A PROMESSA DO  LIVREIRO; John Dunning – Resenha.

 

 

 

          Há alguns anos conheci uma mulher metida à inteligente que disse esta pérola: não leio mais porque já li todos os bons autores. Ninguém mais escreve a altura de minha capacidade como leitora. É claro, não me lembro bem se as palavras eram essas mesmo, mas tenho certeza que a essência de sua declaração foi essa. Lembrei disso porque há poucos dias alguém me vendo com um livro de literatura policial na mão me deu aquela esnobada: romance policial? Isso é literatura menor. Bem, eu respondi: sou uma leitora menor.

 

       Nunca me preocupei em saber exatamente que tipo de leitora eu sou. Leio de tudo. Mas sei distinguir o que é bom do que é ruim e sei também que esta é uma classificação aleatória. Não faz a menor diferença para ninguém. Assim é que adoro literatura policial. É a minha recreação. Alguns autores já não me satisfazem porque realmente evoluí. Mas não tanto a ponto de ler Ulisses, de Joyce. Outros me encantam. Assim aconteceu com John Dunning, autor de A Promessa do Livreiro.

 

       O homem disse: “Bem vindo ao nosso programa, Sr. Janeway”, e foi assim que tudo começou.

 

        A história é narrada na primeira pessoa por Cliff Janeway, um livreiro de Denver, no Colorado, que havia sido policial e desejava uma vida tranqüila com seus livros raros. Mas pelo jeito vida tranqüila ele nunca iria ter, pois é o protagonista dos livros de John Dunning. Nesta trama ele aproveita uma brecha da História verdadeira do explorador e escritor inglês Richard Burton. Em determinado período Richard Burton se meteu pelo interior do país. Sabe-se que isso aconteceu, mas nenhum registro dessa viagem existe na História. É aí que a imaginação toma conta de nosso autor e ele recria uma fabulosa história que acaba repercutindo na época atual, onde os crimes acontecem.

 

         Não vou mais falar sobre o enredo. Li praticamente em duas noites o que significa que prendeu completamente a minha atenção. Acho que resolvi escrever sobre ele apenas para mostrar que um livro pode ser bom e bem escrito independente da forma como é classificado. Este é um romance inteligente. Tem até uma bela história de amor. A narrativa é clara e fluente, o autor demonstra saber escrever e ter conhecimento sobre o que escreve: livros raros, história norte-americana, a vida de Richard Burton (que inclusive passou pelo Brasil em suas viagens exploratórias) e... crimes. Mas não podia ser de outra forma: é professor universitário e dono de uma livraria virtual. Espero que não haja entre meus leitores ocasionais nenhum pedante de plantão. Digo ocasionais, porque aqueles que bem conheço são leitores especiais.