Resenha do Filme - A LENDA DE BEOWULF

* Trabalho apresentado por acadêmica do curso de Letras à Universidade Claretiano.

Título: A Lenda de Beowulf

Diretor: Robert Zemeckis

O filme “A Lenda de Beowulf” lançado em 2007 é baseado em um poema épico anglo-saxão. A história se passa na Dinamarca, no ano 507 depois de Cristo, uma época medieval onde os antigos ritos pagãos eram aos poucos substituídos pelo Cristianismo. Por isso durante a história é citado tanto o “deus Odim” quanto o Cristo.

Na história há um demônio ameaçando o reinado de Hrothgar, e em seu auxílio vem o guerreiro Beowulf, cujo nome é uma junção de “bear” (urso) com “wolf” (lobo), e os dois animais citados simbolizam a grande força deste guerreiro. Esta informação quanto ao significado de seu nome é passada em uma cena onde Beowulf conversa com a mãe do demônio Grendel.

No confronto, Beowulf vence o demônio arrancando-lhe um dos braços, o que mais tarde o leva à morte. Sua mãe jura vingança e Beowulf é enviado para matá-la também, mas acaba por render-se aos seus encantos e às suas promessas de glória e riqueza. Assim os dois fazem um pacto, onde Beowulf deveria lhe dar um outro filho, e em troca ela usaria de seus poderes mágicos para torná-lo rei. A promessa é cumprida com o suicídio do rei Hrothgar e a coroação de Beowulf. Ele torna-se rei e casa-se com a rainha que havia ficado viúva.

Vale esclarecer que Grendel também era filho de um pacto feito entre a bruxa e o rei Hrothgar; e que Beowulf apenas repetiu a história do rei anterior, pois assim como Hrothgar foi amaldiçoado e não pode ter outros filhos com sua rainha, o mesmo aconteceu com Beowulf.

Anos se passam. Os feitos de Beowulf são cantados e encenados por toda a terra, sua fama e glória são grandes, porém o rei não sente prazer em sua vida, pois carrega em segredo o pacto que fez com a bruxa mãe de Grendel, e sente-se uma farsa, pois enquanto todos pensam que ele também a derrotou no passado, ele sabe que a deixou viver e que foi amaldiçoado devido seu pacto com ela.

Assim, Beowulf já velho vê que as promessas de riqueza e glória, mesmo tendo sido cumpridas, eram vazias e tiraram-lhe toda a alegria e motivação, pois além de tudo, a vida de aventuras havia acabado para o grande guerreiro, pois reis lideram batalhas, mas não lutam diretamente.

Chega o dia que Beowulf recebe um sinal de que seu pacto com a bruxa foi rompido, pois lhe é entregue uma peça de ouro – o Chifre Dourado. Ele sabia que o pacto só duraria enquanto esta peça estivesse em poder da bruxa. É então que surge um novo demônio muito mais forte que o anterior: um dragão que é filho da bruxa e de seu relacionamento com Beowulf. O dragão ataca o povoado e o rei se vê forçado a lutar.

No combate, Beowulf é obrigado a dilacerar o próprio braço para conseguir alcançar o coração do dragão e matá-lo, salvando assim sua rainha e sua amante. O ato de dilacerar o próprio braço nos remete ao início da história, quando o guerreiro arrancou o braço do demônio Grendel.

O dragão é morto por Beowulf, seu próprio pai, e ambos caem de uma grande altura. Já em terra, o corpo do dragão transforma-se no corpo de um homem, mostrando que ele era um “transmorfo”, ou seja, filho de um demônio com um humano.

Em seus últimos minutos de vida Beowulf revela toda farsa de seu pacto ao seu melhor amigo Wiglaf, e por não ter tido filhos com a rainha, passa o título de rei a seu amigo.

Seguindo então as tradições e rituais vikings, o corpo de Beowulf é colocado em um barco no mar, e este é incendiado. Neste momento o novo rei Wiglaf vê a bruxa ir até o barco despedir-se de Beowulf com um beijo. Em seguida a bruxa atira sua peça de ouro – o Chifre Dourado – para o novo rei, o que demonstra sua intenção de seduzi-lo e mais uma vez fazer com que a história se repita.

Este filme é muito interessante para nós, acadêmicos do curso de Letras da Universidade Claretiano, pois ilustra o Gênero Épico, que narra fatos reais ou extraordinários envolvendo feitos de heróis; conforme já estudado na disciplina de Teoria da Literatura I. Outro tema já estudado que podemos identificar facilmente neste filme são as Novelas de Cavalaria, onde atos heróicos dos guerreiros eram cantados pelos trovadores (Trovadorismo).

Com extensão irregular, essas canções eram declamadas por jograis, acompanhados por instrumentos de corda. Com o passar do tempo, as canções de gesta assumiram forma prosaica e, de cantadas, passaram a ser lidas ou recitadas, dando origem às novelas de cavalaria. (ver "Trovadorismo em Portugal")

No filme vemos que os atos de Beowulf matando o demônio Grendel também passaram a ser cantados por seus guerreiros, e mais tarde recitados em poemas e encenados pelo povo, que tinham seu rei como grande herói, dando-lhe inclusive o título de “matador de demônios”.

Vale ressaltar que as Novelas de Cavalaria do gênero épico, aqui citadas, tiveram origem na França e depois passaram a fazer parte da Literatura Portuguesa, onde destacaram-se as histórias do Rei Arthur e a Távola Redonda, Histórias do Mago Merlin e a busca pelo Santo Graal. Aqui traçamos apenas um paralelo com a lenda de Beowulf, mostrando elementos que se repetem, imitando as Novelas de Cavalaria. Um desses elementos são os ritos pagãos que deram lugar ao Cristianismo, presente tanto nas Novelas de Cavalaria quanto no filme “A Lenda de Beowulf”.

REFERÊNCIAS:

Material de Estudo da Universidade Claretiano – Literatura Portuguesa e Brasileira I, Unidade 3 – Trovadorismo em Portugal - consultado em 08/07/2013 às 19:50 hrs

Material de Estudo da Universidade Claretiano – Teoria da Literatura, Unidade 1 – Introdução aos Estudos Literários - consultado em 08/07/2013 às 20:05 hrs

Site http://pt.wikipedia.org/wiki/Beowulf_(2007) - consultado em 08/07/2013 às 20:33 hrs.

Lady J
Enviado por Lady J em 03/03/2014
Reeditado em 09/09/2022
Código do texto: T4714242
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