Amores Imaginários

"Les Amours Imaginaires" é um filme de Xavier Dolan lançado em 2010. Apresenta um enorme avanço no quesito direção de arte e fotografia em relação ao seu antecessor "J'ai tré ma mère" (2009). Dessa vez Dolan opta por construir um filme com ritmo mais lento, porém não menos intenso. Ele, por sua vez, consegue provocar uma catarse que simula o sentimento da paixão com suas múltiplas reverberações que se agravam por se tratar de uma relação de amizade em processo de destruição, tendo em vista que os dois amigos disputam a mesma pessoa.

É praticamente impossível não se identificar com as histórias contadas entre os cortes, ou mesmo com os sentimentos que a própria estética do filme provoca. O momento confessional de Francis (Xavier Dolan) assim como a carta poeticamente apaixonada e também confessional de Marie (Monia Chokri) são ápices que simbolizam esses sentimentos.

O final, assim como várias partes do filmes, frustrou minhas expectativas. Isso é peculiar no trabalho de Dolan: ele não se deixa prever em seu roteiro. Essa peculiaridade confere um tom bem diferenciado a sua obra. Seria como se ele planejasse vários finais para o filme, filmasse todos e então os sequenciasse no intuito de fazer o espectador ficar completamente tenso esperando em que parte o filme vai terminar de fato.

É simbólico o processo de frustrações amorosas continuas e sequenciadas vivenciadas pelo personagem Francis, que reflete muito bem algo vivenciado por muitos no campo homoafetivo. Trata-se de um bom filme. Vale a pena assistir.