mantovani, Anna Muylaert e Cao Hamburger, baseado em história original de Cláudio Galperin e Cao Hamburger. Produzido por Caio Gullane, Cao Hamburger e Fabiano Gullane para a Gullane Filmes / Caos Produções Cinematográficas / Miravista / Globo Filmes. Elenco: Michel Joelsas (Mauro), Germano Haiut (Shlomo), Daniela Piepszyk (Hanna), Caio Blat (Ítalo), Paulo Autran (Mótel), Simone Spoladore (Bia), Eduardo Moreira (Daniel), Liliana Castro (Irene).

AIRTON SHINTO
Enviado por AIRTON SHINTO em 06/11/2006
Reeditado em 05/01/2007
Código do texto: T283850