"Deadpool": quando a tela de cinema é tão divertida quanto as páginas de uma HQ

Corajoso. Esse é o adjetivo que melhor define o primeiro longa solo do Mercenário Tagarela, personagem antológico dos quadrinhos da Marvel e também um dos mais queridos pelos fãs, inclusive dividindo aventuras com ícones da editora como Homem-Aranha e X-Men.

Em um momento onde o gênero visivelmente vem apresentando certo desgaste perante críticos e público da sétima arte, muito graças a produções cada vez mais mercadológicas e a disputas acirradas entre estúdios, "Deadpool" é um projeto ousado por respeitar a essência do personagem e seu caráter ambíguo (mocinho ou bandido?) e limítrofe (ou os dois?).

O estúdio [vale a pena citar que os direitos cinematográficos pertencem à Fox, não à Marvel] acertou em cheio em fazer um filme com muita violência, palavrões e cenas de sexo, porém leve por conta das boas piadas, sarcasmo, muita metalinguagem e referências, que espectadores não tão engajados nem sempre conseguirão captar. O roteiro é bem costurado, mas simples, e por isso o vai-e-vem temporal é bem-vindo a fim de quebrar uma sequência lógica e didática dos fatos.

Com um quê de influência de "Guardiões da Galáxia", por conta da trilha sonora, "Deadpool" tem muito a ensinar aos gigantes do entretenimento, principalmente o fato de que filmes de (anti/super) heróis não devem cair na fórmula pastelona e infantiloide, como alguns da Marvel, e nem se levar tão a sério, iguais aos da DC.

Na verdade, é uma verdadeira aula de sucesso e rentabilidade pautados nos diferenciais. Orçada em aproximadamente US$ 60 milhões (uns 25% do que essas produções costumam custar), o alicerce não se pauta em efeitos especiais eloquentes, e sim na dedicação e interpretação de Ryan Reynolds, que alimentou esse sonho dele por mais de 10 anos e cuidou de cada etapa. Se não fosse por ele, o resultado, caso existisse, tudo leva a crer que seria imensamente inferior.

"Deadpool", nas entrelinhas menos sutis, "denuncia" que o gênero precisa se reinventar, encontrando o meio-termo para agradar, principalmente, aos fãs da nona arte, de onde esses personagens saíram. É um ótimo representante para começar um ano que promete muitas emoções com a adaptação de Guerra Civil e a expansão do universo DC, com destaque para Batman e Superman. Mas é bom ir preparado, pois é bem diferente de tudo que tem sido feito. E nada mesmo agrada a todos.

Nota: 8,5.

Dan Niel
Enviado por Dan Niel em 25/02/2016
Código do texto: T5554894
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