Coração Satânico (Angel Heart, 1987)

UM FILME NOIR DOS MESMOS PRODUTORES DE RAMBO E DURO DE MATAR

Sou fã do Robert DeNiro. Há muitos anos, venho procurando e conferindo obras de sua filmografia que não havia assistido. Sempre ouvi falar, em menor escala, de Coração Satânico, com o destaque de ser um filme de Mickey Rourke ainda jovem. Cabe aqui um parêntese: pelo que ouvi falar sobre a carreira de Rourke, o cara era um galã, mas se meteu a lutar boxe profissionalmente (e era um dos bons, nunca perdeu, teve 8 Lutas, venceu 6, 4 por nocaute e empatou 2). Com isso, ficou com o rosto detonado, fez uma cirurgia plástica e parece que piorou mais ainda, some isso a idade avançada e eis a explicação para o Mickey Rourke que conhecemos de filmes mais recentes, como Mercenários e Homem de Ferro 2.

Coração Satânico superou minhas expectativas, apesar de ser colorido, com certeza, pegou muito da estética dos filmes Noir, aqueles com esse efeito de luz e sombra, detetive durão, femme fatale etc. Por esse motivo, me lembrou muito Blade Runner, que também adotou esse visual. Algo curioso que notei, ao observar os créditos iniciais, foram os produtores executivos (Mario Kassar e Andrew Vajna), que conhecia de filmes de ação, como a franquia Duro de Matar e Rambo que, obviamente, destoam bastante da obra dirigida por Alan Parker (mesmo diretor de Mississipi em Chamas).

Os diálogos são ótimos. Temos vários engraçados e outros mais reflexivos. Para evitar spoilers (aliás, recomendo que não assista o trailer, nem leia a sinopse, para ter uma melhor experiência) vou citar apenas uma do início, com Harry Angel ao telefone:

"— Claro que sei o que é um consultor jurídico. É como um advogado, só que cobra mais".

O que realmente enche os olhos no filme é sua estética e seus signos. Além do padrão Noir, temos uma simbologia importante. A película sempre traz várias pistas e, ao notá-las, ficamos intrigados, tentando ligar os pontos ao mesmo tempo em que ficamos ansiosos e tensos!

Em dado momento, comecei a deduzir teorias, passaram mais ou menos perto do que foi revelado, ainda assim, o momento da revelação da trama não deixou de ter grande impacto. Dica: quando começarem a subir os créditos, não ejete seu Blu-Ray, DVD ou VHS, não dê Stop no seu player de vídeo, prossiga assistindo…

No frigir (ou cozimento) dos ovos ;-) trata-se de um filme que respeita o espectador, o tira da passividade, convidando-o a todo momento para tentar decifrar sua trama.

Deixo a dica de outro filme, do mesmo diretor: Mississipi em Chamas (Mississipi Burning, 1988), com Gene Hackman e Willem Dafoe no elenco.