CONCEITO DE LEITURA

TÁSSIA KALINE SANTANA DA SILVA

CONCEITO DE LEITURA

AMARGOSA

2009

CONCEPÇÃO DE LEITURA

A importância da leitura na nossa vida, a necessidade de se cultivar o hábito de leitura entre crianças e jovens, bem como o papel da escola na formação de leitores competentes, são questões frequentemente discutidas. No bojo dessa discussão, destacam-se questões como: O que é ler? Para que ler? Como ler? Essas perguntas poderão ser respondidas de diferentes modos. E as respostas dependerão dos seguintes pontos de vista..

A língua como representação do pensamento. Neste sentido a leitura é entendida como a atividade de captação das idéias do autor, sem se levar em conta as experiências e os conhecimentos do leitor.

Língua como estrutura ou como código. Nesta concepção, o texto é visto como simples produto de codificação e decodificação de um emissor a ser decodificado pelo leitor/ouvinte, bastando a este, para tanto, o conhecimento do código utilizado.

Língua como interação autor-texto-leitor. Os sujeitos são vistos como atores/construtores sociais, sujeitos ativos que – dialogicamente- se constroem e são construídos no texto.

Nessa perspectiva, A leitura é uma atividade na qual se leva em conta as experiencias e os conhecimentos do leitor; e exige do leitor bem mais que o conhecimento do código linguistico, uma vez que o texto não é simples produto da codificação de um emissor a ser decodificado por um receptor passivo.

A INTERAÇÃO: AUTOR-TEXTO-LEITOR

A autora expõe a concepção de leitura como uma atividade de produção de sentido. Dialogando com um trecho extraído dos PCNs de Língua Portuguesa a autora reforça o papel do leitor enquanto construtor de sentido, na atividade de leitura, utilizando, para tanto, de estratégias de leitura como a seleção, antecipação, inferência e verificação.

Desse leitor, espera-se que processe, critique, contradiga, ou avalie a informação que tem diante de si, que a desfrute ou a rechace, que dê sentido e significado ao que lê (Sole, 2003, p. 21).

A titulo de exemplificação, a autora propõe uma simulação de como os leitores, recorrem a uma serie de estratégias no trabalho da construção de sentido, através da seleção e analise de alguns textos específicos.

A intenção com que se lê o texto é tida pela autora como os objetivos da leitura: a necessidade e vontade do leitor serão os objetivos da leitura

Koch e Elias (2006 p.13) expõem a concepção de leitura como uma atividade de produção de sentido. Dialogando com um trecho extraído dos PCNs de Língua Portuguesa as autoras reforçam a discussão sobre o papel do leitor enquanto construtor de sentido, na atividade de leitura, utilizando, para tanto, de estratégias de leitura como a seleção, antecipação, inferência e verificação.

As autoras apontam as estratégias de leituras como importantes para o ensino de leitura. Cita como exemplo a autora Solé (2003, p. 21) “Desse leitor, espera-se que processe, critique, contradiga, ou avalie a informação que tem diante de si, que a desfrute ou a rechace, que dê sentido e significado ao que lê”. Para reforçar essa idéia, a titulo de exemplificação, as autoras propõe uma simulação com o miniconto O Patinho Feio, de como os leitores recorrem a uma série de estratégias no trabalho da construção de sentido, através da seleção e análise. Desse modo, os leitores ativos, estabelecem relações, fazem inferências, comparações, formula hipóteses e perguntas relacionadas ao conteúdo.

Sendo assim, as autoras destacam que não devemos esquecer de que a constante interação entre o conteúdo do texto e o leitor é regulada também pela intenção com que se lê o texto. Nesse ponto, elas apontam os objetivos da leitura como um norte para o modo de ler os textos.

A INTERAÇÃO

- Leitura como uma atividade de produção de sentido.

- O papel do leitor enquanto construtor de sentido.

- Estratégias como: seleção, antecipação, inferência e verificação.

EXEMPLIFICAÇÃO DE ESTRATÉGIAS NO TRABALHO DA CONSTRUÇÃO DE SENTIDO DO TEXTO.

O RETORNO DO PATINHO FEIO

Alfonso era o mais belo cisne do lago príncipe de Astúrias. Todos os dias, ele contemplava sua imagem refletida nas águas daquele chiquérrimo e exclusivo condomínio para aves milionárias. Mas Alfonso não se esquecia se sua origem humilde.

- Pensar que, não faz muito tempo, eu era conhecido como o Patinho Feio...

Um dia, ele sentiu saudades da mãe, dos irmãos e dos amiguinhos da escola.

Voou até a lagoa do Quaquenhá. O pequeno e barrento local de sua infância.

A pata Quitéria conversava com as amigas chocando sua quadragéssima ninhada. Alfonso abriu suas largas asas brancas.

- Mamãe! Mamãe! Você se lembra de mim?

Quitéria levantou-se muito espantada.

- Se-se-senhor cisne... quanta honra..mas creio que o senhor se confunde...

- Mamãe...?

- Como poderia eu ser mãe de tão belo e nobre animal?

Não adiantou explicar. Dona Quitéria balançava a cabeça.

- Esse cisne é mesmo lindo... mas doido de pedra, coitado...

Alfonso foi então procurar a Bianca. Uma patinha linda do pré-primário. Que vivia chamando Alfonso de feio.

- Lembra de mim, Bianca? Gostaria de me namorar agora? He, he, he

- Deus me livre! Está louco? Uma pata namorando um cisne! Aberração da natureza...

