ACIDENTE NA USINA NUCLEAR DE CHERNOBYL - Heroísmo ou soldados suicidas

NILVANA T. S. KOPPE

Técnica em Radiologia - CEPUTEC

ACIDENTE NA USINA NUCLEAR DE CHERNOBYL

Heroismo ou soldados suicidas

RESENHA SOBRE O FILME: A VERDADEIRA HISTÓRIA SOBRE O ACIDENTE DE CHERNOBYL

- Principais efeitos nas vítimas e seus descendentes

- Causas do acidente

- Principal causador do acidente

Em 26 de abril de 1986, como resultado de uma série de falhas de engenharia e controle, (devido a uma simulação de uma situação de emergência) ocorreu um superaquecimento do reator número 4 da usina nuclear de Chernobyl, próxima a cidade de Kiev, na Ucrânia (ex-URSS). O superaquecimento provocou uma explosão que deslocou a tampa do reator, de duas mil toneladas, lançando na atmosfera uma nuvem contendo isótopos radioativos.

A nuvem subiu cerca de 5 km de altitude e se alastrou por vários países da Europa Oriental, União Soviética, Escandinávia e Reino Unido, sendo detectada a muitos quilômetros de distância. Esse foi o mais grave acidente nuclear da história.

Ucrânia e Bielorrússia enfrentam problemas a longo prazo.

Muitos dos seus habitantes não podem beber água do local ou ingerir alimentos como vegetais carne e leite ali produzidos. Cerca de 20% do solo agricultável e 15% das florestas de Belarus não podem ser ocupados por mais de um século devido aos altos índices de radioatividade. Cerca de 60% de radioatividade caiu em terra em Belarus.

Devido a contaminação, houve a evacuação e reassentamento de aproximadamente 200 mil pessoas.

Algumas das informações sobre o acidente nuclear reveladas no filme assistido na aula de física, ficaram incompletas. Devido a falhas na reprodução do filme, muitas informações repassadas rapidamente e falta de conhecimento mais profundo sobre o assunto, são fatores importantes que justificam enriquecer o trabalho com informações retiradas do site Wikipédia e consultas em livros didáticos, bem como na forma como essa resenha foi elaborada. Apesar do pouquíssimo conhecimento a respeito de física nuclear, reatores e principalmente a compreensão sobre o que aconteceu no reator durante o teste na usina nuclear, foi muito interessante rever o que se tem de registros e o que nos revela ainda a verdadeira história depois de vinte anos. Esta resenha me possibilitou uma reflexão crítica relacionada às sequências de eventos e suas consequências na população afetada.

Se a humanidade ainda sente os efeitos das bombas de Hiroshima e Nagasáqui (1945), da primeira bomba de hidrogênio testada em 1952, dos testes nucleares de 1981, por que estaríamos longe de ignorar um acidente nuclear que aconteceu em 1986?

Estima-se que mais de duzentas explosões nucleares já aconteceram por todo o planeta, como parte dos chamados testes nucleares. O lixo atômico produzido nesses eventos é espalhado pelo vento, pela água e pelos seres vivos.

1.0 CAUSAS DO ACIDENTE

O reator de a Usina Nuclear de Chernobyl- 4 sofreram uma catastrófica explosão, no dia 26 de abril de 1986 às 01h23min. AM hora local.

Há duas teorias oficiais, mas contraditórias, (esse tipo de situação fica claro no filme principalmente no que se refere às informações oficiais).

Uma teoria, publicada em agosto de 1986, atribui a culpa, exclusivamente, aos operadores da usina. Não fica claro no filme, porém é de se esperar que essas pessoas morreram na hora do acidente, como iriam isentar-se da culpa? A segunda teoria foi publicada em 1991 e atribui o acidente a defeitos no projeto do reator RBMK, especificamente nas hastes de controle. Alguns especialistas independentes agora acreditam que nenhuma teoria estava completamente certa.

Considero interessantes, os dados retirados do site, pois apesar de serem comentados no filme não foi possível anotar e compreender os nomes, uma vez que são russos.

Outro fator importante que tenha contribuído para o acidente seja o fato de que os operadores não estavam informados sobre certos problemas do reator. De acordo com um deles, Anatoli Dyatlov, o projetista sabia que o reator era perigoso em algumas condições, mas intencionalmente omitiu esta informação. A gerência da instalação era composta em grande parte de pessoal não qualificado em RBMK (tipo do reator): o diretor, V.P.Bryukhanov, tinha experiência e treinamento em usina termoelétrica a carvão; seu engenheiro chefe, Nikolai Fomin, veio de uma usina convencional. O próprio Anatoli, ex-engenheiro chefe dos Reatores 3 e 4, possuía “alguma experiência com pequenos reatores nucleares”.

