REFLEXÕES ACERCA DO LIVRO A ÚLTIMA GRANDE LIÇÃO - Mitch Albom
 
Mitch Albom reencontra seu velho professor nos últimos meses de sua vida. Daí então passaram a se encontrar sempre às terças-feiras até a sua morte - foram quatorze encontros ao todo.
 
Há uma passagem curiosa na história quando Morrie promove o seu "funeral ao vivo". Essa idéia nasceu após ele ter voltado do funeral de um amigo. Pensou que seria uma pena o amigo não ter ouvido todas as homenagens.
 
Então, de forma inusitada, tudo o que sentimos e nunca dizemos às pessoas que amamos, foi dito por Morrie naquele dia.
 
Nesses encontros, sempre na casa de Morrie, o mestre ensinava-lhe o sentido da vida.
 
Devíamos adquirir o hábito de parar de vez em quando, olhar a nossa vida e perguntar: será que estou fazendo tudo para ser uma pessoa melhor? Estou tecendo a minha felicidade? Enxergamos com toda a clareza o que realmente importa?
 
Morrie ensina que devemos fazer como os budistas: "No começo de cada dia ter um passarinho pousado no ombro que pergunta: "É hoje que vou morrer? Estou preparado? Estou fazendo tudo que preciso fazer? Estou sendo a pessoa que quero ser?"
 
Mostra-nos a importância do desapego. Seguindo o ensinamento budista, não devemos nos prender a nada porque tudo é transitório.
  
Permita-se viver intensamente todas as suas emoções, sem medo. Permita-se amar, sorrir, sofrer, chorar, sentir dor. Não ignore nenhuma emoção. Afogue-se nelas. Depois diga: "muito bem, experimentei essa emoção. Eu reconheço. Agora preciso me desapegar dela por um momento".
 
Quantas vezes castramos nossos sentimentos. Vivemos paralisados pelo medo da opinião alheia ou das conseqüências. Perdemos grandes oportunidades, momentos que se eternizaram apenas pelo medo de viver intensamente.
 
Portanto, não adie suas emoções. Amanhã poderá ser muito tarde. Evite ter que lamentar-se depois. O sentimento mais destrutivo é o do arrependimento tardio. É uma chaga no coração.
 
Morrie sofria de um mal chamado ELA que vai paralisando aos poucos o doente. A pessoa fica presa no corpo, inerte. Ele tinha acessos violentos de tosse. Então falou da importância do desapego também na hora derradeira. Ele disse: "Se eu morrer em meio a um ataque de tosse como esse, preciso estar em condições de me desapegar do horror, preciso poder dizer: este é o meu momento. Não quero sair do mundo em estado de pânico. Quero saber o que está se passando, aceitar, recolher-me a um lugar tranqüilo e deixar acontecer".
 
Há uma abordagem lúcida sobre a velhice no momento em que Morrie fala do crescimento que vem com a experiência. E, com a compreensão da morte, tão distante dos jovens e cada vez mais próxima das pessoas mais velhas, há a percepção de que se pode viver melhor, aproveitar melhor a vida exatamente porque a morte existe. O oposto da vida nos leva a valorizar o sopro divino.
 
Mergulhemos em nossos valores e observemos que muitas vezes não enxergamos o diamante que temos. Ficamos a desejar o falso brilhante do vizinho.
 
"Colocamos os nossos valores em coisas erradas. Isso nos leva a uma vida de desilusões. Devíamos falar a respeito disso”.
 
"Não se pode substituir amor, ou suavidade, ou ternura, ou companheirismo, por coisas materiais".
 
E falando de vida ele nos leva a meditar sobre a nossa responsabilidade neste mundo. Viver, para Morrie, significa ser responsável pelo outro. Significa tirar a máscara, descer do palco, tirar o salto alto, pisar descalço. Significa se permitir ser humano, ter defeitos, fraquezas, revelar as emoções e sentimentos. Assumir que em meio às alegrias, às vezes somos tomados de tristeza. Sentimos dor e nos sentimos sós de vez em quando. Viver, para esse grande mestre, significa sentir com os outros, ter empatia. Significa ainda não se achar melhor nem pior que ninguém. 
 
Durante os encontros era Morrie quem mais falava enquanto Mitch escutava e fazia anotações. Aprendia com o mestre que estava partindo. 
 
Aproxima-se o momento da grande viagem. Morrie faz um pedido que confunde Mitch, seu aluno: quer que após sua morte vá visitá-lo e, assim como ocorre agora, conte-lhe seus problemas. Mitch diz que Morrie não poderá falar-lhe. Então ele inverte a situação ao dizer: "Vamos combinar assim. Depois que eu morrer, você fala. Eu escuto".
 
Percebendo a tristeza do amigo Morrie diz algo emocionante: “A morte é o fim de uma vida, mas não de um relacionamento".
 
Ele recomenda que "preste atenção quando seus entes queridos falarem, como se fosse a última vez que os ouvisse”.
 
Aprendamos com Morrie e prestemos mais atenção naqueles que amamos. Procuremos enxergar também aqueles que não estão tão próximos do nosso coração.
 
Iara Mesquita