Alfonso respirou fundo. Nada mais fazia sentido por ali. Resolveu procurar um famoso bruxo da região. Com alguns passes mágicos, o feiticeiro e astrólogo Omar Rhekko resolveu o problema. Em poucos dias, Alfonso transformou-se num pato adulto. Gorducho e bastante sem graça. Dona Quitéria capricha fazendo lasanhas para ele.

- Cuidado para não engordar demais, filhinho.

Bianca faz um cafuné na cabeça de Alfonso.

- Gordo...pescoçudo...bicudo...Mas sabe que eu acho você uma gracinha?

Viveram felizes para sempre.

LEITURA E PRODUÇÃO DE SENTIDO

Durante o processo de leitura, o leitor desempenha papel ativo, sendo as inferências um relevante processo cognitivo nesta atividade. A capacidade central do ser humano de dar direção às coisas do mundo permite ao indivíduo fazer sentido do que ouve ou lê, indo muito além do que está explícito ou prontamente acessível, pois o sentido não reside apenas no texto, mas depende sempre de um interpretador, a saber, o leitor.

Por essa razão fala-se de um sentido para o texto, não do sentido, visto que, na atividade de leitura, ativa-se: lugar social, vivências, relações com o outro, valores da comunidade e conhecimentos textuais. Dessa forma, o significado não está embutido ou inscrito totalmente no texto oral ou escrito. Embora o texto carregue um sentido pretendido pelo autor, ele é polissêmico e, como tal, oferece possibilidades de ser reconstruído a partir do universo de sentidos do receptor, que lhe atribui coerência através de uma negociação de significados.

Na leitura, entendida como um encontro à distância entre leitor e autor via texto, ambos constituem-se e são constituídos através desse encontro e confronto de significados gerados em interação de cada qual com seu mundo. Na interação que mantém com o autor, via texto, o leitor, ao compreendê-lo, vai modificando, ajustando e ampliando as suas concepções, as quais exercem um impacto sobre a sua percepção. O mundo transforma-se aos olhos do sujeito quando este é transformado. Assim, ao atribuir sentido ao texto, o indivíduo o constitui, transformando-o em algo novo e diferenciado e atribuindo vida ao texto, sendo o seu significado modificado com as várias leituras por ele realizadas.

Entretanto, o leitor tem liberdade para construir sentidos, mas ele também é limitado pelos significados trazidos pelo texto e pelas suas condições de uso. O texto é gerado a partir dos significados atribuídos pelo autor quando em interação com seu mundo de significação, e é recontextualizado pelo leitor, que busca atribuir-lhe significado a partir da relação que mantém com o seu próprio mundo e com o autor, o qual delimita as possibilidades de construção de novos significados.

FATORES DE COMPREENSÃO DA LEITURA

A leitura envolve a integração de múltiplos fatores relacionados à experiência do indivíduo, habilidades e funcionamento neurológico. O ato de ler compreende desde a decodificação dos símbolos gráficos até a análise reflexiva de seu conteúdo. A compreensão de um texto não se resume à capacidade de memória, mas também à capacidade de inferir fatos que não são apresentados explicitamente no texto.

A compreensão em leitura implica a criação de uma representação mental coerente do texto. Entretanto, a criação dessa estrutura mental pode ser prejudicada por inúmeros aspectos, entre eles a falta de conhecimento prévio sobre o assunto do texto e a falta de familiaridade com o código escrito, entretanto, mesmo que o leitor tenha familiaridade com o código escrito, mesmo que conheça o gênero textual, que possua conhecimento prévio sobre o assunto, ainda assim a compreensão não está garantida. É necessário que o leitor tenha uma atitude ativa de cooperação para a construção da estrutura, a fim de que seja capaz de fazer as devidas inferências, de identificar ironias e, principalmente, de aprender através da leitura.

ESCRITA E LEITURA: CONTEXTO DE PRODUÇÃO E CONTEXTO DE USO

Contexto é a relação entre o texto e a situação em que ele ocorre. É o conjunto de circunstâncias em que se produz a mensagem - lugar e tempo, cultura do emissor e do receptor, e que permitem sua correta compreensão. Também corresponde onde é escrita a palavra, isto é, a oração onde ela se encontra.

O texto tem uma existência independente do autor. Entre a produção do texto e a sua leitura, pode passar muito tempo, as circunstancias da escrita podem ser diferentes das da leitura, interferindo na produção de sentido.

TEXTO E LEITURA

Depois de escrito, o texto tem uma existência independente do autor. Entre a produção do texto escrito e a sua leitura, pode passar muito tempo, as circunstâncias da escrita (contexto de produção) podem ser absolutamente diferentes das circunstâncias da leitura (contexto de uso), fato esse que interfere na produção de sentido. Pode acontecer também que o texto venha a ser lido num lugar muito distante daquele em que foi escrito ou pode ter sido reescrito de outras formas, mudando consideravelmente o modo de constituição e escrita.

Se o autor apresenta um texto incompleto, por pressupor a inserção do que foi dito em esquemas Cognitivos compartilhados, é preciso que o leitor o complete, por meio de uma série de contribuições.

Assim, no processo de leitura, o leitor aplica ao texto um modelo cognitivo, ou esquema, baseado em conhecimentos armazenados na memória. O esquema inicial pode, no decorrer da leitura, se confirmar ser mais preciso, ou pode se alterar rapidamente.

Sendo assim, a compreensão não requer que os conhecimentos do texto e os do leitor coincidam, mas que possam interagir dinamicamente.

REFERÊNCIA

KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Leitura, texto e sentido. In Ler e compreender: os sentidos do texto. 2 ed. São Paulo: Contexto, 2006.

TKSS
Enviado por TKSS em 10/09/2009
Código do texto: T1802399