UMA PEQUENA RESENHA DO FILME A PEQUENA VENDEDORA DE FÓSFORO

O filme a vendedora de fósforo, adaptado do conto de Andersen é de uma é de uma grande sensibilidade poética.Embora o filme não deixe claro, mas é provável que a história se passe entre o final do século XVIII e o século XIX. Em plena Revolução Industrial,este foi o cenário.

Os trabalhadores da industria da zona urbana, principalmente na Inglaterra ,mas que depois se estendeu pela Europa. Trabalhadores sofrendo exploração do sistema capitalista que estava em seu estágio de concretização enquanto sistema político,social e econômico. O trabalho das crianças nas industrias serviu para satisfazer tanto o capitalista, quanto para os pais. No tocante aos industriais era uma forma de pagar menos, quanto aos pais foi uma maneira de melhorar a sua subsistência no caos da pobreza em que viviam. É nesse panorama que se passa o filme a pequena vendedora de fósforo.

A vendedora de fósforo diante da sua condição de proletária fazia parte da legião de crianças que trabalhavam para ajudar os pais.

O filme não só aborda a situação de carência de bens materiais, como também a exiguidade da afetividade familiar.

O filme nos remonta não só naquele momento em relação a inópia familiar da época narrada, como nos dias atuais,a inexistência desse vazio de amor para com as crianças.

Partindo propriamente do filme, o mesmo inicia com a pequena sendo obrigada a vender fósforos no frio impiedoso que é característico da Europa. A criança tem aparenta ter em torno de quatro para cinco anos de idade. Enfrenta a neve com seu vestidinho maltrapilho, uma sandália que não protege os pés. Assim mesmo ela tem que vender os fósforos. Este dia é um dia especial, é o dia 31 de dezembro, dia em que as pessoas estão centrados nos seus interesses, uma visão só focada em sua grei. A pequena criança por não conseguir, digamos , a cota que seus pais desejavam a obrigou voltar as ruas para arrecadar por intermédio das vendas de fósforos o que eles queriam..

Assim, ela vai em busca dos possíveis compradores, esses estão preocupados em fazerem suas compras para a ceita do último dia do ano, são indiferentes abordagem da pequena.

A protagonista narra seus dissabores ao longo do filme, mostra a realidade de uma criança na sua condição. A humilhação, o pouco caso perante a dor de um ser humano.

Uma das cenas que ilustra bem esse desprezo, foi a frieza dos indivíduos em condições econômicas mais favorecidas, quando ela passa numa praça já anoitecendo estava presente num dos bancos da hasta, um casal em plena conversa bastante empolgante, onde as risadas audíveis. A garota oferece fósforo, e a mulher responde"mas que menina chata". Nesse mesmo momento , pessoas bem apessoadas descem de uma carruagem, outros passam em direção as suas casas.

A pequena senta-se em um canto de uma murada e com as mãozinhas no rosto se expressa: "estou tão cansada, com fome. Estou tão preocupada, não sei o que vou fazer,gostaria tanto que mamãe e papai me deixasse voltar para casa. Tentei ser boazinha, fazer tudo que eles me pediram.Queria faze-los felizes. Mas não interessa o que eu faça.Eles simplesmente não me amam.Não me dão de comer há dois dias, porque não levei dinheiro suficiente para comprar comida, só o suficiente para comprar whsky ".

É nesse instante que a doce criança sente a falta de uma família, de pais amorosos, no fundo se questiona quanto a sua passagem na vida. Ao chegar perto de uma loja ela fala: "tenho tanta fome, quando olho as vitrines esqueço. É melhor eu não fazer isso essa noite, mamãe e papai estão esperando dinheiro para eles poderem saírem e celebrarem (...)".

Aqui mostra a relação das classes sociais, onde o proletariado que produz os bens materiais não pode consumir o que reificam. No entanto, sofrendo com as agruras impostas pelos pais, ela fala com carinho, ao expressar os nomes mamãe e papai.

Em outro trecho do filme: "está todo mundo pra casa comemorar o ano novo, se alguém me convidasse para jantar,não posso ir para casa, mamãe e papai me daria uma surra, mas é a única casa que tenho".

Aqui a vendedora de fósforo demonstra a sua insatisfação , gostaria de ter conhecidos,amigos, parentes para cear, mas só lhe resta a sua casa, que não é um lar como ela gostaria que fosse.

"Acho que vou até o cemitério onde está a vovó. Se eu estiver com ela, talvez não sinta medo,fui visita-la todos os dias desde que ela morreu.Ela está enterrada no cemitério para pessoas pobres.Eles não põe marcas no túmulo lá, então, eu pus uma pequena cruz onde ela está.Fico feliz quando estou com a vovó, quando estou lá com ela.Ela está no céu (...)"

Também neste trecho a garotinha mostra-se consciente da divisão de classe, claro , não no sentido acadêmico, mas quanto os problemas de carência de bens materiais.Ela dá entender que os ricos são enterrados com suntuosidade, os pobres resta um pedaço de chão.A criança se sente só, e lembra da sua avó, é um consolo para seu coração tão carente de afeto. Ao se referir ao céu mostra adversidade em que ela vive. Dessa forma ela mostra que o céu é a moradia dos sofredores como ela. "Deus é o mais gentil dos pais". Se ela não teve pais que amasse, então Deus vai ser um grande pai para ela.

