Meu tio matou um cara - 

         Fazia tempo que eu não assistia um filme na televisão. Pelo menos um filme inteiro, com começo, meio e fim. Ontem vi Meu tio matou um cara.

         Hoje resolvi conferir as críticas pela internet, para comparar com o que eu achei do filme. Crítica é uma coisa interessante porque reflete a opinião de uma pessoa. Geralmente não tem nada a ver com o que o autor quis dizer. Opiniões são considerações pessoais. Podem receber influências de outras opiniões mas quando o crítico é sério ele simplesmente dá a sua. Portanto raramente há unanimidade. A maioria dos críticos gostou do filme. Só um realmente esculhambou com tudo. Eu não concordei com ele pois gostei da história e do modo como ela foi apresentada. Mas entre aqueles que gostaram, as visões do filme foram diferentes. Vou dar aqui a minha visão.

        É uma comédia juvenil romântica girando em torno de um crime e da importância desse crime na vida de um adolescente de classe média em uma cidade qualquer do Brasil. Uma cidade grande. O ator Darlan Cunha é o grande astro da história, embora o premiado tenha sido Lázaro Ramos, o tio. A história não gira exatamente em torno do crime, mas das implicações do crime na vida do menino. O tio mata um homem, supostamente em legítima defesa e se entrega a polícia. O menino, com a esperteza de quem é criado com games e computadores, questiona tudo e chega ao âmago da história. Com a ajuda dos amigos, colegas de escola, tenta ajudar o tio. Ele está tremendamente apaixonada pela menina (Sophia Reis) que por sua vez se mostra inclinada pelo amigo (Renan Gioelli).

       De uma certa forma achei o filme ingênuo. Mas e daí? Milhares de filmes norte-americanos são ingênuos também e se tornam sucesso de bilheteria. Por que ingênuo? Darlan Cunha faz parte de uma família de classe média, negra. O pai é Ailton Graça e a mãe Dira Paes. Para mostrar o quanto isso é incomum no Brasil, Darlan é o único aluno negro da escola particular que frequenta. Bem, isto é realidade... O que não é real é a ausência total de preconceito, que em um filme com mais realidade certamente ocorreria. Na escola o interesse pelo crime é superficial. Como se fosse algo comum, que acontecesse todos os dias nas famílias burguesas. Além do mais quem visita o tio na cadeia é o menino. Com total apoio dos pais. E acompanhado da amiguinha. Um ambiente nada de acordo com o que se espera para a criação de um adolescente de classe média. É tudo muito bonito, tipo padrão Globo de qualidade.  Mas e daí? A história é lindinha. Limpa. Vale a pena ver. Mesmo na telinha. E se emocionar com as experiências do primeiro amor.