De acordo com o relatório do governo, publicado em agosto de 1986, os operadores removeram pelo menos 204 hastes de controle do núcleo do reator (de um total de 211 deste modelo de reator). O guia proibia a operação do RBMK-1000 com menos de 15 hastes dentro da zona do núcleo. Parece-me importante ressaltar que além dos problemas e defeitos em relação ao projeto, a comunicação ineficiente entre os escritórios de segurança e os oradores responsáveis pelo experimento naquela noite e violação de procedimentos contribuíram e muito para o acidente.

Hoje a vinte cinco anos do que a humanidade chamou de Acidente em Chernobyl, podemos avaliar o que teria acontecido à humanidade se aqueles “heróis ou suicidas”, não tivessem tido tempo de hastear a bandeira vermelha sobre o grande sarcófago nuclear, feito com 300 mil toneladas de concreto, visando isolar os resíduos que ainda permanecerão em decaimento radioativo por décadas.

2.0 O TESTE

Segundo informações do site, o reator da Unidade 4 estava programado para ser desligado para manutenção de rotina. Oportunidade utilizada para testar se as turbinas (onde ocorreram melhorias) poderiam produzir energia suficiente para manter as bombas do líquido de refrigeração funcionando, no caso de uma perda de potência, até que o gerador de emergência, a diesel, fosse ativado. A potência de saída do reator 4 devia ser reduzida de sua capacidade normal de 3,2 GW para 700 MW a fim de realizar o teste com baixa potência, mais segura. Porém devido à demora em começar a experiência, os operadores do reator reduziram a geração muito rapidamente, e a saída do real foi de somente 30 MW. Como resultado a concentração de nêutrons absorvendo o produto da fissão, xenon-135, aumentou (esse produto é tipicamente consumido num reator em baixa carga). Embora a escala de queda estivesse próxima ao máximo permitido pelos regulamentos de segurança, a gerência dos operadores decidiu não desligar o reator e continuar o teste. Foi decidido abreviar o experimento e aumentar a potência para apenas 200 MW. A fim de superar a absorção de nêutrons do excesso de xenon-135, as hastes de controle foram puxadas para for a do reator mais rapidamente que o permitido pelo regulamento de segurança. Como parte do experimento, à 01h05min de 26 de abril, as bombas que foram alimentadas pelo gerador da turbina foram ligadas; o fluxo de água gerado por essa ação excedeu o especificado pelo regulamento de segurança. O fluxo de água aumentou à 01h19min, uma vez que a água absorve nêutrons, esse incremento no fluxo de água requeria a remoção manual das hastes de controle, produzindo uma condição de operação instável e perigosa.

À 01h23min, o teste começou. A situação instável do reator não se refletia, no painel de controle. O perigo não era consciente. A energia para as bombas de água foi cortada, e como elas foram conduzidas pela inércia do gerador da turbina, o fluxo de água decresceu. A turbina foi desconectada do reator. À medida que o líquido resfriador aquecia, bolsas de vapor se formavam nas linhas de resfriamento. O projeto peculiar do reator moderado a grafite RBMK em Chernobyl tem um grande coeficiente de vazio positivo, o que significa que a potência do reator aumenta rapidamente na ausência da absorção de nêutrons na água, e nesse caso a operação do reator torna-se progressivamente menos estável e mais perigosa. À 01h23min os operadores pressionaram o botão AZ-5 (Defesa Rápida de Emergência 5) que ordenou uma inserção total de todas as hastes de controle, incluindo as hastes de controle manual que haviam sido retiradas sem cautela. A parada total fora ordenada como resposta a inesperada subida rápida de potência, por outro lado o engenheiro chefe justificou a parada total, pois havia concluído o experimento.

Devido à baixa velocidade do mecanismo de inserção das hastes de controle (20 segundos para completar), as partes ocas das hastes e o deslocamento temporário do resfriador, a parada total provocou o aumento da velocidade da reação. O aumento da energia de saída causou a deformação dos canais das hastes de controle.

As hastes travaram após serem inseridas somente a um terço do caminho, e foram, portanto incapazes de conter a reação. Por volta de 01h23min: 27, o reator pulou para cerca de 30 GW, dez vezes a potência normal de saída. As hastes de combustível começaram a derreter e a pressão do vapor, deslocando e destruindo a cobertura do reator, rompendo os tubos de resfriamento e então abrindo um buraco no teto.

