O MÁGICO DE OZ, de Lyman Frank Baum

Apesar de O Mágico de Oz ter se eternizado com a adaptação cinematográfica de 1939, o livro do escritor Lyman Frank Baum é bem completo e complexo. Seria impossível narrar a história toda em apenas um filme, ainda mais com os produtores atuais preferindo refilmagens moderninhas, como a recente série Tin Man (2007, SCI FI Channel). Talvez se acredite que as crianças não se interessam por espantalhos, homens de lata e leões medrosos. Fora que não soaria ecologicamente correto trazer como herói alguém que usa um machado para decapitar 40 lobos ou derrubar árvores à torta e direita sempre que precisa. Mas, pensado inversamente, não estaríamos camuflando a fábula original para esconder de nossos filhos os erros que cometemos no passado? São as crianças atuais tão sensíveis à realidade que devem ser criadas entre raios e explosões multicoloridas excessivas, para não terem contato algum com a mais simples e, por isso, mais profunda verdade? Cervantes escreveu Dom Quixote para criticar os romances cavalheirescos da época, Baum quis diferenciar-se das histórias infantis que conhecia. Criou uma obra que se eternizou no coração de crianças de todas as idades. Usou a linguagem simples e métodos de escrita contrários aos que são ensinados. Um exemplo é a repetição em excesso, sendo que a descrição da Cidade de Esmeralda será a ocasião em que o leitor mais vezes vai ler a palavra “verde” em toda a sua vida.

(escrito originalmente em www.jefferson.blog.br em 09/02/2008)