Mr. Brooks não surpreende nem decepciona

Seguindo a corrente de suspenses repletos de sustos e momentos de tensão protagonizados por personagens inteligentes e maquiavélicos, "Instinto Secreto" (Mr. Brooks), que entrou em cartaz na última sexta-feira (14) não impressiona nem inova.

Contando a história do esquizofrênico Earl Brooks – um Dr. Hannibal Lecter wannabe – o filme é construído em cima de clichês previsíveis, como a policial obstinada pela justiça e desprezada pelo pai (vivida despretensiosamente por Demi Moore), um Zé Ninguém à procura de sentimentos fortes e contravenções e uma esposa ingênua, que acredita piamente na santidade e honestidade do marido trabalhador, típico self-made man.

O trunfo do filme (ou, no mínimo, uma razão para vê-lo) está no alter-ego de Earl Brooks, Marshall, vivido por William Hurt. O personagem (de longe o mais interessante) orquestra a volta de Brooks à vida de contraventor e se mantém sutilmente à margem dos acontecimentos, como um narrador de humor ácido e irônico.

Não fosse pelo final interessante e pela deliciosa interpretação de William Hurt, este seria somente mais um blockbuster que agradaria às platéias menos exigentes mas, sem dúvida, seria esquecido após a sua chegada às locadoras.