O reator foi construído com contenção parcial a fim de reduzir custos, isso permitiu que os contaminantes radioativos escapassem para a atmosfera.

Infelizmente a contenção de custos, gerou um gasto de 18 milhões de rubros em função do acidente. (SIC no filme)

A entrada do oxigênio combinada com a temperatura extremamente alta do combustível do reator e da grafite moderador produziu o incêndio da grafite.

Esse incêndio contribuiu para espalhar o material radioativo e contaminar as áreas vizinhas.

Embora muitas pessoas sejam contrárias ao uso da energia nuclear, sua importância atual para o bem estar de várias populações não pode, nem deve ser ignorada.

O reator de Angra I, RJ Brasil, visa transformar a energia nuclear em energia elétrica, quando está ligado, gera 650 megawatts, tendo um dos mais baixos índices de eficiência do mundo. O programa nuclear brasileiro sobrevive graças a um paradoxo: gastou demais para ser desativado. Questões tecnológicas importantes, como a do lixo radioativo, permanecem abertas. Até o direito básico de segurança à população de Angra, está mal resolvido, o Plano de Evacuação de Emergência da cidade em caso de acidente é uma ficção.

Cabe informar, por exemplo, a porcentagem com que a energia nuclear contribui na produção total de energia elétrica para alguns países: França, 72,9%; Lituânia, 60%; Bélgica, 59,9%; Japão, 27,7%; Rússia, 11,8% (Tito e Canto, pg. 446.)

30 SEQUÊNCIA DE EVENTOS E FALTA DE INFORMAÇÃO

Se tiver algo que chama a atenção no filme, é a falta de informação à população. O próprio líder da nação M. Gorbachev, admitiu saber do acidente às 08h00min a.m como sendo um incêndio na usina nuclear.

Fica evidente que o governo soviético procurou esconder o ocorrido da população mais afetada, como da comunidade mundial, pois segundo informações acessadas na internet, no dia 28 de abril às 23h00min, (filme: 01h00min) um laboratório de pesquisas nucleares da Dinamarca anunciou a ocorrência de um acidente nuclear em Chernobyl. No dia 27, os habitantes de Pripyat foram evacuados. No dia 29 de abril, o acidente foi divulgado como notícia pela primeira vez na Alemanha. Após 60 horas do acidente ainda não havia comunicado oficial. Satélites detectaram a tragédia após 3 dias, só então no dia 28 de abril os russos avisaram o resto do mundo que a Europa estava em perigo.

Por incrível que pareça, o governo soviético incentivou a população a participar das comemoraçõe do 1 de Maio que ficou conhecida com “A Parada dos Mortos”, cujos registros desapareceram, bem com não há estudos sobre qual a quantidade de radioatividade no ar naquele dia. A fim de evitar o pânico, até o dia 5 de maio de 1986 – durante os 10 dias após o acidente, 130 mil pessoas foram evacuadas, 300 mil hectares de terra ficaram isolados do mundo.

Enquanto a França, Grã Bretanha e Grécia eram atingidas por uma nuvem radioativa de Césio 137 e Iodo 131, Chernobyl continuava a queimar. Havia ainda aproximadamente 195 toneladas de combustível, o calor aumentava assim como eram grandes e inimagináveis as chances de ocorrer uma nova explosão. Esta, com certeza mais devastadora ainda que tornasse o continente Europeu inabitável. Era urgente acabar com o fogo, agora ficava inconcebível uma bomba atômica (urânio + grafite + água) de 3 a 5 megatons de potência.

Talvez por ironia, caiba aqui registrar que a arma mais potente já detonada tinha 58 megatons. Foi testada pela União Soviética em 30 de outubro de 1981, (1 megaton= a 1 milhão de TNT.)

Estudos atuais ainda detectam fragmentos e possíveis efeitos climáticos após a detonação de centenas de megatons durante o período de testes atmosféricos de engenhos nucleares pelos Estados Unidos e União Soviética, encerrado pelo Tratado Limitado de Proibição de Testes em 1963 (Tito e Canto, pg.448).

No dia 06 de maio, cessou a emissão radiativa. Consta que nos dias 15 e 16 de maio ocorreram novos focos de incêndio e emissões radiativas.

Além de a população receber falsas informações, e saber o que havia acontecido por boatos, o gosto ácido na boca deixava claro que os níveis de radiação eram altíssimos. Somente no dia 23 de maio de 1986, ou seja, quase um mês depois do acidente, o governo ordenou a distribuição de solução de Iodo à população. No mês de novembro o “sarcófago” que abriga o reator foi concluído. Ele destina-se a absorver e conter o combustível remanescente. Considerado uma medida provisória e construído para durar 20 a 30 anos, seu maior problema é a falta de estabilidade, pois como foi construído às pressas, há risco de ferrugens nas vigas.

