A ARTE DE ESCREVER BEM: UM GUIA PARA JORNALISTAS E PROFISSIONAIS DE TEXTO

Por Ulisflávio Evangelista

Qual é a regra? Como iniciar uma matéria? O que escrevo no perfil do Zé Pedro? Respostas para essas perguntas são facilmente encontradas na obra intitulada "A arte de escrever bem: Um guia para jornalistas e profissionais de texto" de autoria das jornalistas Dad Squarisi e Arlete Salvador. O foco do livro chama atenção para a prática jornalística. A realidade cotidiana das redações são vivenciadas e sentidas pelo leitor a cada frase, decifrando aos poucos os mistérios da profissão e a correta aplicação da língua que é tão importante nesse ofício.

De modo a segmentar o assunto, a obra é dividida em quatro fases, sendo:

a) A garimpagem do obvio

b) O texto jornalístico

c) Gêneros jornalísticos

d) Toque final

A primeira fase é responsável por informar ao leitor, questões iniciais, triviais na prática jornalística, por exemplo: apresentar a estrutura da pirâmide invertida, (padrão que oferece a resposta para seis questões básicas – o quê, quem, quando, onde, como e por quê), independente do veículo ou meio de comunicação utilizado, sintetizar as idéias e filtrar as informações recebidas pelas fontes, retirar palavras ou frases desnecessárias do texto, checar cuidadosamente cada informação presente no texto, garantir a grafia correta dos entrevistados e dos setores ou órgãos pesquisados.

Desvendar o mistério do texto jornalístico e garantir a aplicação de algumas regras é objetivo da segunda seção da obra. Para isso, as autoras carregam os leitores de exemplos, comparando com eficácia o sucesso do padrão adotado. Algumas regras são mais usuais e genéricas, como a opção pela voz ativa (que garante mais vigor na frase), a frase mais curta e direta (facilita a compreensão) e a restrição por adjetivos que não validam a informação. Outras regras, porém, são mais exclusivas aos textos jornalísticos, como as frases harmoniosas (lembrando que esses textos serão lidos – off – daí a necessidade de se evitar rimas ou repetição de sons iguais ou semelhantes) e a legibilidade do texto, ou seja, uma maneira do autor “checar” a compreensão do seu texto.

Na terceira parte o assunto é o estilo. Estilo de cada gênero, de cada aplicação, de cada veículo de comunicação, de cada público, etc. Aqui descobrimos que o que antes parecia uma regra geral na verdade não é, existem novas regras, uma nova segmentação necessária para explorar com mais eficiência cada veículo, e para chegar com mais clareza a cada público. Na obra, compreende-se uma distinção entre notícia e reportagem (como algo maior, mais completo) e que, por sua vez, apresenta algumas distinções de formato. Na reportagem factual o fato é descrito em detalhes (padrão lead), já na reportagem especial, além dos detalhes é essencial a utilização de uma carga emotiva e um texto muito mais completo e longo (cuidado para não perder o fio condutor da história). Na seqüência, as autoras apresentam o formato conhecido como “pingue-pongue” (estilo de entrevista caracterizada pelas declarações – revelando o estilo de linguagem do entrevistado) e também o formato perfil, que contam histórias de vida, preferências pessoais e hobbies de personalidades. O texto é construído com base nas várias entrevistas realizadas e também por meio de declarações de outras pessoas, essa última dá um toque especial ao texto.

A última seção encarrega-se de colocar alguns pingos nos “is”, ou, como preferem as autoras, um toque final. Após construir seu texto, definir a mídia e público, ta na hora de checar mais uma vez o texto, cuidando alguns termos penetras (destaque para termos ou expressões estrangeiras, lembre-se de que seu texto deve ser entendível), além de questões de pleonasmo (redundância de palavras), de modismos (...tudo passa, tudo sempre passará...), de plural (as palavras são cheias de manhas, é importante ficar atento) e de gerundismo (vou estar anotando, estar encaminhando...). E por último, mas não menos importante é o caráter industrial da produção noticiosa, ou seja, além de “caprichar” em todas as regras e estruturas, você precisa fazer isso numa velocidade espantosa, e aí, ta preparado(a) para encarar o desafio?