A RELAÇÃO ENTRE AS NOVAS TECNOLOGIAS E A LEITURA

A RELAÇÃO ENTRE AS NOVAS TECNOLOGIAS E A LEITURA

Roberta Moura Cavalcanti

Pós-graduanda do Curso de Literatura Brasileira da Faculdade Frassineti do Recife – FAFIRE.

ANTUNES, Cláudia Rejane D. Modos de Ler. São Paulo: Letras de Hoje, 2002. p.11-23

Cláudia Rejane D. Antunes inicia seu ensaio já expondo o conflito sobre o qual o mesmo trata, “o avanço de novas tecnologias de informação gerou um intenso debate em torno da questão da leitura: o livro estaria perdendo espaço aos meios informatizados e, portanto, condenado ao desaparecimento” (p.11).

Na primeira parte, intitulada de “Um pouco de história”, a autora, além de por a mostra o tema central de seu ensaio, que é o aparente desaparecimento do livro devido ao surgimento de novas tecnologias, dá uma explicação sobre cultura, desde os períodos que antecederam a História, até os tempos atuais, o século XXI. Antunes explica que a cultura era transmitida pela oralidade e que só com o surgimento da escrita que a palavra tomou seu poder. A ensaísta também informa que “somente com a tecnologia desenvolvida para a criação do códex – no século III d.C – com o formato semelhante ao do livro atual, que se difunde a prática da leitura silenciosa” (p.12), já que antes a leitura era feita em voz alta através do volumen.

Na segunda, cujo título é “A materialização da leitura”, Cláudia Rejane D. Antunes afirma que a materialização da leitura gera uma necessidade de novas aprendizagens. A autora usa Chartier ao dizer que “o leitor não é mero espectador passivo, pois interage, numa relação dialética, com o discurso da sociedade, que o faz falar. A leitura é construída sobre dois eixos: o particular e o social” (p.13). Antunes também expõe a importância dos meios sobre a mensagem, e usando McLuhan, afirma que “eles carregam consigo uma força independente do conteúdo, capaz de interagir e modificar os processos sociais e de comunicação na qual estão inseridos” (p.14).

É na terceira parte, “Virtualização do texto”, que Antunes esclarece o conceito de virtual, que se opõe ao de atual e não ao de real. A ensaísta, ao aproximar-se da questão das novas tecnologias que dão suporte à literatura, recorre a Pierre Lévy que distingue os termos virtual e atual, afirmando que “A atualização vai de um problema a uma solução, a virtualização passa de uma solução dada a outro problema, constantemente” (p.15). Antunes explica que o trabalho da leitura é desdobrar o sentido do texto e isto se dá através do ato de rasgá-lo e de recosturá-lo. A autora também esclarece que “O texto contemporâneo, alimentando correspondências on-line, reconstitui características da comunicação oral, reaproximando o leitor ao diálogo e à conversação” (p.16).

Na quarta parte, nomeada de “Práticas leitoras”, Antunes recorre novamente a Chartier, que baseado em estudos sobre a história da leitura, “conclui que os novos suportes de texto permitem usos, manuseios e intervenções do leitor muito mais numerosos e mais livres do que qualquer uma das formas antigas de livro” (p.16). A autora relata as experiências realizadas na PUCRS que consiste na integração de novas tecnologias à educação. Essas experiências se dão por meio de um projeto intitulado Aprendizado da leitura e da escrita através do computador, por alunos do Ensino Fundamental, cuja proposta é encarar o leitor como sujeito capaz de fazer e testar hipóteses sobre o conteúdo. Com a implementação desse projeto, os alunos que tinham grandes dificuldades com a leitura, conseguiram melhorar a produção de texto e fazer relações de sentido, tudo isso através da descoberta do texto e do computador.

Na quinta e última parte, “Leitura para o imaginário”, a autora recorre a vários outros autores, como Vygotsky, Gardner, Mosquera e Ketzer, para discutir o pragmatismo da escola tradicional. Antunes salienta que a escola tende a desconsiderar as variações culturais e pessoais dos alunos, tratando todos como iguais. A ensaísta, baseada em Gardner, afirma que “o processo de aquisição do conhecimento, antes considerado seqüencial, lógico e linear, apresenta-se agora encarado como rede, a partir da relação entre diferentes ideias que se juntam formando conceitos” (p.20). Antunes sustenta a opinião de que os educadores precisam se capacitar para transmitir os conhecimentos de forma criativa e finaliza afirmando que “Os computadores podem revolucionar a educação, na medida em que têm potencial para individualizá-la, compartilhando os conteúdos, mas orquestrando as diferenças, Para tanto, é preciso que os educadores se atualizem também nesse domínio” (p.21).

Roberta Cavalcanti
Enviado por Roberta Cavalcanti em 22/09/2009
Código do texto: T1825635
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