O MUNDO DE SOFIA

GAARDER, Jostein. O Mundo de Sofia, Romance da História da Filosofia. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

... A única coisa que precisamos para nos tornarmos bons filósofos é a capacidade de nos admirarmos com as coisas ...

Os Mitos. “Thor (Norte da Europa – Noruega) teve seu martelo roubado pelos Trolls, que para devolvê-lo exigem Freyja a deusa da fertilidade. Thor e Loki se vestem de mulher para enganar e recuperar o martelo roubado. Thor come igual um leão, mas o plano dá certo e o equilíbrio entre bem e mal e restabelecido”.

 Por volta de 700 a.C. Homero e Hesíodo registram por escrito boa parte do tesouro grego da mitologia.

XENÓFANES é um exemplo de filósofo que vai criticar a mitologia de Homero: “Os mortais acreditam que os deuses nascem, falam e se vestem de forma semelhante à sua própria ...

Os etíopes imaginam seus deuses pretos e de narizes achatados; os tracianos, ao contrário, os vêem ruivos e de olhos azuis... Se as vacas, cavalos e leões tivessem mãos e com elas pudessem pintar e produzir obras como os homens, eles criariam e representariam suas divindades à sua imagem e semelhança: os deuses dos cavalos teriam feições eqüinas...”.

As pessoas sempre tiveram necessidade de explicar os processos da natureza. Talvez elas nem pudessem viver sem estas explicações. Por causa disso inventaram os mitos, pois naquela época ainda não existia ciência.

– Os filósofos da natureza... Nada pode surgir do nada...

– “Os filósofos viam com seus próprios olhos que havia constante transformações na natureza”.

“Os primeiros filósofos tinham uma coisa em comum: eles acreditavam que determinada substância básica estava por trás de todas estas transformações”.

“A maior parte do pouco que sabemos sobre os filósofos da natureza foi sintetizada com os escritos de Aristóteles”.

TALES: Considerava a água origem de todas as coisas. Afirmou que “todas as coisas estão cheias de deuses.

ANAXIMANDRO: “não imaginou uma substância determinada. O que esta antes e depois do finito é o infinito.

ANAXIMES: “Para ele o ar ou o sopro de ar era a substância básica de todas as coisas”.

Dizia PARMÊNIDES: “nada pode surgir do nada”. E nada que existe pode se transformar em nada. Ele considerava impossível qualquer transformação real das coisas. “Nada pode se transformar em algo diferente do que já é”.

Parmênides sabia das constantes transformações que ocorrem na natureza, mas quando era forçado a decidir se confiava nos sentidos ou na razão, decidia-se pela razão.

Parmênides não acreditava nem quando via. Os sentidos nos fornecem uma visão enganosa do mundo. Queria desvendar todas as formas de ilusão dos sentidos.

“Se a razão pode ser fonte de conhecimento do mundo”. (Racionalismo)

HERÁCLITO: “tudo flui”. Tudo está em movimento e nada dura para sempre.

O mundo está impregnado pelos contrários... “Se nunca tivéssemos fome, não experimentaríamos a agradável sensação de saciá-la depois de uma refeição...”.

Tanto o bem como o mal são necessários ao todo, dizia Heráclio. Sem a constante interação dos opostos o mundo deixaria de existir. “Deus é dia e noite, inverno e verão, guerra e paz, satisfação e fome”.

EMPÉDOCLES: resolveu o impasse entre Heráclito (sentidos) e Parmênides (razão) com a combinação dos 4 elementos: terra, água, fogo e ar.

O amor construía novos seres e a disputa destruía.

ANAXÁGORAS: “Um pouco de tudo em tudo”. Em cada uma das células existe, portanto um pouco de tudo”. O todo esta também na menor das partes.

Em Atenas, foi acusado de ateísmo e teve que deixar a cidade. Disse: que o sol não era um Deus, mas uma massa incandescente, maior do que a península do PELODONESO.

DEMÓCRITO concordava com seus antecessores num ponto: as transformações que se podiam observar na natureza não significavam que algo realmente se transformava. Ele presumiu, então, que todas as coisas eram constituídas por uma infinidade de pedrinhas minúsculas, invisíveis e indivisíveis (ÁTOMOS).

DEMÓCRITO não acreditava numa “força” ou numa “inteligência” que pudesse intervir nos processos naturais. As únicas coisas que existem são os átomos e o vácuo. Como ele só acreditava no “material”, nós o chamamos de materialista.

Ele tinha encontrado a solução para os problemas do “elemento básico” e das “transformações”.

