A ORIGEM DA FAMÍLIA, DA PROPRIEDADE PRIVADA E DO ESTADO

ENGELS, F. A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado. In: MARX, K e ENGELS, F. Obras escolhidas. São Paulo: Editora Alfa-Omega s/d. 143p.

Esta obra é fundamental para quem busca compreender a base sólida que engendrou este mundo. O que explica os homens e a forma com que eles se organizaram para produzir a vida é a história. E é com base e fidelidade ao método de como os homens produzem a sua vida assim os homens são que este livro deve ser lido. Marx e Engels trazem o céu a terra, e deste modo, vão explicar as teorias a partir da produção da vida material. Os homens são teoria e prática. É na base material que esta a explicação de todo edifício social. Logo, é a realidade que determina a consciência.

Marx e Engels voltaram à história para ver como na origem os homens ganhavam sua existência. Passam a estudar as formações gentílicas. Trata-se de uma revisão bibliográfica. Foram buscar o que já havia existente para pensarem um objeto e serem coerentes com ele: “como os homens produzem os homens são”. Com estes estudos comprovaram que o Estado é resultado das relações sociais.

Portanto, ao abordar a origem da família, da propriedade privada e do Estado, com conhecimento de causa se introduziu uma ordem na história da humanidade. Se utilizam dos escritos de Morgan que dividiu da seguinte forma a pré-história da humanidade: Selvagem, Barbárie e Civilização.

No Estado Selvagem o homem vivia nas árvores para sobreviver. Este é um estágio transitório, pois o homem veio do reino animal. O homem começou a incluir os peixes em sua alimentação e a usar o fogo. Tornou-se independente do clima e da localidade e passou a se espalhar sobre as encostas dos rios. Com a invenção das armas o povo “torna-se” caçador. Com á invenção do arco e da flexa o homem passa a ter uma alimentação regular. Passa-se a ter indícios de residência fixa em aldeias.

A Barbárie iniciou-se com a introdução da cerâmica na sua idade inferior. Nesta época ocorre a diferenciação das condições naturais entre os dois grandes continentes com a criação de animais e cultivo das plantas. O leste domestica os animais e o oeste se dedica ao cultivo das hortaliças. A fase média apresenta o destaque dos semitas dos demais povos bárbaros em função da domesticação dos animais, por causa do leite e da carne. E a fase superior com a invenção do arado de ferro puxado por animais, derrubada das matas, tem-se o aumento da população.

Ao buscar um base sólida para compreender o mundo, o funcionamento da sociedade, Marx e Engels vão analisar a passagem comunidades gentílicas a organização familiar. Os parentescos forma construídos historicamente. Representa a passagem do inferior para o superior e o mesmo acontece entre os sistemas políticos, jurídicos, religiosos e filosóficos. Assim, o matrimônio por grupos da lugar ao monogâmico, indo do simples para o complexo. Nos matrimônios por grupos a descendência só era determinada pelo lado materno; na família passa a ser a monogamia prevalecendo e têm-se deste modo, a origem do patriarcado. No rapto das mulheres há indícios da monogamia e o matrimônio por grupos vai se extinguindo. No matrimônio por grupos as mulheres ocuparam lugar de destaque. As gens passam a proibir os casamentos consangüíneos, a união conjugal por pares vai se consolidando. E do matrimônio em grupos as famílias sindiásmica. Nestas famílias quem davam as ordens eram as mulheres, dada á impossibilidade científica de se saber quem era o pai. O homem desajeitado era expulso e obrigado a voltar ao seu clã (tribo). As mulheres das sociedades primitivas eram muito mais valorizadas e tinham poder, ao contrário das “senhoras” atuais da sociedade civilizada.

Com o aumento das riquezas o homem passa a ter mais importância que a mulher na família. A filiação tornou-se de direito paterno. A família era um conjunto dos escravos pertencentes a um mesmo homem. Logo, para Marx, a família contém os germes da escravidão e do serviço da agricultura. Em miniatura encerra antagonismos. O casamento monogâmico é um dos triunfos definitivos dos sintomas da civilização nascente. A descendência tornou-se patriarcal e agora é o homem que tem o direito de repudiar a sua mulher.

Portanto, a leitura desta obra é necessária para quem busca compreender a forma com que hoje os homens estão organizados para reproduzirem a vida. Ela vai desnaturalizar o fato de uns viverem com a apropriação do trabalho da grande maioria. Ao voltar á história, ao contextualizar o Estado no interior das lutas de classe, Marx e Engels fornecem elementos para se desalienar a sociedade vigente. O Estado é o resultado das relações sociais de produção. Ele é quem ameniza as tensões da sociedade ao se mostrar pretensamente “neutro”. (Fim)

SolguaraSol
Enviado por SolguaraSol em 07/10/2008
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