"Evereste": corações aquecidos em meio ao gelo e à morte

Apesar de ter em seu elenco nomes badalados como Jake Gyllenhaal, Josh Brolin e Sam Worthington, o título é simples e objetivo: é a montanha a grande protagonista do filme, o que fica claro na fala de um dos personagens quando diz algo do tipo “entre a sua e a dela, a última palavra é sempre a da montanha”. De fato.

Baseado em surpreendentes e trágicos fatos reais, o longa acerta em não tentar explicar mas sim dividir com o espectador o fascínio que o cume mais alto do mundo provoca em muita gente, a ponto de fazê-las sacrificarem o seu maior bem – sua vida – para realizarem tal façanha. Quando perguntados pelo personagem de Brolin “por que o Everest?”, a resposta ensaiada “porque ele está lá” remete desde um simples desafio a uma filosofia de vida, algo que ninguém conseguiria responder por nem mesmo entender o motivo: porque sim.

Na primeira hora de filme são estabelecidos os laços entre os personagens, naquelas típicas conversas de roda e superação em filmes do gênero, onde também não se demora para identificar os perfis do prepotente, do correto, do aventureiro, do inconformado etc. Laços aqueles que são colocados em evidência quando ocorre o infortúnio de uma gigante tempestade no momento da descida. Aí são expostos qualidades e limites como altruísmo, amor, medo da perda, amizade, instinto de sobrevivência, que em interpretações tão sinceras podem levar qualquer um a se emocionar.

O 3D, com seu efeito de aproximação, se torna muito preciso para o vislumbre de belíssimas imagens recheadas de verde, rochas e gelo, e também garante a sensação de se estar vivenciando aquela experiência, principalmente nos instantes de clímax, mas nada tão inovador. A fotografia e os efeitos especiais ratificam tal impressão principalmente quando, por conta da tempestade, o dia vira noite. Apesar do orçamento modesto (US$ 55 milhões), se comparado a de outras produções, não se tem a sensação de fraude nem de exagero.

Em suma, não é o filmaço que prometem os trailers, que se concentram mais na ação que no drama, quando é o inverso que na verdade se apresenta. Mas nem por isso deixa de ser uma bela história, não tenha lá as suas tensões e ainda não nos passe uma lição de vida, sem sensacionalismos e vitimizações. Por esse aspecto, vale a pena.

Nota: 6,5.

Dan Niel
Enviado por Dan Niel em 26/09/2015
Código do texto: T5395384
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.