O Destino: as doenças são um castigo de Deus? ... Será que alguém ainda acreditava nisso ainda hoje em dia? De repente se lembrou de que muitas pessoas oram a Deus para curar-se. Ora, isto significa que, para elas, deve haver um dedo de Deus na decisão sobre quem deve adoecer e quem deve continuar são.

Até hoje, muita gente acha possível ler a sorte nas cartas do baralho, nas mãos das pessoas ou nas estrelas do céu (HORÓSCOPO).

Ser “fatalista” significa acreditar que tudo o que vai acontecer já está determinado previamente.

SOFISTAS: ganhavam a vida ensinando os cidadãos em ATENAS.

PROTÁGORAS (487 – 420 a C.) “o homem é a medida de todas as coisas”. Ou seja o certo e o errado, o bem e o mal sempre tinham que ser avaliados em relação às necessidades do homem.

AGNÓSTICO: não afirma e nem nega Deus.

Para os sofistas o “sentido natural” de pudor não se sustenta, pois eles não são inatos e sim construídos por sociedades.

SÓCRATES: só o conhecemos através sobretudo de Platão.

Não podemos saber ao certo se o “Jesus histórico” realmente disse o que Mateus ou Lucas dizem que ele disse. Assim, será para sempre um mistério o que o “Sócrates histórico” realmente disse.

SÓCRATES achava, portanto que sua tarefa era ajudar as pessoas a “parir” uma opnião própria, mais acertada pois o verdadeiro conhecimento tem de vir de dentro.

Justamente porque fingia que não sabia de nada sócrates forçava as pessoas a usar a razão.

No ano 399 a.c. ele foi acusado de “corromper a juventude” e de “não reconhecer a existência dos deuses”. Foi até as últimas conseqüências e pagou suas idéias com a própria vida. Assim, como Jesus Cristo, pessoa também enigmática.

“Mais inteligente é aquele que sabe que não sabe”. Os que questionam são sempre os mais perigosos. Responder não é perigoso. Uma única pergunta pode ser mais explosiva do que mil respostas .

SÓCRATES, acreditava que o conhecimento do que é certo leva ao agir correto. Só quem faz o que é certo pode se transformar num homem de verdade.

SÓCRATES: achava impossível alguém ser feliz se agisse contra suas próprias convicções . Por isso fará o que é certo, pois, ninguém deseja ser infeliz.

A grande diferença entre um professor e um verdadeiro filósofo é que o professor pensa que sabe um monte de coisas e tenta enfiar essas coisas na cabeça de seus alunos. Um filósofo, ao contrário , tenta ir ao fundo das coisas dialogando com seus alunos.

O projeto de Platão: “Interessava-se pela relação entre aquilo que, de um lado, é eterno e imutável, e aquilo que, de outro, flui”. (EXATAMENTE COMO OS PRÉ-SOCRATICOS).

Para os sofistas, o certo e errado mudava de cidade-Estado para cidade Estado. (Algo que fluía)

Para Sócrates as regras ou normas eram eternas e governavam o agir do homem.

Platão tentava entender uma “realidade” que fosse eterna e imutável. Os filósofos não se interessam muito por essas coisas efêmeras e cotidianas.

Platão chegou a conclusão de que “por cima” ou “por trás” de tudo o que vemos a nossa volta há um número limitado de formas. A estas formas deu o nome de idéias. Logo Platão acredita numa realidade autônoma por trás do “mundo dos sentidos”. A esta realidade chamou de mundo das, idéias, nele estão as imagens primordiais, eternas e imutáveis.

Para Platão nunca podemos chegar a conhecer verdadeiramente algo que se transforma. Sobre as coisas do mundo sensível só podemos ter opiniões incertas. O conhecimento seguro só pode ser obtido com o auxílio da razão.

Nós possuímos uma alma imortal, que é morada da razão, por não ser material, a alma pode ter acesso ao mundo das idéias. Para Platão, a alma já existia antes de vir habitar o corpo... Nas asas do amor, a alma, desejava voar “de volta para casa”, para o mundo das idéias. Ela quer se libertar do cárcere do corpo.

Platão: Do mesmo modo como a cabeça comanda o corpo, os filósofos devem indicar a sociedade o caminho por onde ela deve ir.

De que o homem precisa para ter uma boa vida? Todas as pessoas precisam de comida, de calor, de amor, e de atenção. De respostas as suas questões filosóficas. Terem uma profissão de que gostam.

