Filme "O pagador de promessas"

O PAGADOR DE PROMESSAS. Direção e Roteiro: Anselmo Duarte. Produção: Oswaldo Massaini. [S.I]: Rex Filmes S.A. 1962.

Alfredo de Freitas Dias Gomes (19/10/1922 a 18/05/1999), mais conhecido pelo sobre nome “Dias Gomes”, nasceu na cidade de Salvador. Foi romancista, dramaturgo, bem como autor de várias telenovelas, além de membro da Academia Brasileira de Letras. Foi caso de com a conhecida escritora Janete Clair.

O romance diz respeito ao drama de Zé do burro e Rosa, recém casados, que moravam no sertão nordestino. O homem, após apelar para vários recursos financeiros e espirituais para salvar a vida de seu burro Nicolau que havia sido atingido por um raio, decide fazer uma promessa para Maria de Inhançã1 no terreiro de Candomblé: Iria carregar uma cruz até o centro da Bahia, no altar da Igreja de Santa Bárbara. Além disso, daria a metade de suas terras aos pobres e colocaria fogo no restante de sua propriedade. Rosa o acompanhou contra a vontade. Andaram léguas até chegar a Bahia, mas o homem enfrentou várias dificuldades para cumprir sua promessa: o Padre não concordava com aquela atitude, porque a promessa era para salvar um burro e também foi feita em um terreiro de Candomblé para uma divindade negra que ele não considera pela Igreja Católica. O misticismo era tanto que Zé do burro não percebia que um cafetão se aproveitava de Rosa. Jornalistas o usaram para se promover, fazendo dele um “novo cristo” que pregava a revolução e a reforma agrária. Esse fato chamou a atenção das autoridades policiais e eclesiásticas. Por fim, ele tentou entrar a força, a polícia investiu contra ele, capoeiristas o defenderam de modo que houve uma briga ferrenha. Zé do burro leva um tiro de súbito e morre ao lado da cruz. Nesse momento, todos são tomados de remorso. Os capoeiristas o colocam sobre a cruz e o leva para o altar da igreja, cumprindo assim a promessa.

A história e o filme apresentados em 1962 causaram surpresa e espanto aos brasileiros os quais não conheciam essa realidade: a pobreza do sertão, o misticismo, o sincretismo religioso, a intolerância religiosa, o preconceito e a discriminação. Pelo fato de esse filme ter descortinado um Brasil outrora ignorado para a época, torna-se de suma importância também para a atualidade, pois continua evocando as mesmas sensações. Não é sem razão que o filme recebeu três prêmios: Oscar (1963), Festival de Cannes (1962), Prêmio Especial do Júri (1962) e o Prêmio Golden Gate.

Indico este filme a todos aqueles que apreciam um os filmes clássicos brasileiros e desejam conhecer as realidades de um Sertão Nordestino que no século XXI, pouco mudou.

Resenhado por Menezeslf

LeandroFreitasMenezes
Enviado por LeandroFreitasMenezes em 02/01/2015
Código do texto: T5088434
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