O governo russo embargou a construção dos reatores 5 e 6 da usina no ano de 1989.

Por fim, em 12 de dezembro de 2000, depois de várias negociações (pressões?) internacinais a usina de Chernobyl foi desativada.

4.0 REFUGIADOS ATÔMICOS

A guerra da população russa foi tão secreta que até o seu inimigo era invisível.

Partículas radioativas caíam sobre a terra, sobre as cabeças de pessoas, sobre as crianças, os animais, os pertences, sobre a cultura, sobre a identidade do povo, enfim, sobre a vida em Pripyat.

A usina está situada no assentamento de Pripyat, Ucrânia, 18 km a noroeste da cidade de Chernobyl, 16 km da fronteira com Belarus, e cerca de 110 km ao norte de Kiev.

As pessoas não foram informadas de que havia ocorrido um acidente nuclear e que a vida delas estava em risco. Não foram tomadas precauções imediatas com retirada de moradores, nem tampouco a administração de Iodo a fim de neutralizar a radioatividade a que foram sujeitos. A gravidade da situação foi subestimada. Militares e comissão científica ignoraram o perigo, e as informações ficaram em segredo. Porém, a predominância de ventos norte e noroeste, e no final de abril mudando para sul e sudeste, fez com que o segredo fosse revelado.

As pessoas sentiam náuseas, vômitos, diarréias, queimaduras no corpo e por fim destruição da medula óssea. Com doses letais, foram registrados 27 casos. No dia seguinte a explosão do reator, os habitantes de Pripyat foram evacuados, porém a população foi incentivada a participar das comemorações de 1 de maio. O governo se recusava aceitar a situação e precisava evitar o pânico.

Foram 130 mil refugiados atômicos, pessoas com alterações no sangue, cancerizadas, presença de radiação, que deixaram tudo para trás, seu passado, sua história, um povo sem identidade. Por ironia do destino seus jogadores de futebol seriam identificados mundialmente como a seleção radioativa.

5.0 HERÓIS OU SOLDADOS SUICIDAS

“Era preciso conter o fogo”, ressalta o único jornalista autorizado a participar da reportagem.

No momento havia duas medidas a serem tomadas: retirar a água ou despejar chumbo para diminuir a temperatura. Assim como a população, os soldados não viam o seu inimigo, era inacreditável. Eles não tinham idéia dos riscos, não tinham equipamentos e não foram preparados para esse tipo de guerra. Aproximadamente 1800 helicópteros jogaram cerca de 5000 toneladas de material extintor, como areia e chumbo, sobre o reator que queimava. Devido ao calor, o chumbo derreteu e contaminou o ar, foi possível detectar chumbo nas vítimas. Estima-se que 600 pilotos morreram. Os níveis de radiação continuaram a subir e era necessário chegar mais perto do “inferno”. O magma poderia chegar até a água e contaminar o aquífero subterrâneo, sem falar no risco de explosão. Os “soldados”, 10.000 mineiros foram convocados em nome da pátria a chegar pelo subterrâneo até o reator. Sem proteção, absorvendo 1 R por hora, 17 dias depois conseguiram conter o magma construindo uma parede de concreto. Com doses 300 vezes mais altas, todos foram contaminados e não informados. A dose absorvida era de 30 a 60 R, ou seja, cinco vezes mais. Os “soldados” tinham sua morte programada: 40 anos.

Não foram registradas aproximadamente 2.500 vítimas.

Após 18 dias do acidente, o governo se viu obrigado a conversar sobre a tragédia com o povo, seria uma estratégia para que a população acreditasse e apoiasse o governo?

Evidentemente que alguém teria que limpar, recolher e cobrir aquela “sujeira”, nada fácil de ser encoberta. Mais homens e “soldados” seriam necessários. Havia a “brigada vermelha” contra a radiação, talvez ainda ambulante, como os animais. Foram demolidas casas e tudo deveria ser enterrado. A “brigada dos liquidadores da radioatividade” recebeu após o trabalho, 100 rubros e um certificado, provavelmente o que nós chamaríamos de honra ao mérito.

