Dei Verbum

VATICANO II, Concílio. Dei Verbum. São Paulo: Paulinas, 2004.

FICHAMENTO:

O primeiro capítulo da Dei Verbum traz como tema, a Revelação. Deus faz revelar-se a si mesmo e faz que se conheça o mistério de sua vontade, assim, os homens, por meio de Jesus Cristo, passam a participar da sua natureza divina. Dessa forma, o Deus invisível, pela Revelação, fala aos homens convidando-os à comunhão com Ele. Por meio de Jesus, Verbo encarnado, é que se manifesta a verdade profunda encontrada na Revelação, tanto a respeito de Deus, com a respeito da salvação do homem. Deus através dos tempos, desde sua manifestação aos primeiros pais, depois com o chamado a Abraão, passando por Moisés e os profetas, ensinou ao seu povo, a reconhecer nele, o verdadeiro Deus. Dessa forma, através da história de seu povo preparou o caminho do Evangelho. Assim, depois de ter falado por meio dos profetas, Deus se manifesta na pessoa de Jesus Cristo. Verbo encarnado, para nossa libertação do pecado e para nos ressuscitar para a vida eterna. Portanto, quem vê Jesus, vê a Deus, a quem é devido à obediência da fé.

No segundo capítulo, é abordado o tema da Transmissão da Revelação Divina. Deus quis que fosse ensinado a todas as gerações tudo o que tinha sido revelado para a salvação dos homens. Dessa forma, Cristo mandou que os apóstolos pregassem a todos os povos, o Evangelho que havia sido prometido pelos profetas e que com Ele se cumpria. Assim, os apóstolos deixam os bispos como seus sucessores para que estes mantivessem o Evangelho vivo e íntegro na vida da Igreja. Logo, a Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura dos dois testamentos, são como um espelho no qual a Igreja contempla a Deus, até um dia encontrá-lo face a face.

Os apóstolos ensinando o que tinham aprendido pedem aos fiéis, que conservem as tradições e que lutem pela fé recebida. A Igreja perpetua por todas as gerações o que ela acredita, a tradição apostólica evolui na Igreja, amparada pelo Espírito Santo. Assim, no decorrer dos tempos, ela caminha para a plenitude da verdade divina. As afirmações dos santos padres procuram testemunhar a presença vivificadora da tradição. Logo, a Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura têm a necessidade de se relacionar e comunicar-se entre si, porque ambas tem origem na mesma fonte divina: A Sagrada Escritura é a Palavra de Deus, confiada por Jesus e pelo Espírito Santo aos apóstolos, para que transmitam com fidelidade na sua pregação. Portanto, a sagrada Tradição e a sagrada Escritura devem ser veneradas com igual afeto, e colaboram uns com os outros juntamente com o Magistério da Igreja para a Salvação das almas.

No terceiro capítulo, é abordada a interpretação divina e a interpretação da Sagrada Escritura. Aqui, o Concílio afirma que todas as coisas que se encontram na Sagrada Escritura, reveladas aos homens foram escritas por inspiração do Espírito Santo. Com isso, a santa Mão Igreja considera tanto o Antigo, quanto o Novo Testamento, como sagrados, porque têm Deus por autor. Ele escolheu homens capacitados e por meio deles revelou por escrito tudo o que Ele quisesse.

Deus, na Sagrada Escritura, falou com o auxílio dos homens. O intérprete da Sagrada Escritura deve analisar cuidadosamente o que os hagiógrafos quiseram realmente falar, e o que Deus quis manifestar por meio de suas palavras. Por isso, para descobrir a intenção dos hagiógrafos, deve-se considerar entre outras coisas, os “gêneros literários”. Assim, cabe aos exegetas por meio de análise, cuidadosamente elaborar, entender e expor o sentido das Escrituras, porém, tudo o que é dito a respeito da interpretação da Escritura deverá ser submetido ao juízo último da Igreja, à qual é incumbido o trabalho de guardar e interpretar a Palavra de Deus.

O quarto capítulo tem como tema, o antigo testamento. Ele mostra que Deus preparando a salvação de todo gênero humano, escolheu um povo a quem confiasse suas promessas, assim, estabeleceu aliança com Abraão e com todo o povo de Israel por meio de Moisés, revelando-se ao povo escolhido, como único Deus verdadeiro. Dessa forma, a história da salvação narrada pelos autores sagrados, contida nos livros do Antigo Testamento, é verdadeiramente Palavra de Deus. Em conclusão, o Antigo Testamento destina-se a preparar o advento de Jesus. Deus inspirador e autor do Antigo e do Novo Testamento quis sabiamente que o Novo Testamento estivesse escondido no Antigo, e este, se tornasse claro no Novo Testamento.

O quinto capítulo fala do Novo Testamento. Afirma que nele, a Palavra de Deus apresenta a sua virtude. O Verbo se fez carne e habitou entre nós. Dessa forma, Cristo estabeleceu o Reino de Deus na Terra, levando até o fim a sua missão com a morte, ressurreição e gloriosa ascensão e finalmente, com a missão do Espírito Santo, para que despertasse em todos os povos a fé em Jesus Cristo, pregassem o Evangelho e congregassem a Igreja. Os Evangelhos são as principais testemunhas da vida e doutrina de Jesus, com isso, a Igreja sempre defendeu e defende a origem apostólica dos quatro Evangelhos. Além disso, o cânon do Novo Testamento, ainda as Epístolas de São Paulo e outros apostólicos, redigidos por inspiração do Espírito Santo, confirmam tudo quanto diz respeito a Jesus.

No sexto e último capítulo, é abordado o tema sobre a Sagrada Escritura na vida da Igreja. Procura mostrar que a Igreja sempre venerou a Sagrada Escritura, como fez igualmente com o próprio corpo do Senhor, não deixando jamais de se alimentar do pão da vida. A Sagrada Escritura continua a nos dar imutavelmente a Palavra do próprio Deus. Torna-se necessário que a pregação eclesiástica e a mesma religião cristã seja alimentada e dirigida pela Sagrada Escritura.

É preciso que todos os fiéis tenham acesso à Sagrada Escritura. Dessa forma, a Palavra de Deus estará ao alcance de todos. A Igreja sempre esforçou e tem se esforçado por conseguir a mais profunda inteligência da Sagrada Escritura, para poder transmiti-la a seus filhos. Porém, é preciso que os exegetas católicos a estudem e a expliquem, de modo que um maior número de ministros da Palavra, possa transmiti-la ao povo de Deus o alimento que surge dela.

Destarte, torna-se necessário que todos os católicos, sacerdotes, diáconos, catequistas, em suma, todos os comprometidos com a evangelização procurem sempre estar em contato profundo com a Escritura, mediante estudos apurados e constante leitura sagrada, para que não se tornem pregadores vãos da Palavra. Assim, o Sagrado Concílio pede com insistência que todos os fiéis aprendam a “iminente ciência de Jesus Cristo”. Dessa forma, é de encargo dos sagrados pastores, o ensino dos fiéis que lhe forem confiados, o correto uso da sagrada Escritura, de modo especial, o Novo Testamento, sobretudo no ensino dos Evangelhos.

Marcos Paulo Rodrigues
Enviado por Marcos Paulo Rodrigues em 19/11/2009
Código do texto: T1931942
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