Mommy

No limiar entre dois quadros, Xavier Dolan condensou um turbilhão de sentimentos, apegos, afetos, desafetos, coisas fáceis e difíceis. Mostrou do que um diretor de cinema é capaz ao conduzir sentimentos (de quem assiste) de um extremo ao outro. Chorei. Chorei de alegria. Chorei de tristeza. E devo dizer que nunca algo conseguiu me fazer chorar por duas razões tão distintas. Forte, emocionante e excepcionalmente profundo, Mommy é sem dúvidas um dos melhores filmes que já assisti na minha vida.

Não posso deixar de contar a notada ênfase em ressaltar o caráter sonhador dos finais felizes. Não, esse não é um final feliz. E é nesse ponto nodal que Dolan prova veridicamente sua excepcional perícia na direção desse filme. Um corte que mostra um final feliz logo é quebrado pela trágica realidade que conduzirá ao real desfecho da estória. Essa manobra, merece sem dúvidas, aplausos de pé. É notável, além do final impactante, um esforço (ou quem sabe não) em evidenciar a falência do mito do amor materno. "Uma mãe não pode amar menos seu filho"... Será?