Suicídio
RESENHA
ARON, Raymosd. As etapas do pensamento sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
Milana Isabel Aparecida Dias – UEMG
O SUICÍDIO
Segundo Aron, Durkheim faz uma relação direta entre suicídio e divisão do trabalho em seu livro. Ele de modo geral aprova a divisão orgânica do trabalho, considerando boa a diferenciação dos indivíduos e das profissões. Mas observa as conseqüências patológicas desse tipo de divisão. Apresentando o conceito de “anomia” – ausência ou desintegração das normas sociais – que vai ter um papel predominante no estudo do suicídio.
No estudo durkheimiano é enfatizada a realidade coletiva como ponto manipulador do comportamento humano. A sociedade “empurra” o individuo a uma individualidade condicionada aos aspectos sociais levando-o ao suicídio.
Suicídio é “todo caso de morte provocado direta ou indiretamente por um ato positivo ou negativo realizado pela própria vítima e que ela sabia que devia provocar esse resultado”. (Le suicide, ed. de 1960, p. 5.)
Para Durkheim o suicídio pode ser cometido através de um ato positivo, o individuo o realiza diretamente, ou indiretamente através de um ato negativo, ou seja, um ato positivo consiste em fazer diretamente um ato que desencadeia sua morte, sendo que o negativo consiste em deixar de fazer algo que irá manter sua vida.
É também um suicídio os casos de morte voluntária, envoltas em auréola de heroísmo e de glória. A taxa de suicídio é uma forma de evidenciar características sociais determinadas por múltiplas circunstâncias.
Durkheim não aceita explicações no contexto psicológico para a definição do suicídio, pois acredita que ele é determinado por uma força social. Para provar isso, ele emprega o método clássico das variações concomitantes, que consistia em estudar as variações da taxa de suicídio em diferentes populações e procurar provar que não há correlação entre a freqüência dos estados psicopatológicos e a freqüência dos suicídios.
O suicídio para Durkheim consistia em um fato social. Desse modo, ele ainda examina uma a uma as explicações de ordem psicopatológica que imputam o suicídio, nomeadamente à sucessivamente. Seguidamente, com o apoio das estatísticas, vem mostrar uma tipologia de suicídios pela qual distingue três tipos principais: o suicídio egoísta, o suicídio altruísta, o suicídio anômico e, em esboço, um quarto: o suicídio fatalista.
Dessa forma, constitui-se portanto, dois tipos básicos da “corrente suicidógena”: os que se afastam demais do grupo social e os que estão demasiadamente presos ao grupo. Os egoístas se suicidam mais facilmente que os outros, mas também aqueles que têm excesso de altruísmo, que se confundem a tal ponto com o grupo a que pertencem, são incapazes de resistir aos golpes do destino.
Entretanto a forma que mais interessa Durkheim é o suicídio anômico, porque esta é a que mais esta ligada a sociedade moderna, em que a existência social não é regulamentada pelos costumes. É caracterizado pela causa do aumento da taxa de suicídio nos períodos de crise econômica e também em períodos de prosperidade, isto é, em todos os casos em que se produz um exagero da atividade e uma ampliação das trocas e das rivalidades.
Durkheim vêm dessa forma expor seus estudos, contrariando o “senso comum”, para qual o suicídio não pode resultar senão de uma decisão individual, que as lógicas sociais podem influenciar as variações das taxas de suicídio de uma população.