Se para Platão não existe nada na natureza que antes não estivesse no mundo das idéias(na razão), para Aristóteles não existe nada na razão que não tenha sido experimentado antes pelos sentidos. Aristóteles não nega a razão inata. Só que nossa razão permanece “vazia” enquanto não percebemos nada. Na ética Aristotélica, o “homem só é feliz se puder desenvolver e utilizar todas as suas capacidade e possibilidades”. As formas de felicidade: Riqueza (cidadão), prazeres e honra (filósofo). Cultivar somente o corpo é tão unilateral como só cultivar a cabeça. Aristóteles chama a atenção para o meio termo, pois não devemos ser nem avarentos, nem extravagantes, mas generosos. O mesmo vale para a alimentação: só através do equilíbrio e da moderação podemos ser felizes.

Os Cínicos: a verdadeira felicidade não depende de fatores externos como luxo, o poder político e a boa saúde. A verdadeira felicidade consiste em se libertar destas coisas casuais e efêmeras. Logo, a felicidade pode ser alcançada por todos. E uma vez alcançada não pode mais ser perdida. Diógenes, foi o mais importante. Vivia num barril e possuía uma única túnica. Alexandre Magno, se aproxima dele e pede para que ele peça o que quiser e ele responde:”sim, desejo que te afastes da frente do meu sol”.

Os estóicos: Zenão, Cícero, Sêneca. O homem devia aprender a aceitar o seu destino. Nada acontece por acaso. Tudo acontece porque tem que acontecer e de nada adianta alguém lamentar a sorte quando o destino bate à sua porta.

Os epicureus (Aristipo) o prazer era o bem supremo e a dor o mal supremo. Assim, seu objetivo principal era desenvolver uma filosofia de vida capaz de afastar toda e qualquer forma de dor e sofrimento e não só o de suportar como os Estóicos e cínicos.

O neoplatonismo: Retomam as idéiais de Platão e influenciam a teologia cristã. O misticismo: Em muitas religiões diz-se que há um abismo entre Deus e sua criação. O místico não conhece este abismo. “Quando eu era, Deus não era. Agora Deus é e eu não sou mais” (místico indiano).

O Renascimento trouxe consigo uma nova visão de Deus. É o re-nascer da cultura da antiguidade clássica. As obras de arte voltam a valorizar o “nu”, o homem deixa de ser visto como pecador, de forma negativa.

Para Lutero o homem não precisava tomar o atalho da Igreja ou de seus sacerdotes para conseguir o perdão de Deus. Muito menos o perdão de Deus defendia de uma soma paga à Igreja Católica em troca de Indulgências.

O Barroco, em muitos aspectos foi marcado pela vaidade e irracionalidade. “Barro = pérola irregular”. Ao contrário dos renascentistas preferiam abraçar uma vida de reclusão religiosa e negação do mundo. Assim, surgem vários movimentos cujo objetivo era o isolamento do mundo. Dizeres latinos célebre desta época: Carpe diem = “aproveita o dia de hoje”.

Shakespeare: O mundo é um palco, e homens e mulheres, não são mais que meros atores. Entram e saem de cena e durante a sua vida não fazem mais do que desempenhar alguns papéis.

Leibniz: diferença de tudo o que é feito de matéria do que é feito de espírito. O que é material pode ser decomposto em unidades cada vez menores, ao passo que a alma não pode ser cortada.

Descartes: se preocupou com a questão de saber se nossos conhecimentos eram realmente seguros e também com a relação entre corpo e alma: “às vezes penso em algo triste, e logo me vêm às lágrimas. Tem de haver, portanto, alguma relação misteriosa entre corpo e consciência”.

Spinoza: criticou a religião oficial. Pensava que os dogmas rígidos e os rituais vazios eram as únicas coisas que ainda mantinham o cristianismo e o judaísmo vivos. Foi o primeiro a aplicar a interpretação “histórico-critica” da Bíblia. Ou seja, quando lemos a Bíblia temos que ter em mente a época em que ela foi escrita. “Deus governa o mundo através das leis da natureza. Spinoza tinha uma visão determinista da vida na natureza. Cada um vive de acordo com sua natureza. Ex. Um leão não escolheu ser predador ou vegetativo.

Locke, Berkeley e Hume... um empírico deriva todo o conhecimento do mundo daquilo que lhe dizem os seus sentidos. Ao chupar uma laranja alguém pode achá-la doce e ouro azeda. Porém, que ela tem tal peso não há como discordar.

