Planeta dos Macacos - O Confronto (Resenha Crítica)

Muita gente torce o nariz para esta franquia por acreditar ser uma bobagem o fato de haver outros seres mais inteligentes e fortes que o homem, e capazes de subjugá-lo. Entretanto, o que essas pessoas não entendem é que o filme, na verdade, é uma grande metáfora acerca da própria sociedade humana e os símios, que sendo 99% biologicamente parecidos conosco, nada poderia haver melhor que eles para tal.

Em tempos de luto e reflexão por conta dos 100 anos da Primeira Grande Guerra, além de todos os conflitos bélicos que atualmente se presenciam, “O Confronto" – continuação do excelente “A Origem” (2011) – funciona como uma autoanálise que nos possibilita enxergar o quanto a xenofobia, a sede egoísta de poder, os pré-conceitos e as mentiras podem levar uns a destruir outros. Por outro lado, mostra-se que o diálogo, a fraternização e a tentativa de conhecer as diferenças são os caminhos que mais facilmente conduzem à paz.

Entretanto, é evidente que o roteiro é tendencioso e faz de um dos macacos o grande vilão da história (estamos falando de cinema norte-americano, afinal), porém o desfecho equilibra um pouco essa balança. Sendo assim, os primatas são apenas uma forma lúdica de apresentar um tema tão corriqueiro em todas as artes, que é o próprio ser humano. Ademais, criados em computação gráfica, são os verdadeiros deleites do filme e protagonizam cenas tão perfeitas, que nos perguntamos se não são de fato reais.

Apesar das referências tanto à literatura como ao feito anteriormente no cinema, esta nova leitura do romance antiutópico de Pierre Boule vem ganhando nuances bem interessantes por se distanciar de todos os elementos de ficção científica muito em voga nos anos 1960 (nave espacial, outros planetas, futuro longínquo), e se aproximar mais dos anseios da sociedade atual, o que indica ser uma estória atemporal. Recomendadíssimo!!!

Nota: 8,5.