A ORTOGRAFIA QUE NOS ATORMENTA

Em 1987 li o livro de ENO TEODORO WANKE - "A ortografia que nos atormenta" - Editora CODPOE - 2ª edição - 1987.

Logo na introdução ele exclama:

"A escrita não está burocratizada? Pois vamos desburocratizá-la!"

E cita "as palavras foram, portanto, concebidas para serem faladas"

E vai desfilando os casos que nos fazem sofrer nas aulas de português desde o ensino fundamental até pós-graduação: a passagem da palavra falada para a escrita.

Isso com obrigação de saber regras que foram feitas para confundir.

Eu sempre achei que quem criou estas regras CHEIAS DE EXCEÇÕES foi um sádico que adorava dar castigos nos seus alunos (no tempo que isso era possível...).

A matemática criou regras para facilitar as contas.

A lingua portuguêsa criou regras para COMPLICAR.

E isto criou o hábito de decorar e não de pensar.

Z - C - G - X - J - SS - Ç ...

M ou N - por que antes de "p" e "b" ???? - se falar aNbulância ou aMta da a mesma pronúncia inicial ?)

Sei que tudo tem uma "explicação".

Mas vem uma pergunta:

Se temos aulas de português e inglês por que saímos sem saber?

Por que quem acaba o ensino médio e faz uma prova de vestibular para uma Federal não tira nota 10 em português?

Os cursinhos ensinam regras que o fundamental e médio não ensinam ?

Por que passamos anos com este tal de português e vamos mal num concurso público ?

Somos todos BURROS ou há algo de errado no ensino ?

Voltando ao livro, ele cita o KOF (Klube de Ortografia Fonética), que, segundo o livro, foi fundado em 1983.

E a proposta seria:

01=Não haveria letras mudas (seria "não averia...").

02=G teria o som de "gue" (gitarra)

03=J com som de "ge" (jente)

04=K no lugar de c, q e qu (keijo)

05=KS no lugar de "x" (táksi)

06=N no lugar de "n" como letra nasaladora (tanpa)

07=S com som de "s" no lugar de c e x (sinema)

08=Dígrafo "ss" eliminado (asunto)

09=X no lugar de "ch" (xamar)

10=Z com som de "z" no lugar de s e x (ezato)

Não sei que fim deu este estudo.

Mas a idéia é genial.

E cada vez mais colocamos, DESNECESSARIAMENTE, palavras inglêsas no nosso vocabulário.

Fora o "internetês", "marketês" e "economês".

Enfim, é a mesma regra do Imposto de Renda:

Fazem tanta "lambança" que cada um se salva como pode. Se fosse tudo mais justo a declaração seria mais prática e certa.

Ou, como já citei aqui no Recanto, é como missa que era rezada em latim: Todo mundo respeitava por não entender nada...

Mas a ignorância gera a marginalidade que gera a violência que gera a... ignorância.

Se todos fossem inteligentes e ricos ninguém precisaria roubar para ser rico. E a arrecadação para a distribuição dos bens e serviços comuns seria naturalmente maior.

Claro que isso eliminaria a possibilidade dos desvios feitos pelos eleitos pela ignorância do povo (o que gera a violência que mata inclusive os eleitos...)

Era "só" uma resenha sobre um livro sobre ortografia.

Mas nada é "só" sobre uma coisa só..