O PRÍNCIPE DAS MARÉS
 
RESUMO DO FILME
 
Filme baseado no livro The Prince of Tides, de Pat Conroy, narra a saga de uma família composta por cinco pessoas: Henry (pai), Lila (mãe), Luke (o filho mais velho), Tom e Savannah (os gêmeos). Viviam numa ilha (Melrose), na Carolina do Sul, muito cobiçada pelo governo, que visava a exploração petrolífera, o que ocasionou a morte de Luke, o irmão mais velho que não se conformou em perder a ilha.
 
Os pais separaram-se depois de muitos conflitos. A mãe acabou indo viver com um antigo desafeto de Tom que por sua vez, tornou-se professor e treinador de futebol.
 
Savannah Wingo, a irmã gêmea de Tom, trazia consigo desde a infância, um desequilíbrio emocional que desencadeava tentativas de suicídio. Numa dessas tentativas, Susan Lowenstein, a psicóloga que a acompanhava solicitou a presença de alguém da família. Tom que então vivia um casamento conturbado, ao tentar ajudar a irmã acabou por se envolver com Susan.  Savannah era escritora, mas publicou alguns livros usando um pseudônimo e Tom ao entrar numa livraria ficou chocado ao ver a sua ilha ilustrando a capa de um livro. Aquela era a sua história e uma estranha a conhecia. Terminou por descobrir que a própria irmã era a autora da obra.
 
Além dos conflitos comuns àquela família, havia um grande segredo que os atormentava e um pacto imposto pela mãe, os impedia de revelar. Uma noite, na ilha, estando ausentes o pai e o irmão mais velho, fugitivos de uma prisão invadiram a casa e violentaram a mãe e os gêmeos. Luke apareceu e os matou e com ajuda da mãe destruíram as evidências. Ninguém ficou sabendo do ocorrido.
 
Filme rico em “flash back”, às vezes monótono, mas focado nas experiências que determinaram a personalidade de Tom Wingo, que narra a história. Excelente fotografia e uma trilha musical encantadora, com as fantásticas atuações de Barbra Streisand (Susan) e Nick Nolte (Tom Wingo). 
 
 

ANALISANDO
 
Para justificar e até mesmo desvendar nuances da personalidade de Tom Wingo é imprescindível analisarmos determinados fatos. 
Poderiam compor uma família feliz, mas, ao contrário, a base era bastante vulnerável.
O pai, grosseiro, rude, seco e tirano vivia gritando com os filhos e com a esposa, que por sua vez era fútil, sonhadora, ambiciosa, deslumbrada e nada compatível com o exemplo de esposa e mãe.
Os constantes  desentendimentos tornavam cada vez mais difícil a convivência entre eles. As crianças, carentes de atenção e afeto encontraram uma “válvula de escape” – fugiam da realidade criando um mundo onde eram inatingíveis.  Em Luke, viam o pai ideal, o defensor, o amigo. Perder Luke foi como perder a referência e para Tom que já se sentia inútil por não ter defendido a mãe e a irmã naquela noite terrível, agora a responsabilidade recaía sobre ele e era enorme, visto que teria que proteger a irmã dela mesma que sofria com crises neuróticas e compulsão suicida.
O trauma causado pela negação da realidade fazia com que não aceitassem a si mesmos. Todos esses reveses acumulados e nidados em seus subconscientes, em seus programas de existência, retidos, mas não esquecidos, teimavam em influenciar suas atitudes de adultos que não conseguiam encontrar a paz.
Tudo isso e mais as heranças genéticas determinaram o caráter de Tom e contribuíram para que ele desenvolvesse uma espécie de armadura sob a qual escondia o seu verdadeiro “ego”. Sua personalidade foi estruturada a partir da admiração e respeito pelo irmão, que antagonizava o temor e a tirania do pai e tentava equilibrar essa força na responsabilidade, no dever de cuidar da irmã. Portanto, no fundo, ele era um pouco de cada um. Em determinados momentos era forte e protetor como Luke, outras vezes, áspero e rude como o pai, mas a fragilidade de Savannah também era sua e como não podia, não devia demonstrá-la escondia-se sob a máscara de um homem inacessível, introspectivo, irônico e enigmático. Precisava de ajuda como qualquer um, mas não admitia. Abrir-se era sinônimo de fraqueza. Talvez a cada momento em que esteve prestes a ”se entregar” tenha se lembrado do irmão e do pai que de certa forma, embora em extremos opostos eram seus juízes e seus heróis, um simbolizando o amor e outro, o medo. A barreira foi rompida quando perdeu o controle da situação. Sua história já havia sido revelada, não havia mais segredo. De início intrigou-se, mas acabou reagindo de maneira positiva.
 
Isso mostra que o ser humano pode demorar dentro de uma concha, mas um dia ela vai explodir e uma pessoa incrível vai irromper para o mundo.
 
Fátima Almeida
 
Fátima Almeida
Enviado por Fátima Almeida em 23/05/2011
Reeditado em 21/11/2015
Código do texto: T2987517
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