ANÁLISE “PSICANALÍTICA” DO AUTOR DO FILME “O CASTELO ANIMADO” (“HOWL’S MOVING CASTLE”) – HAYAO MIYAZAKI
 
O presente filme “O Castelo Animado” de Hayao Miyazaki, possui uma duração aproximada de 120 minutos. O encarte do DVD faz uma boa síntese que descrevo literalmente aqui. Diz assim: “Essa é a história de Sophie, uma jovem de 18 anos vítima da maldição de uma bruxa que a transformou em uma senhora de 90 anos. Obrigada a sair de casa, Sophie encontra em seu caminho o estranho castelo de um jovem mágico, onde nossa heroína passa a viver. Apenas o mágico é capaz de ver a verdadeira Sophie por trás da imagem da velha senhora. Ele, então, se apaixona por ela. E ela também se encanta por ele. Mas, para desfazer a maldição e viver esse amor em paz, Sophie e o mágico terão que superar muitos obstáculos e buscar em seus corações a força dos sentimentos mais nobres, para juntos enfrentarem poderosos inimigos. Uma viagem fascinante e inesquecível ao fantástico mundo dos mágicos, bruxas e castelo que têm vida própria”.
            O objetivo deste pequeno trabalho não está propriamente no filme, mas no autor do filme. Ele tem exatamente 69 anos. Nasceu no dia 5 de Janeiro de 1941. Foi o segundo de três filhos. Viveu os momentos terríveis da guerra. No filme deixa claro essa perspectiva: incêndios, chamas, guerras, armas, mortes e terrores. Dá a entender que o jovem mágico no filme é sua figura de alguém que consegue ver as coisas novas, Sophie, e um mundo diferente das guerras, mesmo em meio a tantas e terríveis destruições. Hayao herdou do pai, pelo que parece em sua biografia, a paixão por aviões e aeronaves. No filme há muito disso, inclusive o mágico voando por todos os lados e situações diferentes e contrastantes. Interessante é que no filme também, Sophie, era uma jovem que trabalhava sem descanso na chapelaria do falecido pai. Assume como que a figura paterna no trabalho; sua feminilidade é “apagada” no ambiente do trabalho (chapelaria). Com o feitiço torna-se definitivamente velha, idosa e sem vigor na vida. Sua pulsão de vida leva a procurar o “rejuvenescimento” em algum lugar perdido fora de si. Na verdade ela apenas projeta para fora a sua “velhice” interior. À medida que convive com o mágico belo e encantado ela se torna, em alguns pequenos momentos, em uma jovem, sendo que sua fisionomia torna-se mais amena. O autor, Hayao, a meu ver, encontra-se nesta imagem de Sophie o seu rejuvenescimento.
            A constante caminhada de Sophie dentro e fora do castelo encantado é a própria caminhada que o autor faz de si mesmo. Nos vários ambientes em que “desaparece” é uma imagem de si nova que aparece e reaparece. A força feminina materna de Hayao foi muito visível no filme como um todo. Embora a busca pela ordem e “arrumação” (limpeza) do castelo apresentam o universo masculino de Hayao. Sophie se tornou, em determinado momento, o ponto de referência de todo o castelo. Em determinados momentos Sophie fez o papel de mãe do mágico encantado; em outros, de paixão “reprimida”. Em outros, de pai; parece que o Édipo foi vivenciado em várias circunstâncias. A mãe biológica e verdadeira de Hayao foi uma pessoa muito doente. Além de ter uma mãe doente, aliás bem doente em sua infância, viveu os horrores e as consequências das guerra. Na figura de Sophie, Hayao expressa sutilmente a infância “depressiva” e doente. Parece que Hayao teve muitos mecanismos de defesa em sua infância, tais como: negação, projeção, etc. Ao sempre ver sua mãe em constante doença, em uma situação de terrível debilidade, projetou isso em mágicas e em “poções” de alquimia que iriam curá-la em determinado momento. O mundo mágico e imaginário de Sophie é o universo de compensação que Hayao vivenciou e ou vivencia...
André Boccato
Enviado por André Boccato em 29/07/2011
Código do texto: T3126193
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