Educação como prática à liberdade.

FREIRE, Paulo: Educação como prática à liberdade.

FREIRE, PAULO: Educação como prática da liberdade, Editora Paz e Terra, 19º edição.

“Pernambucano ... escrito depois da queda de João Goulart, nos intervalos das prisões e concluído no exílio ... Pedagogia da liberdade”(03).

“A visão da liberdade é a matriz que atribui sentido a uma prática educativa que só pode alcançar efetividade e eficácia na medida da participação livre e crítica dos educandos” (05).

“O coordenador, quase sempre um jovem, sabe que não escreve as funções de “professor” e que o diálogo é condição essencial de sua tarefa, “a de coordenar, jamais influir ou impor”” (05).

“ O trabalho do educador deve ser complementado com o trabalho político, de organização das massas”(23).

“Que o seu trabalho não é pena que paga por ser homem, mas um modo de amar e de ajudar o mundo ser melhor” (p. 28).

“Toda educação deve levar a formação do homem sujeito, de uma sociedade sujeito” (36).

A SOCIEDADE BRASILEIRA EM TRANSIÇÃO.

“Estar com o mundo resulta de sua abertura à realidade, que o faz ser o ente de relações que é” (39).

“Toda vez que se suprime a liberdade, fica ele um ser meramente ajustado ou acomodado ... sacrifica imediatamente a sua capacidade criadora” (42).

“É a luta por humanização, ameaçada constantemente pela opressão que o esmaga” (43).

“A partir das relações do homem [...] participar destas épocas” (43)

“Subversivo”, dizem, “porque ameaçam a ordem”. Esquecem-se, porém, de que não houve ordem na sociedade “fechada” de onde partimos, uma vez que se fundava na “exploração de muitos por poucos” (56).

“ [...] ainda que se possa crer livre. Teme a liberdade, mesmo que fale dela. Seu gosto agora é o das fórmulas gerais, das prescrições, que ele segue como se fossem opções suas. É um conduzido. Não se conduz a si mesmo. Perde a direção do amor. Prejudica seu poder criador. É objeto e não sujeito. E para superar a massificação há de fazer mais uma vez, uma reflexão. E dessa vez, sobre sua própria condição de ‘massificado’.

SOCIEDADE FECHADA E INEXPERIÊNCIA DEMOCRÁTICA.

“Não pode haver democracia numa sociedade escravocrata”. “A nossa colonização foi, sobretudo, uma empreitada comercial” (67). “Assim, vivemos o nosso período colonial, quase sempre proibidos de crescer” (75).

“Ao lado, posto à margem, sem direitos cívicos, estava o homem comum, irremediavelmente afastado de qualquer experiência de autogoverno. De dialogação. Constantemente submetido. Incapaz de algazarra, que é a ‘voz’ dos que se tornam ‘mudos’ na constituição e crescimento de suas comunidades, quando ensaiam qualquer reação. Nunca, porém, capaz de voz autêntica” (76).

“ [...] Estrutura social em que o homem vivia vencido, esmagado e ‘mudo’, ... proibições inúmeras a nossa indústria, à produção de tudo aquilo que afastasse os interesses da metrópole (80). O povo assistiu a proclamação da república ‘bestificado’” (81).

EDUCAÇÃO “VERSUS” MASSIFICAÇÃO

“As classes muito ricas consideram até mesmo ‘imoral’ os pobres (inferiores) poderem interferir em questões políticas” (86 – 87). Estas ‘elites’, ‘irracionalmente’, na defesa de privilégios inautênticos [...] se agregavam em torno de seus interesses [...] longe de se identificar com a nação” (87). { Que tipo de sociedade nós queremos com a educação que estamos fornecendo a nossos alunos? }

“ ... do homem que, massificando-se, deixa de assumir postura conscientemente crítica diante da vida. Excluído da órbita das decisões, ... é comandado pelos meios de publicidade, a tal ponto que, em nada confia ou acredita, se não ouviu no rádio, na televisão ou se não leu nos jornais” (91).

“uma educação democrática, teórica e prática, crítica, que comunique e não faça comunicados, alunos sujeitos e não objetos, que não seja assistencialista, [...] uma tentativa constante de mudança de atitude” (93).

“Quanto mais crítico um grupo humano, tanto mais democrático, quanto mais ligado “as condições de sua circunstância”” (95).

“Ditamos idéias. Não trocamos idéias. Discursamos aulas” (96).

EDUCAÇÃO E CONSCIENTIZAÇÃO

“Na verdade, somente com muita paciência é possível tolerar, após as durezas de um dia de trabalho ou de um dia sem “trabalho” [...] as lições que falam de Evas e Uvas a homens que às vezes conhecem poucas Evas e nunca comeram Uvas” (104).

“É próprio da consciência crítica a sua integração com a realidade, enquanto que da ingênua o próprio é sua superposição à realidade ... Toda compreensão de algo corresponde, cedo ou tarde, uma ação” (106).

“A sociedade brasileira é de transição. Pensou-se o Brasil de fora do Brasil, com olhos europeus e americanos. A educação deve inserir o homem na realidade promovendo a transitividade ingênua à crítica” (107).

“Jaspers: O diálogo é o indispensável caminho. Somente chego a ser eu mesmo quando os demais também cheguem a ser eles mesmos” (108).

“Quero aprender a ler e a escrever para deixar de ser sombra dos outros” (113). “Quero aprender a ler e escrever para mudar o mundo” (113).

“O que deve ser superado é o discurso oco e o verbalismo vazio sobre a educação. O que deve ser instaurada é a pedagogia que começa pelo diálogo, pela comunicação, por uma nova relação humana que possibilite ao próprio povo a elaboração de uma consciência crítica do mundo em que vive” (Contra Capa).