A garotinha ao andar sem destino passa por um pequeno túnel , e de repente vieram duas carruagens em sentidos contrários,como estava tão absorta que não notou o perigo que estava correndo, e quase foi atropelada, não fosse o condutor de uma das carruagens. Ao livra-la desse acidente, fala para ela , "sujou seu vestido de festa". no imaginário dele todos ali que transitavam estavam preparados para as festas de final de ano, mal sabia ele que como a pequena vendedora de fósforo estava longe, distante do que ele chamou de festa.

Após esse episódio, ela vaga por alguns instantes,esquadrinha uma casa suntuosa. "Gostaria de conhece-la por dentro".

Ela vai se aproximando do que poderíamos chamar de palácio,que para sua realidade e a de muitos é um verdadeiro sonho, algo irreal. Encosta na vidraça que serve como parede, as cortinas estão abertas, não tapava a visão de quem parasse para perscrutar as pessoas que estavam na anti-sala. Por sinal bem mobiliada, um piano, uma lareira. Ali ela excogita a vida daquela família burguesa feliz.Ali estavam as crianças, os pais, uma das crianças tocando piano.

O pai pega uma das crianças e poe no colo,e a criança coloca a seguinte frase. "Sabe papai, as festas vão acabar, ninguém vai ser mais feliz".E o pai: "oh, não, não , tem que ser assim. " a criança: "é assim." O pai, "o que faz pensar assim?" O filho: "depois que as pessoas abrem os presente, elas não são mais felizes".

Então o pai retruca: "é que elas esperam que só os presentes as fazem felizes". A criança: "os presentes me fazem feliz". O pai: é claro que sim,mas a melhor parte do presente é o amor e carinho que fica com ele, isso traz um tipo especial de alegria.Isso filho nunca vai embora". O filho: como nunca vai embora papai?". O pai diz para melhor explicar, ele se refere a uma música entoada na igreja na parte da manhã em que eles estiveram presentes.

Outra criança filho do casal, aborda a mãe: "é verdade que muitas crianças não têm o que comer?" A mãe: receio que sim. E a pequena que até escutara ali os diálogos encosta mais ainda a cabecinha vidro. Quando o filho fala de que o presente,as festas, e principalmente os presentes deixa-o feliz nesta cena aborda o sistema capitalista em que os bens materiais é o fetiche dos que podem adquiri-los, e dessa forma podem ser felizes.O pai com suas palavras tentou amenizar o sentimento materialista do filho.

Em outro momento um dos filhos , que ao todo são seis. Pergunta a mãe: "é verdade que tem pessoas que não tem casa, e ninguém que as ame? A mãe: "sim meu bem, infelizmente é verdade." Com essa resposta a pequena vendedora de fósforo se entristece mais ainda. O filho: "puxa, e tem família? " A mãe: sim meu bem, todo mundo tem família, todo mundo é filho de Deus. Somos imãs e irmãos, todos devem tratados da mesma forma". O filho: o mundo seria o melhor lugar maravilhoso se todos se tratassem assim".

O filme faz uma crítica ao mundo que vivemos, mostra como esse diálogo seria impactante se tivesse uma disposição, uma ação de todas as pessoas envolvidas entre suas relações. Nesse ínterim a película coloca a injustiça social, a crueldade com as pessoas que tem menos condições econômica. O pai completa, como você ver, você tem muita sorte, todos temos sorte. Mas há muitas pessoas no mundo que não tem muita sorte."

Ai vamos para a bordagem do filme: será mesmo sorte? Ou o próprio sistema capitalista e outras divisões sociais surgidas ao longo da história do homem não foram capazes de levar a má sorte da maioria das pessoas despossuídas dos bens materiais?

Quando a família estava desejando feliz ano novo na mesa farta de comida, com seus empregados ao redor, a pequena vendedora de fósforo também desejou a eles um feliz ano novo. Ali simbolizou anulação dela como ser humano.

Ao sair de onde estava perto daquela família, escolhida pela sorte, assim ela expressou: "Eu não tinha percebido o frio, eles me fizeram esquecer, meus pés doem, estão amortecidos. Não quero que eles se queimem com o frio".

Ela para e se senta numa pedra.Acende um dos fósforo para tentar aquecer as mãos.Na chama do fósforo ela se transporta para uma grande fogueira,numa casa grande, num tapete grosso.É a visão mais bonita que ela já teve.O fósforo se apaga, ela acende outro.Ai ela ver uma estrela,fica mais uma vez encantada, se refere como mágica.De novo ela se ver numa sala de jantar numa grande , onde a mesa é farta de alimentos. Acende mais uma vez o fósforo e ver outra coisa.Agora visualiza uma bonita árvore de natal.Na árvore tem vários tipos de atrativos para uma criança. Na árvore imaginaria uma estrela caiu, ela se lembrou que sua avó lhe disse, que quando uma estrela cai, uma alma sobe. A garotinha desejou nesse instante que alma fosse a dela. "Assim estaria junto com a vovó". Naquele momento ela sente a presença da sua avó, uma imagem toda de branco. Ela começa a chorar. A vovó , venha minha querida juntas para sempre.

Como já foi dito, é o lado poético do filme. Mas se traduzirmos para a fiel realidade, seria uma forma de suicídio, como tantos fazem por não aguentar a desvalorização do ser humano, o pouco caso em que vivem ao longo de suas vidas ou pouco das vidas.

A criança não tem nome, mas é proposital,mostra a desimportancia do ser humano, tanto faz ter um nome, é só um na estatística da massa massacrada pelo valor monetário,das aparências, dos bens materiais.

inclemente
Enviado por inclemente em 02/04/2020
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