Kant achava que tanto os sentidos quanto a razão eram muito importantes para a nossa experiência do mundo. Contudo, ele achava que os racionalistas atribuíam uma importância exagerada a razão, enquanto os empíricos eram parciais demais ao defender a experiência centrada nos sentidos... A água toma a forma do jarro. Do mesmo modo as impressões dos sentidos se adaptam às nossas “formas de sensibilidade”. Não é apenas a consciência que se adapta às coisas. As coisas também se adaptam à consciência. Kant concorda com Hume em que não podemos saber com certeza como o mundo é “em si” (numenos), nós podemos saber como o mundo é “para mim” (fenômenos). Segundo Kant, para a razão, é tanto provável quanto improvável que Deus exista... esta é uma zona que deve ser ocupada pela fé religiosa onde não conseguem chegar nem a nossa experiência, nem a nossa razão... Kant pensava que as premissas de que a alma é imortal, de que existe um Deus e de que o homem possui livre-arbitrio era pressupostos de certa forma imprescindíveis para a moral do homem.

Kant: a lei moral é anterior a toda e qualquer experiência, ela é “formal”. Logo, ela vale para todas as pessoas, em todas as sociedades, em todos os tempos. Ela diz como você deve se comportar em todas as situações: “imperativo categórico”. Kant: “age de tal forma que o seu agir possa se tornar universal” trate as outras pessoas sempre como um fim em si mesma, e não como um simples meio para se chegar a outra coisa. Isto vale para nós mesmos. Regra de ouro: “não faças para os outros aquilo que não desejas para ti”.

Schelling, tentou suprimir a divisão entre “espírito” e “matéria”. A natureza inteira, tanto a alma humana, quanto a realidade física, era expressão de um único Deus ou do “espírito do mundo”.

Hegel. A razão ou o espírito do mundo só se tornam visíveis, na interação das pessoas. A razão se revela sobretudo através da língua. E a língua é o universo no qual nascemos. A língua portuguesa pode muito bem sobreviver sem o senhor Pedro, mas o senhor Pedro dificilmente sobreviveria sem a língua portuguesa. Não é o indivíduo que cria a língua, mas a língua que cria o indivíduo. Não é o indivíduo que cria o Estado mas o Estado que cria o indivíduo.

Kierkegaard: Pensava que os tempos em que vivia eram totalmente destituídos de paixão e engajamento, e criticava duramente a atitude tépida e frouxa da igreja.Critica a “igreja de domingo”. Para ele, o importante era encontrar “a minha verdade”, a verdade de cada um. A multidão é a inverdade, a verdade está sempre na minoria. Acha que se quero entender Deus objetivamente, isto significa que eu não creio; e precisamente porque não posso entendê-lo objetivamente é que preciso crer.

Marx. As condições materiais de vida numa sociedade determinam nosso pensamento e nossa consciência. As forças econômicas numa sociedade são as principais responsáveis pelas modificações em todos os setores e pelos rumos do curso da história. Quando o homem altera a natureza, ele mesmo também se altera. “Diga-me com que trabalhas e ter direi quem és”. Marx, dizia que o modo como trabalhamos marca a nossa consciência, mas a nossa consciência também marca o modo como trabalhamos.

Sartre. Assíduo freqüentador de cafés, onde conheceu a filósofa Simone de Beauvoir, companheira de toda sua vida. O homem esta condenado a liberdade. Condenado porque não se criou e, não obstante, é livre. E uma vez atirado ao mundo, passa a ser responsável por tudo o que faz... não existem valores ou regras eternas, a partir das quais podemos nos guiar. E isto torna importante nossas decisões, nossas escolhas. Quem não assume esta responsabilidade foge de si mesmo e se refugia na mentira. Escolhemos o quem nos parece ser importante. Ex. Uma mulher grávida vê mulheres grávidas por toda parte”.

Os ecofilósofos. Questionaram, por exemplo, a noção de evolução, que se baseia na suposição de que o homem esta “no topo” da natureza; ou seja que somos os senhores da natureza. E é precisamente este pensamento que pode colocar em risco toda a vida do planeta.

No que se refere ao futuro do universo, portanto, os astrônomos vêem duas possibilidades: ou o universo continuaria a se expandir indefinidamente e as galáxias se afastariam cada vez mais umas das outras, ou o universo entraria num processo de contração. Tudo dependeria da quantidade de matéria existente, no universo. Ex.: pegar uma bexiga e fazer pontos escuros nela e depois enchê-la.

O que é esta matéria que compõe o mundo? O que foi que explodiu há bilhões de anos? Este é o enigma maior. Mas ele diz respeito a todos nós. Profundamente. Nós também somos feitos dessa matéria. Somos uma centelha da grande fogueira acessa há bilhões de anos. (Fim)

SolguaraSol
Enviado por SolguaraSol em 23/10/2008
Reeditado em 23/10/2008
Código do texto: T1243605