RESENHA DO LIVRO ASSASSINATO NA FLORESTA DE PAULO RANGEL

RESENHA DO LIVRO ASSASSINATO NA FLORESTA

DE PAULO RANGEL

teacherginaldo@hotmail.com

Assassinato na floresta, escrito por Paulo Rangel em 1993, FTD, é uma obra de consciência nacional. Retrata de forma clara e objetiva, o drama de muitos trabalhadores da região de Benjamin Constant, que vivem na Amazônia, assim como seus problemas ligados ao meio-ambiente.

Paulo Rangel cria um panorama de denúncia ao compor uma obra, classificada como ficção policial e dedicada ao público infantil, num contexto em que se faz necessário dar ênfase a Amazônia, desnudando assim, aspectos desagradáveis da realidade brasileira em favor das questões ecológicas. A obra divide-se em 40 capítulos, todos de forma linear, narrada em 1ª pessoa, denominada de cadernos de memórias de Ivo Cotoxó. O protagonista leva o leitor a uma viagem de São Paulo a Manaus, de Manaus a Tabatinga e de Tabatinga a Benjamin Constant, na divisa com a Colômbia e o Peru, de barco pelas águas do Solimões.

Seguindo o modelo dos romances de ficção policial, Assassinato na floresta narra à história de Ivo Cotoxó, jornalista investigativo da Tribuna da Pátria. Sua missão é escrever sobre a morte de uma cabocla, viúva, anônima, semi-alfabetizada, que vivia da extração de látex no meio da floresta, envenenada por picada de cobra. Raimunda Maria da Silva era líder dos trabalhadores da região de Benjamin Constant. Cansada de ser explorada pelos regatões, seringalistas, ela idealizou uma cooperativa autônoma, sem depender do governo, nem de particulares, nem de fazendeiros, nem de banqueiros. Queria acima de tudo libertar-se da escravidão a que o seringueiro se submete há mais de século e meio. Este fato causou revolta e inimizade por acharem que ela pretendia ampliar os empates de Chico Mendes, que era um movimento de resistência dos seringueiros contra as derrubadas das florestas, iniciado em 1976 e que continua a ser praticado até hoje.

A narrativa torna-se neste contexto um alerta ao Brasil para os interesses internacionais na Amazônia, que sempre foi objeto da cobiça para muitos países do primeiro mundo. Ao chegar a Benjamin Constant, Ivo Cotoxó conhece Firmino, mateiro que o leva ao seringal e ao barraco dos filhos de Raimunda, Cândido Rondon da Silva, Osvaldo Araguaia da Silva e Anita Garibaldi da Silva, demonstrando que apesar de ser analfabeta, Raimunda possuía uma consciência social e ecológica ao escolher esses nomes para seus filhos. A narrativa começa a mudar quando um dos filhos mostra a cobra que matara Raimunda: uma cascavel, tipo de cobra rara de ser encontrada na Amazônia. A hipótese agora é de assassinato e não mais de uma triste fatalidade. Capitalistas nacionais e internacionais interessados em preservar a miséria e o analfabetismo, cujo fim é o enriquecimento ilícito, contratavam bandidos para matar todo o líder que tentasse mudar o aspecto social e econômico na Amazônia. Outro encontro marcante na obra é quando Cotoxó trava contato com uma tribo indígena, os Karamaris. Depois de demonstrar coragem e agilidade, Cotoxó recebe o apelido de Pavaru, pássaro típico da região. A língua indígena ganha destaque na narrativa através de algumas palavras de uso comum utilizada pela tribo isolada no Alto Solimões.

Depois de desvendar os assassinos de Raimunda, Ivo Cotoxó retorna a São Paulo com a certeza de que a luta na Amazônia ainda prevalecerá por muito tempo. Sabe que sempre que desaparece uma Raimunda, outra surgirá em seu lugar para dar continuidade a luta que parece não ter fim. Em Benjamin Constant ficou Juçara para prosseguir o sonho de Raimunda: o de salvar a Amazônia.

ginaldo
Enviado por ginaldo em 08/06/2009
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