ANTUNES, Ricardo. Fim da centralidade ou desconstrução do trabalho?

ANTUNES, Ricardo. O caracol e sua concha: ensaios sobre a nova morfologia do trabalho. São Paulo: Boitempo, 2005. In: A crise da sociedade do trabalho: fim da centralidade ou desconstrução do trabalho?

- Alguns dos mais expressivos formuladores do fim do trabalho. 1. André Gorz, em Adeus ao proletariado, “vaticinou em 1980 o fim do proletariado e com ele grande parte (se não a totalidade) das ações decorrentes das forças sociais do trabalho”. 2. Claus Offe, tematizou a questão da retração do trabalho e não o seu fim. 3. Habermas, da esfera da razão instrumental para a esfera da razão comunicativa, ambos dados pelo trabalho que cria o capital.

- Segundo Habermas, Marx reduziu a esfera comunicacional em detrimento da instrumenatal. A saída não esta no mundo do trabalho e sim no mundo vida onde estão as reais possibilidades emancipátorias para o ser humano. O problema do uso do termo: Capitalismo tardio??? / 4. Dominique Meda, escreve: O trabalho: um valor em vias de desaparição, onde demonstra seu desencanto pelo mundo do trabalho. 5. Rifkin, escreve sobre “O fim dos empregos”, onde aponta o terceiro setor como a saída. 6. Kurz (herdeiro da escola de Frankfurt) muito mais crítico da ordem do capital que os autores acima citados. Porém, vê os trabalhadores como parte constitutiva do mundo da mercadoria e por isso impossibilitados de transformar radicalmente a lógica do que denomina “sistema produtor de mercadorias” (p.p. 24 – 25).

- 7. Robert Castel, pensou a centralidade do trabalho com base em uma defesa contratualista e estruturante da sociedade salarial. 8. Alain Touraine, situou alguns do principais críticos da chamada “sociedade do trabalho”. Marx: “Não hestiou em dizer que, se pudesse, o trabahador fugiria do trabalho como se foge de uma peste”. Weber, também, demonstrou uma chamada “ética positiva do trabalho” no capitalismo.

CONTUDO, “se no plano gnosiológico opera a desconstrução ontológica do trabaho, paralelamente, no mundo real, este reconverte em uma das mais explosivas questões da contemporaneidade”.

- O trabalho ocupa centralidade. Não está em vias de desaparecimento (Antunes). A divisão do trabalho faz com que nos países ricos tenhamos o pensar/mandar e nos países pobres o fazer e a exploração do trabalho mais gritante.

- A interação do trabalho vivo (ser humano) e o trabalho morto (máquina). Problematização das teses do fim do trabalho ou sua centralidade. Redução do proletário taylorizado. Redução mas nunca eliminação. Tudo tendo em vista a mais valia (mais valor).

- Excluir é da lógica do capital: “uma parcela enorme da força humana mundial que trabalha, da qual cerca de 1 bilhão e 200 milhões encontram-se precarizados ou desempregados, segundo dados da OIT”. Para pensar: “Assim como o capital torna ‘supérfluas’ suas mercadorias, sem as quais, entretanto, não pode sobreviver, o mesmo capital torna ‘supérflua’ sua mercadoria força de trabalho, sem a qual também não pode sobreviver”. Com a acumulação flexível temos a 1) desconcentração do espaço físico produtivo (Diminuição do proletariado fabril) e a 2) desaparição de algumas profissões (Aumento da precarização); 3) Incremento dos assalariados médios e de serviços;

- 4) A exclusão de jovens e idosos, dificilmente conseguem emprego; 5) A denúncia de Antunes do trabalho infantil; 6) A feminização leva a precarização e desvalorização do trabalho (salário menor). A divisão sexual do trabalho, onde trabalhos melhor remunerados ficam para o sexo masculino e para as mulheres os de menor qualificação.

7) O terceito setor, tem a ver com a diminuição dos serviços. A crise do capital e a redução do trabalho vivo. 8) Avanço da flexibilização e (precarização do trabalho), aumento do trabalho em domicílio (feminino na maioria).

9) A internacionalização do capital trás limites para a ação dos trabalhadores. Como unir os trabalhadores no mundo inteiro? Exemplo, as indústrias automobilísticas.

“A conflituosidade entre trabalhadores nacinais e imigrantes é também um claro exemplo desse processo de transnacionalização da economia”. “A estratificação e fragmentação do trabalho também se acentauam em função do processo crescente de internacionalização do capital”. A contradição entre “intelectualização” do trabalho seguido de sua desqualificação e precarização.

- “Esse é, em nosso entendimento, o eixo do debate sobre a crise da sociedade do trabalho, o que é muito diferente de dar adeus ao trabalho ou determinar gnosiologicamente o fim da centralidade do trabalho”. “Portanto, nosso entendimento é o de que, por meio do estudo aprofundado das relações entre trabalho produtivo e improdutivo, manual e intelectual, material e imaterial, bem como a forma assumida pela divisão sexual do trabalho, a nova configuração da classe trabalhadora, entre outros elementos”... A propaganda da substituição do trabalho pela ciência não se realizou. Mais tempo, mais trabalho manual, não negam a lei do valor de Marx.

- A lógica do capital é o lucro. A crise é do trabalho abstrato que só pode ser entendida como a redução do trabalho vivo e a ampliação do trabalho morto. Lukács, na ontologia do ser social nos lembra: “Se é possível visualizar, para além do capital, a eliminação da sociedade do trabalho abstrato, é algo ontologicamente distinto supor ou conceber o fim do trabalho como atividade útil, como atividade vital, como elemento fundante, protoforma da atividade humana”. O trabalho socializa as pessoas, deve ser socializado seus produtos.

- Uma sociedade do tempo livre que convive com o trabalho estranhado e fetichizado. O capital não pode se reproduzir sem o mínimo de trabalho vivo que seja. Habermas: A transformação da ciência na principal força produtiva, em substituição do valor-trabalho. Precarização da força produtiva.

- A ciência não pode abdicar do trabalho. Há interação entre a ciência e o trabalho: “As máquinas inteligentes não podem extinguir o trabalho vivo. Ao contrário, a sua introdução utiliza-se do trabalho intelectual operário que, ao interagir...”. Softwares é o saber intelectualizado da classe trabalhadora para a máquina. O trabalho vivo avança e o trabalho morto retrai.

- O trabalho morto domina o trabalho vivo. Com a transferência do saber para a máquina temos a empresa enxuta e o aumento da alienação do trabalho.

- A interelação entre atividade produtiva e improdutiva/laboriais ou de concepção dentro de um contexto de reestruturação produtiva do capital. As novas formas de contenção do capital: a luta social articulada com a luta ecológica.

- Os vários exemplos da contestação do capital: O MST, Os Chiapas (México), As greves de trabalhadores, Canudos, Contestado, Os movimentos contra Org. Internacionais, etc. Tudo isto aliado a uma busca de sentido interno e externo para o trabalho confirmam a centralidade do trabalho e negam Habermas. Não tem fim do trabalho.

- Pág. 39. Maior interação entre trabalho produtivo/improdutivo; fabris/serviços; saber/fazer. Para além das “aparências” o trabalho continua central. A sociedade continua fundada no trabalho.

SolguaraSol
Enviado por SolguaraSol em 26/09/2008
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