Em oito semanas o reator interno deveria estar isolado, decidiu-se pela construção do “sarcófago”, uma imensa construção de concreto de 170m de comprimento por 66 de altura. Controlando o perigo mais imediato, veículos-robôs foram usados na tentativa de limpar a usina e eliminar os resíduos radioativos. Esses robôs apresentaram falhas de funcionamento, provavelmente devido aos altos níveis de radiação no local. Os robôs foram substituídos por bio-robôs, ou seja, aqueles homens, soldados ou não, que passaram a acreditar no seu governo, se muniram de 26 a 30 kg de chumbo em forma de roupa protetora e foram fazer a tal limpeza, evidente que os reservistas estavam obrigados a este ato de heroísmo. Cada homem tinha 40 segundos para permanecer no inferno, a cada som da sirene outros oito homens era substituído, o trabalho duraram dez dias. Interessantes os dados e a comparação que é feita: 45 segundos de trabalho é igual a remoção de duas pás de resíduos o que daria a eles tempo de absorver a quantidade de 7.000R. Sabendo–se que muitos daqueles objetos continham 1.500R, na ficha médica destes “soldados heróis”, constava apenas o registro de 20,5R. Outro registro importante são sobre as sensações desses jovens fortes, após 1 hora de trabalho ao limparem uma área de 30 km: sangramento nasal, desmaios, olhos ardendo, gosto metálico na boca.

Mesmo que a história venha sempre a homenageá-los como heróis ou que se levantem monumentos em homenagens às vítimas, não é possível ignorar que este acidente deixará impresso no DNA de muitas gerações futuras, o dia 26 de abril de 1986.

Heróis ou soldados suicidas, estes homens, tiveram a honra de gravar seus nomes na tampa que fecha a usina, alegraram-se ao hastear, como prêmio e triunfo, sobre o túmulo do inimigo invisível, a bandeira vermelha da pátria que consagrou seus “suicidas”.

6.0 ESTIMATIVAS EM RELAÇÃO ÀS VÍTIMAS

Estima-se que 500 mil pessoas participaram dessa operação. Quinze anos depois do acidente, foram reconhecidos os primeiros casos de florestas queimadas. Especialistas acreditam que oito mil ucranianos já morreram como consequência da tragédia.

Há previsões de que até dezessete mil pessoas poderão morrer de câncer nos próximos setenta anos devido à radiação espalhada no ocidente (pg.445).

Muitos foram os contaminados, resultando na evacuação e reassentamento de aproximadamente 200 mil pessoas. É difícil dizer com precisão o número de mortos causados neste evento nuclear, devido a mortes esperadas por câncer, que ainda não ocorreram.

Um relatório da ONU de 2005 atribuiu 56 mortes até aquela data – 47 trabalhadores acidentados e 9 crianças com câncer de tireóide, e estimou que 4000 pessoas viessem a morrer de doenças relacionadas ao acidente. O Greenpeace, entre outros, contesta as conclusões do estudo.

O acidente fez crescer preocupações sobre a segurança da indústria nuclear soviética, diminuindo sua expansão e forçando o governo soviético a ser menos secreto.

Talvez, seja necessário lembrar por muitas e muitas gerações o acidente nuclear de Chernobyl como a maior tragédia nuclear do planeta. É possível que o mantivesse na memória, a humanidade estará sempre em alerta. Mesmo que ainda seja utópica essa possibilidade de alerta, me faz lembrar que em 1987, quase um ano depois, ocorreu em Goiânia no Brasil o maior acidente radiológico do planeta. Novamente a irresponsabilidade e falta de informações, a subestimação do perigo pela população e do governo, leva ao mundo a notícia de uma nova tragédia, evidente que não nas mesmas proporções, porém incalculáveis, também são as vítimas.

Apesar de tudo, a Coréia do Norte no ano de 2006, desafia o Tratado de Não Proliferação de Armas Atômicas e realiza um teste de explosão nuclear, deixando novamente o planeta em apreensão.

E hoje, 2011 estamos diante de um novo acidente nuclear. Será considerado maior que Chernobyl? Provocado ou não por adversidades naturais as proporções já são gigantescas e o vazamento de Plutônio deixa em alerta máximo

Foram 25 anos sem acidentes nucleares de grandes proporções o que propiciou um renascimento nuclear. O acidente nuclear do Japão levanta dúvidas quanto à segurança dos reatores nucleares e reviveu todos os problemas já esquecidos que reatores nucleares podem trazer. É extremamente necessário reanalisar os interesses que norteiam a expansão da energia nuclear como solução na Europa e nos Estados Unidos.

Reavaliar é particularmente importante para os países em desenvolvimento, como o Brasil, que tem outras opções - melhores sob todos os pontos de vista - além da energia nuclear para a produção de eletricidade, que são as energias renováveis, como a hidrelétrica, a eólica e a energia de biomassa.

Vento de Outono
Enviado por Vento de Outono em 29/03/2011
Código do texto: T2877017
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